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QUEM FOI QUEM

Lourdes Guarda: uma vida marcada pela dor,

a caminho da canonização


Maria de Lourdes Guarda: 49 anos num leito de hospital

49 anos vivendo num leito hospitalar, convivendo com sua dor e com a dor do próximo, pois trabalhava o tempo todo em prol dos deficientes físicos. Essa foi Maria de Lourdes Guarda, uma saltense que poderá vir a ser canonizada, se cumprida todas as etapas para que isso ocorra. A beatificação já ocorreu.


Nascida em Salto aos 22 de novembro de 1926, filha do casal Innocêncio Guarda e Júlia Frones Guarda, ela trabalhou como professora até os 20 anos de idade. Pretendia seguir os passos da sua irmã na Congregação das Filhas de São José e por isso se dedicava às obras da Igreja, época em que sofreu uma grave lesão na coluna.

Após cinco anos e várias cirurgias, percebeu que viveria numa cama para o resto da vida. Sem entrar em desespero, resolveu passar a vida praticando o bem em todas as ações que estivessem ao seu alcance e foi o que fez. Por mais de 49 anos ficou nessa situação, a maior parte dos anos no quarto 259 do Hospital Matarazzo, em São Paulo. Ali ela tinha uma intensa atividade, pois era procurada por pessoas com deficiências que diariamente chegavam de vários pontos do país. Atendia também os muitos telefonemas e sempre que podia fazia o encaminhamento dos solicitantes e quando isso não era possível, não deixava de lhes oferecer algumas palavras de conforto ou até mesmo ajuda material, pois tinha muitos amigos que a ajudavam e sabiam do seu trabalho em prol dos mais necessitados.

Com uma disposição inexplicável para uma pessoa que vivia acamada num quarto de hospital, Maria de Lourdes coordenou por mais de dez anos a Fraternidade Cristã de Defesa de Deficientes. Muitas vezes viajou pelo país, em sua maca, participando de muitos movimentos em favor dos portadores de deficiência, defendendo os que estavam nessa situação e dando-lhes o necessário apoio.

Exumação do corpo de Maria de Lourdes, em setembro de 2011

Faleceu em 5 de maio de 1996, na capital paulista, onde passou a maior parte de sua vida, no Hospital Humberto Primo (Matarazzo) e nos últimos tempos de sua existência num outro hospital, pois o Matarazzo tinha sido fechado. Quando do seu falecimento, já não tinha um rim, o pulmão direito não funcionava, sofria com um tumor na bexiga e com as chagas nas costas, em virtude de sua posição de estar sempre deitada em uma cama. Isso, porém, não fazia com que perdesse a fé em Deus, mantendo até os últimos dias também uma grande energia interior, sempre voltada a ajudar o próximo.

Placa da sepultura de Maria de Lourdes no Cemitério da Saudade

Maria de Lourdes foi sepultada no Cemitério da Saudade, em Salto, mas em setembro de 2011 foi feita a exumação de seus restos mortais, para serem transferidos para a igreja mátria de Nossa Senhora do Monte Serrat, onde se encontram desde esse mês e ano, no altar à esquerda do altar principal, onde foi colocada uma placa com a denominação “Serva de Deus”.


Processo de canonização

Os subscritores do pedido de abertura do processo: Roberto M. Carvalho, Francisco Moschini, Ettore Liberalesso e Pedro R. Tonello, ladeando o bispo diocesano e o mons. Mário Negro

Em 1º de agosto de 2003, quatro cidadãos saltenses e um ituano solicitaram ao bispo diocesano, dom Amaury Castanho, a introdução na Diocese de Jundiaí da Causa-Processo de Beatificação e Canonização da saltense Maria de Lourdes Guarda. Assinaram a petição os saltenses padre Paulo André L. Labrosse, vigário da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat, Francisco Antonio Moschini, Ettore Liberalesso, Pedro Rudine Tonello e o ituano Roberto Machado Carvalho.


Livro, artigo e escola

Capa do livro que relata a vida de Maria de Lourdes Guarda, editado em 2016

A vida de Maria de Lourdes Guarda foi narrada, com muitos detalhes e comentários positivos, no livro “Um quarto com vista para o mundo”, de Margarida Oliva e Guilherme Salgado Rocha. Nessa obra os autores fazem um relato sobre como tudo começou, ainda em Salto, quando era “a garota de Salto”, sua afirmação (“deixei de andar, não de viver”), sua vida num quarto de hospital, sua atuação para salvar o Hospital Humberto Primo (conhecido também como “Hospital Matarazzo”), sua atuação em diversas entidades de apoio aos deficientes físicos, etc.

Esse livro inspirou o jornalista Mauro Chaves a escrever no Estadão o artigo “O hino à força da vida”, publicado em 5 de abril de 2003.

Maria de Lourdes foi também homenageada pela Prefeitura, tendo seu nome dado a uma escola municipal, o Cemus IX, em 14 de fevereiro de 2004.

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