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SALTENSES ILUSTRES

Hélio Steffen, um orador que marcou época,

emocionando com os seus discursos


Ele era um orador admirável

Quem teve a felicidade de assistir aos comícios que aconteceram principalmente nas décadas de 1950 e 1960, não pode deixar de reconhecer que Hélio Steffen foi um político que impressionava não só pelas suas qualidades como político, mas principalmente pelas suas qualidades oratórias. Pode ser considerado o maior ou um dos maiores oradores saltenses, com um timbre de voz agradável, convencendo e emocionando aqueles que tinham a oportunidade de ouvir suas manifestações nos comícios ou em eventos dos quais participava.


Descendente de famílias alemãs, Hélio nasceu na Fazenda Cruz Alta, em Indaiatuba, a 7 de setembro de 1923. Filho de Eduardo Steffen e Cristina Clemente, ainda criança veio para Salto, fazendo o curso primário no Grupo Escolar Tancredo do Amaral e o Ginásio em Itu. Formou-se professor pela Escola Normal Regente Feijó, de Itu, em 1950 e advogado, muito mais tarde, em 1960, pela Faculdade de Direito de Niterói. Também foi fiscal de rendas do Estado, prestando concurso em 1951, mas só foi nomeado, tendo assumido na década de 1960.

Ainda jovem, em 1940 foi locutor da PRD-7, rádio de Sorocaba e posteriormente da Rádio Mairinque Veiga, do Rio de Janeiro. Foi ele quem saudou o presidente Getúlio Vargas, quando ele visitou Itu, em 1941. Voltando a Salto, reorganizou o Serviço de Alto Falante de Salto, que funcionava na praça principal e na mesma época atuou no Grêmio Teatral Antonio Vieira Tavares.

Como empresário atuou no ramo da cerâmica vermelha, desde 1957, participando da formação de uma associação de classe e regional desse ramo industrial.


Hélio na galeria dos prefeitos de Salto

Na política - Em sua época havia outros bons oradores, como Joseano Costa Pinto e Mário Dotta, mas Hélio superava a todos eles. Embevecidos ficavam os que assistiam a sua oratória na Câmara e como prefeito, orgulhando-se de Salto contar com orador tão apreciado, inclusive pelas altas autoridades que visitavam Salto na época. Diz-se, inclusive, que numa das visitas de Jânio Quadros à cidade, ele se surpreendeu com o discurso de Hélio, na praça principal da cidade.

Muita gente ia para os comícios que precediam as eleições municipais especialmente para ouvi-lo. Sua voz era privilegiada, que conseguiam injetar emotividade, fazendo até brotar lágrimas nos olhos dos que o ouviam. Embevecidos ficavam também os que assistiam a sua oratória na Câmara e como prefeito, orgulhando-se de Salto contar com orador tão apreciado.


Num comício, após o desentendimento com Chinchino, quando passou para a facção do deputado Lammoglia

Iniciou sua carreira política em 1947, quando foi eleito vereador, mas renunciou por razões pessoais, sendo substituído pelo seu suplente. Voltou a se candidatar em 1951, assumindo novo mandato na Câmara de Salto de 1952 a 1955. Nessa época era a figura de maior destaque da facção comandada por Vicente Scivittaro, o Chinchino, e graças à sua atuação no Legislativo, sempre defendendo o líder político, bem como seus pronunciamentos nos comícios, foi eleito prefeito pelo PTB. Governou a cidade de 1956 até o final de 1959, quando voltou ao Legislativo, cumprindo mais dois mandatos: de 1960 a 1963 e de 1964 a 1969.


Discursando, como vereador, em 1963, na Câmara que ainda funcionava no prédio antigo (em frente ao Fórum)

Logo no primeiro ano como prefeito, rompeu com o “chefe” Chinchino, passando a fazer parte da facção contrária, integrada por Mário Dotta, Archimedes Lammoglia e outros, sob a alegação de interferência no seu trabalho. Mesmo sem o apoio de Chinchino, conseguiu fazer um bom governo, apesar dos poucos recursos financeiros com que contava. Entre outras coisas, conseguiu a construção do prédio próprio do 2º grupo escolar de Salto, na Praça XV de Novembro, denominado “Professor Cláudio Ribeiro da Silva”; trabalhando junto ao Governo do Estado obteve a construção da variante entre a cidade e a Rodovia Marechal Rondon (hoje denominada Rodovia Hilário Ferrari) e o asfaltamento da Estrada Velha Salto-Itu; reformulou o jardim da Praça 16 de Junho (atual Archimedes Lammoglia), iniciando a construção da Concha Acústica e da Praça Cívica, que seriam inauguradas pelo seu sucessor, Vicente Scivittaro; implantou o serviço de esgotos na Vila Teixeira; calçou 10 mil metros quadrados de vias públicas; adquiriu uma grande área no Parque Bela Vista, onde seriam construídas as primeiras casas populares, a Escola Acylino Amaral Gurgel, cuja pedra fundamental foi por ele lançada em sua administração, o Parque-Escola Prof. João B. Dalla Vecchia e o posto de saúde do bairro.

Além de suas atividades políticas, Hélio atuou também como fiscal de rendas estadual, pois foi aprovado em concurso público realizado em 1951. Teve ainda uma atuação como empresário do ramo de cerâmica vermelha, a partir de 1957, participando da formação de uma entidade de classe regional desse ramo industrial.

Casou-se em 1956 com Haydée Leal Nunes, com quem teve 2 filhos: Regina e Hélio Steffen Jr., tendo este participado também da vida política saltense, como vice-prefeito de João Guido Conti, de 1997 a 2000. Faleceu em 26 de dezembro de 1984, com 61 anos de idade.


Foi novamente candidato a prefeito, em 1972, com Nilo Buglia como vice e apoiado por Joseano, mas não se elegeu

Ruim na escrita - Cada pessoa tem suas próprias aptidões: uma consegue fazer trabalhos manuais com perfeição, outra memoriza grande número de fatos e datas, outra ainda se dá bem cuidando de crianças e idosos, enfim as habilidades atingem os mais diversos setores e isso é muito bom. O que seria de nós se existissem apenas especialistas em alguns poucos trabalhos ou tarefas? Hélio se destacou sobremaneira na oratória, sendo considerado, em nossa opinião, o maior orador saltense que vimos atuar. Pelo fato de cobrir para o Taperá as sessões da Câmara, eu sempre tinha a oportunidade de conversar com Hélio e, numa dessas ocasiões, o convidei para publicar alguns artigos de sua lavra no jornal, mas ele afastou de pronto a possibilidade:

- Posso ficar duas horas ou mais falando de improviso, mas não sou capaz de escrever uma só linha.

Insisti, mas acabei lamentando não conseguir que uma mente tão privilegiada como a sua atendesse meu pedido. Ele tinha muitas aptidões na oratória e nenhuma na escrita.

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