QUEM FOI QUEM
José Lopes, um cantor saltense de destaque
nas décadas de 50 e 60
Salto, em certa época, foi conhecida como “cidade seleiro de astros”, pois contava com destaques no mundo artístico com Anselmo Duarte, Maestro Gaó, Jota Silvestre e José Lopes. Deste último, pouco se tem falado nos últimos anos, mas ele não caiu no esquecimento daqueles que viveram nos anos 50 e 60 do século passado, pois ele fazia grande sucesso nas emissoras de rádio e lançava discos, onde sua bela e potente voz podia ser apreciada. Também trabalhou na televisão e apareceu em alguns filmes, pois além de cantor e compositor, era também ator.
José Lopes nasceu em Indaiatuba em 1923, mas viveu grande parte de sua vida em Salto, sendo considerado um nativo da terra, que ele sempre divulgou quando se referia à cidade de sua procedência. Ele cantava principalmente músicas de cantores famosos, como Francisco Alves, Carlos Galhardo, Vicente Celestino e Orlando Silva, principalmente.
Com 14 anos ele começou a trabalhar na Brasital S.A. e com seu primeiro salário quis comprar um violão, mas seu pai não permitiu, pois a vida na época (1937) era dura. Foi com seu 13º salário que comprou seu violão, que era de segunda mão, e aprendeu a tocar “de ouvido”. Aproximadamente 1 ano depois saiu da Brasital e foi trabalhar numa pedreira, juntamente com seu pai e irmãos, mas sempre onde ia levava seu companheiro, o violão. Soltava sua voz trabalhando na pedreira, enquanto cortava pedras. Na cidade, ele cantava em vários locais, inclusive sobre as pedras na área da cachoeira, atraindo as pessoas que visitavam aquele ponto turístico.
Algum tempo depois conheceu o professor de música, Alcides dos Santos, que o ajudou muito, passando a fazer serenatas na cidade e, como sempre, agradava a todos com sua voz. Era também procurado para cantar em bailes e em outros eventos. O começo foi na Rádio Convenção de Itu, onde se apresentava no auditório da emissora, na Rua Floriano Peixoto. Animado pelo sucesso, se inscreveu num programa da Rádio Cultura de S. Paulo, apresentando-se no de calouros “Peneira Rodine”, no qual apresentou a música “Porta aberta”, de Vicente Celestino, obtendo o primeiro lugar, ganhando uma máquina fotográfica no valor de Cr$ 500,00. Foi contratado pela Cultura, apresentando-se durante 4 meses no programa “Domingo de alegria”. O contrato foi prorrogado por mais 5 meses, recebendo Cr$ 1.500,00 mensais. Como aumentava seu prestígio, despertou o interesse da Rádio Bandeirantes, quando o prefeito João Batista (Tita) Ferrari o convidou para representar Salto num programa dessa emissora, no qual foi apresentado como o “Cantor rouxinol da cidade”. Cantou 3 músicas e agradou a direção da Bandeirantes, que lhe fez uma proposta para se apresentar na emissora, firmando um contrato por 2 anos. Foi procurado 8 meses depois pelo Maestro Gaó (Odmar Amaral Gurgel), que o convidou para atuar na Rádio Nacional e ele aceitou a proposta, pois a Nacional tinha muito mais audiência que a Bandeirantes.
Nessa época começou a gravar seus primeiros discos, como contratado da RCA Victor. Gravou muitos discos em 78 rotações, com 2 músicas, uma de cada lado. Como a Nacional pertencia ao grupo do qual fazia parte a TV Paulista, canal 5, José Lopes passou a atuar também na televisão, o que fez por cerca de 10 anos. Quando terminou seu contrato com o canal 5, passou a trabalhar com Silvio Santos, na propaganda do “Baú da Felicidade”, cantando durante 6 anos por todo o Brasil. Nesse período gravou discos também na RGE e na Chantecler, inclusive alguns LPs, com 12 músicas (6 cada lado do disco).
Além de cantor, atuava também como compositor, sendo suas músicas gravadas por diversos cantores e principalmente por duplas sertanejas. Era também ator, tendo participado de alguns filmes, dentre eles “Uma certa Lucrécia” (com Dercy Gonçalves), “Canta Brasil”, “Porão das condenadas” e outros.
Quando saiu de Salto, no início da década de 1950, passou a residir em São Paulo. Nos últimos anos de sua existência viveu no bairro da Lapa, mas sempre mantinha contatos com gente de Salto, mesmo porque deixou aqui alguns dos seus familiares e de sua esposa, Ana Querido Lopes, com quem teve 3 filhos.
Faleceu em 22 de abril de 1998, aos 75 anos, quando já estava aposentado, deixando muitas gravações e a lembrança de uma época em que ele representava muito bem a cidade de Salto.
Fotos das capas de discos: