top of page

QUEM FOI QUEM

Ettore Liberalesso resgatou o passado e foi

testemunha de muitos fatos em sua longa vida


Ettore teve uma vida intensa até completar 92 anos

Dentre as figuras mais proeminentes de Salto, em toda sua existência, um nome se destaca: Ettore Liberalesso. Juntamente com Luiz Castellari, autor do livro “História de Salto”, ele também resgatou o passado de Salto, sendo autor de obras que tiveram o município como destaque, assim como as pessoas que nele viveram durante os mais de 300 anos de existência.


Ettore e Virgínia: união que durou mais de 70 anos

Ele nasceu em Salto, em 31 de março de 1920, filho de José e Elisa Baldin Liberalesso. Casou-se com Virgínia Soares Liberalesso, natural de Pindamonhangaba, no dia 25 de julho de 1942, com quem teve dois filhos: Anita e Paulo de Tarso (falecido).


Fez os primeiros estudos no Grupo Escolar Tancredo do Amaral, de 1938 a 1931. Já adulto, frequentou a escola particular de contabilidade do professor doutor José Munhoz e completou o curso ginasial supletivo, mas não completou o colegial.

Ainda criança já exercia algumas atividades, como garçom de hotel e aprendiz de alfaiate. Além disso, ocorreu um fato curioso em sua meninice: durante dois anos (de 1933 a 1934), lia jornais durante 4 horas por dia para um cego chamado Jorge de Souza. Aos 14 anos começou a trabalhar, ingressando na Têxtil Assad Abdalla, transferindo-se em 1935 para a Brasital S.A., na Fiação Cascame, mas nessa seção permaneceu pouco tempo, pois passou a trabalhar com contínuo do escritório da indústria e depois responsável pelo Economato, no setor de Pessoal, Departamento de Contabilidade Administrativo (no qual foi correntista, datilógrafo, arquivista e correspondente.

Ao se aposentar em outubro de 1966, da Brasital S.A., faz uso da palavra

Aposentou-se em 31 de outubro de 1966, mas continuou em atividade, dirigindo um escritório de consórcio de veículos. A seguir foi admitido no CRECI, trabalhando como corretor de imóveis. Ao mesmo tempo atuava em associações religiosas, como o Círculo Católico de Salto, Círculo dos Trabalhadores Cristãos, Sociedade São Vicente de Paulo (Conferência São Francisco) e outras. Prestou sua colaboração também à Associação Atlética Saltense e Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal, das quais foi diretor e conselheiro, elaborando os estatutos de ambas as entidades.

Na imprensa

Trabalhando no escritório que montou em sua casa, onde redigia as matérias para os jornais de Salto

Aos 28 anos iniciou sua incursão na imprensa, tornando-se correspondente do jornal paulistano “Diário de S. Paulo”, prestando colaborações também à revista O Cruzeiro. Foi fundador do jornal O Trabalhador, em junho de 1949, juntamente com outros integrantes do Círculo Católico e padre Carra. Juntamente com sua esposa Virgínia, Antonio Andrietta, João B. Camargo, Mário Vicente e outros, manteve durante 40 anos, quando o jornal deixou de pertencer ao Círculo dos Trabalhadores Cristãos, tendo encerrado suas atividades algum tempo depois.

Convidado pelo jornal Taperá, passou a colaborar em 1990, escrevendo semanalmente a coluna “Arquivo”, na qual focalizava acontecimentos ocorridos no passado e no presente, o que fez até 3 de abril de 2010.


Diversas obras

Aos 67 anos de idade lançou seu primeiro livro sobre a história de Salto

Ettore foi autor de diversas obras importantes para a história da cidade. Seu primeiro livro foi lançado em 19 de junho de 1987, quando ele contava 67 anos de idade. Denominava-se “Salto – História, Vida e Tradição” e teve uma segunda edição revista e ampliada, publicada no ano 2001, que ele considerava seu segundo livro.


Autografando um dos seus livros, sobre as “Famílias de Salto”, em 2009

Seu terceiro livro foi “Salto – História de suas Ruas e Praças”, lançado em 16 de junho de 1998; o quarto, “Famílias de Salto”, lançado em 29 de dezembro de 2006, foi patrocinado pela Organização Tonello, do contabilista Pedro Rudine Tonello, escritório que completava 50 anos de existência; um livreto denominado “As Mais de Mil Ruas de Salto” surgiu em 18 de outubro de 2007, podendo-se ser considerado o quinto livro; a segunda edição de “Famílias de Salto”, ampliada, aconteceu em 21 de junho de 2009, também patrocinada pela Organização Tonello, considerada por Ettore o sexto livro; um livro luxuoso, sobre a história de Salto, foi o sétimo, comemorando os 120 anos da empresa Arjo Wiggins (antiga Fábrica de Papel), que foi a patrocinadora da obra. Foi talvez o único livro que Ettore foi remunerado para escrever.


Antes de falecer, Ettore acabou se convencendo a escrever a autobiografia, denominada “Ettore – Autobiografia Mesclada à História”, lançada em 26 de junho de 2012, solenidade à qual ele não pôde comparecer, pois já se encontrava muito doente, tendo sido apresentada uma mensagem em vídeo para os presentes à Sala Giuseppe Verdi, na qual foi representado por sua filha Anita.

Seu falecimento ocorreu cerca de um mês depois, em 31 de julho de 2012, sendo bastante lamentado pelos saltenses, que tinham por Ettore grande consideração e admiravam seu trabalho nas diversas atividades que exerceu, sempre com responsabilidade, respeitabilidade e eficiência.


Nomenclatura e Academia

Outras duas atividades importantes que Ettore exerceu foram na Comissão de Nomenclatura de Vias Públicas de Salto e na Academia Saltense de Letras (ASLe), da qual foi um dos fundadores.

Durante vários anos foi presidente da Comissão de Nomenclatura, encarregada de denominar vias e logradouros públicos de Salto, a qual foi criada por decreto municipal em 5 de julho de 1979 (governo Jesuíno Ruy). A atribuição foi transferida para o Poder Legislativo, em 1988, mas em 8 de setembro de 1990, por portaria do presidente da Câmara, a Comissão foi criada, com poderes para indicar os nomes a serem submetidos à aprovação dos vereadores e sanção e promulgação do prefeito.


Outras atividades

Homenageado pelo prefeito João G. Conti, no projeto “Ser Cidadão”

Ettore tinha uma vida intensa e por isso era convidado a fazer parte de várias promoções, movimentos, etc.

- Ele, por exemplo, foi um dos redatores das revistas do cinquentenário do Guarani Saltense A.C., em 1988 e dos 60 anos da A.A. Saltense, em 1996;

- Foi membro da Comissão de Avaliação Imobiliária destinada à atualização da Planta e da Tabela de Valores de imóveis, em 1992;

- Pertenceu à Comissão para Instalação do Museu da Cidade de Salto (que hoje leva seu nome), trabalhando como consultor do Escritório Júlio Watanabe, encarregado da implantação do Museu, que ocorreu em 13 de dezembro de 1991;

- Participou de várias comissões de concursos literários, culturais e escolares e foi um dos que trabalharam na criação do Projeto “Ser Cidadão”, em 1993.


Homenagens

Recebendo o troféu Destaque do diretor do jornal Taperá

Em vida foi alvo de muitas homenagens, como as prestadas pela Câmara Municipal em inúmeras causas comunitários e pelos serviços prestados na preservação e divulgação da memória saltense (1993).

- O Rotary Club Salto Moutonnée concedeu-lhe o certificado de Honra ao Mérito, em 26/11/1997, pela passagem do Dia do Livro;

- Recebeu da Associação Regional dos Jornalistas Profissionais da região o título de Sócio Benemérito, em abril de 1998;

- Em 15 de dezembro de 2001 foi homenageado no Projeto “Ser Cidadão”, pela Prefeitura de Salto;

Presidente da Câmara, dr. Cláudio Terasaka, entrega-lhe a Medalha Moutonnée

- Foi distinguido com a Medalha Moutonnée de Honra ao Mérito, pela Câmara de Salto, em 21 de abril de 2004;

- Foi personagem de um dos carros alegóricos na festa de aniversário da cidade, em 16 de junho de 2004;

- Apareceu como personagem de um vídeo em sua homenagem, quando completou 90 anos de idade, em 2010, exibido no lançamento de sua autobiografia. Nesse vídeo foram apresentados diversos depoimentos, de autoridades, amigos e admiradores.


Na política

Antes de exercer outras funções na imprensa, na história do município, nas atividades religiosas, esportivas e sociais, Ettore também militou como ativo participante das atividades políticas locais, fazendo parte delas como integrante da Câmara Municipal de Salto. Isso ocorreu na década de 1950, inicialmente como suplente de vereador, tendo assumido de 6 de dezembro de 1954 a 31 de dezembro de 1955. Era inscrito na UDN (União Democrática Nacional) e no ano seguinte reelegeu-se vereador, permanecendo durante mais 4 anos no Legislativo local (de 1º de janeiro de 1956 a 31 de dezembro de 1959).

Como político, mantendo contatos com os deputados Wadhi Helou e Paulo S. Maluf

Permaneceu na UDN até que na Revolução de 31 de Março de 1964 todos os partidos foram extintos, permanecendo apenas dois: Arena (Aliança Renovadora Nacional – partido do governo) e MDB (Movimento Democrático Nacional – partido de oposição). Inscreveu-se na Arena e foi presidente do diretório municipal desse partido em Salto. A Arena teve como sucessor o PDS (Partido Democrático Social), que apresentou seu candidato na primeira eleição presidencial (indireta), realizada em 1985, o ex-governador Paulo Salim Maluf, que disputou com Tancredo Neves.

Para escolher o candidato à Presidência da República os diretórios indicavam dois de seus delegados, que tinham poder de voto. Em Salto os escolhidos foram Ettore e José Maria Servilha. Ambos votaram em Paulo Maluf, pelo fato de ter vindo até Salto a fim de solicitar o apoio de ambos e também porque mantinha na cidade a indústria Eucatex, que dava emprego a muitos trabalhadores. Maluf ficou muito grato a Ettore e Servilha e sempre que vinha até Salto fazia questão de visitá-los.

Posteriormente Ettore se inscreveu num terceiro partido, o PPR (Partido Popular Republicano) em solidariedade a José Edis Volpato, o “Zé Gaúcho”, que não teria recebido o tratamento devido por parte de Paulo Maluf. Permaneceu nesse partido por alguns anos, mas já não tinha ativa atuação política na cidade, pois se dedicava mais a outros afazeres, na imprensa, como historiador e escritor

Fica registrado que Ettore, além de suas muitas atividades, foi também um político atuante, o que muitas pessoas desconhecem.

Posts recentes
bottom of page