REPETECO
CIRCO DO LICO
Quando não tínhamos muitas opções de entretenimento na cidade, nas décadas de 50 e 60, funcionava em Salto, na Vila Teixeira, (Avenida D. Pedro II, proximidades da Praça XV) um cirquinho mambenbe conhecido como “Circo do Lico”. A atração maior era o próprio proprietário, que fazia o papel de palhaço, fazendo rir o público, formado em sua maior parte por crianças, que compareciam em grande número. Seu companheiro de palco era Zinho Solano, compondo a dupla Zeca (Zinho) e Bicanca (Lico).
O circo surgiu graças ao espírito brincalhão do Lico e Zinho, que trabalhavam juntos na Brasital, como eletricistas, e que “aprontavam” o tempo todo, despertando o riso dos colegas. Em virtude disso, resolveram montar o circo, para se divertir e divertir as demais pessoas também fora do horário de trabalho.
O cirquinho funcionava nos finais de semana, apresentando esquetes e até peças sérias, sendo que neste último caso era requisitado o Carmelo Canovas, que funcionava como “diretor”. Os “artistas” eram pessoas da vizinhança, sem nenhuma experiência, o que tornava as apresentações ainda mais interessantes e às vezes até risíveis.
No período de 1957 até o início da década de 1960, o circo funcionou, paralisando suas atividades por algum tempo e voltando a funcionar em meados dessa mesma década, com o reforço de alguns elementos, dentre eles Mário de Barros, Hélio Rodrigues e outros.
Na primeira fase do circo aconteciam fatos hilariantes. Hélio Rodrigues lembra de um: as arquibancadas eram feitas com armação de madeira, sendo os assentos forrados com taquaras (bambus), onde as pessoas se sentavam. Certa feita, um senhor que assistia a um dos espetáculos, prendeu os testículos entre duas taquaras e urrava de dor.
Naquele dia o “espetáculo” das arquibancadas foi muito mais engraçado que o do palco.
Publicado no livro “Croniquetas” - 2006