QUEM FOI QUEM
Idovar Stahl Filho, uma vida dedicada à arte e à cultura
Uma das figuras mais expressivas da arte e cultura saltense foi Idovar Stahl Filho. Durante toda sua curta existência (faleceu aos 35 anos), destacou-se em várias atividades: foi professor, pesquisador, decorador, maquiador, artista plástico, músico, dançarino, desportista, estilista, coreógrafo e diretor teatral, dentre outras coisas.
Nasceu em Indaiatuba, aos 13 de janeiro de 1952, vindo para Salto em tenra idade. Filho de Idovar Stahl e Nair Ramos Stahl, frequentou o Externato (atual Escola) Sagrada Família, “Tancredo do Amaral” (1958/62) e o “Paula Santos” (1963/66 – ginasial e 1967/68 – científico). Cursou Matemática na PUC (licenciatura, de 1970 a 73) e Arquitetura e Urbanismo na mesma Universidade (de 1974 a 79), tendo abandonado os estudos para se dedicar à vida artística. Chegou a dominar diversas línguas, como o Inglês, Espanhol e Alemão, tendo ainda se especializado em Técnica Didática, na Alemanha.
Professor, lecionou Matemática, Física e Desenho, em Salto, Itu e Sorocaba, assim como Expressão Corporal e Teatro em diversas faculdades. Como desportista, destacou-se no vôlei, integrando a Seleção Saltense, tendo sido nomeado técnico da equipe feminina de Salto em 1967.
Iniciou sua vida artística em 1961, prolongando seus estudos de acordeon por 7 anos, enquanto, a partir de 1965, cursava Desenho Artístico e Cerâmica em Campinas, além de frequentar diversos outros cursos, como o de Orientação sobre Folclore, Relações Públicas, Relações Humanas, Treinamento de Liderança, Dinâmica de Grupo, Psicologia do Adolescente, Lógica Matemática, Composição Coreográfica, Postura e Técnica na Passarela, Expressão Corporal, Formação Teatral, Recursos Visuais, Dança Moderna, Ballet Clássico e Moderno, além de outros que lhe proporcionaram enriquecimento artístico e pedagógico em qualquer sentido e nível.
Idovar exerceu um sem número de atividades diversificadas, o que o coloca acima da média geral nesse setor, tendo sido, sem dúvida, um exponencial elemento que movimentou por muitos anos o mundo das artes em Salto principalmente, mas também em várias outras cidades para as quais era requisitado com frequência, em virtude das suas raras qualidades e disposição inigualável.
Seus primeiros trabalhos em desenho aconteceram em 1962, quando venceu um Concurso de Cartazes Infantis, promovido pelo Governo do Estado e publicado em revistas e jornais da capital e interior. Participou, em seguida, de várias exposições de pintura em Salões de Arte. Foi o responsável pelo 1º Salão de Folclore de Salto, em 1968, ano em que começou a organizar os festejos de aniversário da cidade, com montagem de painéis decorativos.
Venceu o Concurso de Arte Estudantil de Itu, em 1969 e no ano seguinte participou do Salão de Arte Contemporânea, promovido pela Prefeitura de Campinas. Logo a seguir criou o 1º Grupo de Teatro Estudantil de Salto, além de começar a fazer parte da comissão que, atualmente, com o apoio da Secretaria da Agricultura do Estado, promove a exposição de âmbito nacional de orquídeas.
Em 1970 criou um Grupo de Ginástica Ritmica, que se apresentava nos desfiles cívicos de Salto e cidades vizinhas, recebendo o prêmio de “Melhor Instrutor de Fanfarras” e voto de louvor de diversas câmaras, pelo seu trabalho nesse campo.
Com promoção de clubes de serviços de Salto e região, promoveu diversos movimentos e campanhas, como a “Campanha do Agasalho”, “Campanha do Livro”, II Festival Saltense de Música Popular, concurso “Agulha de Ouro”, “Baile das Rosas”, show “Evolução da Dança”, “Baile da Nostalgia” e Show da Ilustração. Também organizou o II e III Festivais de Corais de Salto, nos anos de 1973 e 74, respectivamente, recebendo o prêmio “Destaque” da Associação de Corais de São Paulo.
Em 1974 iniciou um trabalho ligado ao Departamento de Turismo da Prefeitura de Salto, com uma pesquisa histórica da cidade para a possível edição de um livro, além de participar de um plano que previa a criação de um Museu, sendo, por isso, nomeado adjunto do Assessor de Turismo. Com isso, responsabilizou-se por todas as promoções e eventos nessa área.
Na época esteve na Europa por 3 vezes, visitando a Alemanha, Itália, Suíça e Áustria, tendo oportunidade de visitar a Feira Internacional da Moda, em Milão, atualizando-se bastante no assunto. Na volta, preparou as candidatas de Salto para os concursos Miss Região, Miss Imprensa e Miss São Paulo.
Em 1975, além de criar no Conservatório Municipal Henrique Castellari o Curso de Ballet Clássico e Expressão Cultural “Isadora Duncan”, distinguiu-se no cargo de Supervisor Coreográfico. Ainda em 1975, promoveu, na Escola Paula Santos, um show apresentado no Clube dos Trabalhadores, envolvendo música, dança, texto, poesia, folclore e crenças do nordeste.
Teve atuação destacada também na organização de desfiles carnavalescos, dentre eles o dos “Inseridos no Contexto”. Os temas por ele criados fizeram sucesso, como “Carmen Miranda”, “Os Grandes Sucessos do Cinema”, “O Mundo Encantado de Walt Disney” e outros. Para isso desenhou mais de 100 alegorias e fantasias, além de responsabilizar-se pelas coreografias apresentadas com requinte. O sucesso fez com que fosse chamado a organizar o desfile, alegorias e figurinos, em 1978, do Grupo “Fantástico” de Itu, quando desenvolveu o tema focalizando Monteiro Lobato.
Fora de Salto – Os últimos 10 anos de sua vida transcorreram na capital e nas grandes cidades do Estado, para onde sua vida artística, com chama fulgurante, levou seu espírito sempre ávido de novidades. Participou de cursos com renomados professores e atuou em academias de Eliana Fiorno, de Ballet de Lina Pentado e seu Corpo de Baile, do Grupo Isadora Duncan, da cadeira de Dança da PUCC, do Ballet Stagium, Ballet Vila Lobos, Ballet Lyons Independência, Ballet Clássico de S. Paulo, Ballet Linhares, Márcia Lago Ballet e De Câmara Ballet.
Montou, em 1984, para o Teatro Municipal de São Paulo, o espetáculo “A cada passo uma saudade”, sobre a vida de Halina Biernaka, registrado em clipe pela TV Cultura. Dois anos depois considerou-se realizado como diretor teatral, com “Buar... que mulheres!”, quando fez a direção, coreografia, os figurinos e complementos.
Homenagens – Após seu falecimento, ocorrido em 1987, foi alvo de diversas homenagens, dentre elas da Escola “Paula Santos e da Prefeitura de Salto, que o homenageou no Projeto Ser Cidadão, em dezembro de 1996, num evento realizado no Teatro Municipal Giuseppe Verdi. Nesse dia foi seguido um roteiro de Célia Maria M. de Barros, com a participação da Academia Blow Up, Coral da Cidade de Salto, José Tatangelo, manequins e bailarinos da ex-equipe de Idovar.
Também foi dado seu nome a uma das ruas da cidade, no Jardim Santa Rita, em Salto.