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QUEM FOI QUEM

José Roncoletta (“Lubra”) era “o pintor do colorido que seduz”

“Lubra” nasceu em Salto em 1909

José Roncoletta, conhecido por “Lubra”, formava, com Flávio Pretti, a dupla dos mais conhecidos e talentosos pintores saltenses. Ele era conhecido como “Pintor do Colorido que Seduz”, porque sentia verdadeiramente o que pintava, tendo brilhado em importantes exposições no país e no exterior. Além disso, era conhecido como verdadeiro mestre da pintura, revelando inúmeros alunos. Seu estilo era classificado pelos entendidos na arte como “sóbrio e preciso, sabendo transmitir à tela, como poucos, toda a delicadeza da sua inspiração”.


O pintor entre suas irmãs Maximina e Osdélia e avó Doralice

José Roncoletta nasceu em Salto aos 29 de setembro de 1909. Era filho de Luiz Roncoletta e de Brasília Segabinazzi Roncoletta, cujas primeiras sílabas dos nomes adotou para compor seu nome artístico: “Lu” de Luiz e “bra” de Brasília.

Começou a desenhar com cerca de 5 anos, rabiscando paredes com carvão, reproduzindo a figura de pequenos animais, como cães e gatos. Com 7 anos ingressou no Grupo Escolar Tancredo do Amaral, no qual foi aluno do professor Paula Santos; com 9 anos aprendeu a tocar violino com o maestro Zequinha Marques; com 12 anos foi para São Paulo estudar como aluno interno no Liceu Sagrado Coração de Jesus, frequentando as primeiras aulas de desenho e pintura, nas quais demonstrou o dom que possuía para esse tipo de atividade, recebendo orientação para que procurasse um bom professor.

Alguns dos seus primeiros trabalhos

Seus pais o encaminharam, então, em 1925, ao pintor Demétrio L. Brackman, de Itu, considerado um grande mestre italiano. Como não havia outro tipo de condução, ia a cavalo até a vizinha cidade, diariamente, para assistir as aulas. Saía de casa às 5 da manhã e às 7 chegava em Itu. Em virtude dessa dificuldade, a partir do ano seguinte passou a morar na casa do seu professor, que residia numa chácara onde funcionou, por muitos anos, a Fundição Gazzola. Seu mestre faleceu em 1927, mas quando ainda vivia, ao se afastar por motivo de saúde, “Lubra” o substituiu no Grupo Escolar Cesário Motta, de Itu. A experiência levou-o de volta a São Paulo, onde, com apenas 17 anos, lecionava pintura e desenho. Também vendia seus quadros numa pequena sala que alugou na capital.


Casamento e sucesso

A partir de 1928, com apenas 19 anos de idade, começou a expor em São Paulo e, numa dessas ocasiões, quando expunha seus quadros na Galeria da Casa Alemã, conheceu Emilio Novelli, que o convidou para trabalhar em sua oficina de pintura. Foi quando conheceu Lydia, filha de Emílio, com quem se casou em 1936, aos 27 anos. Com ela viveu alguns anos, até que se separou e passou a viver com “Sina” (Francelina).

Obteve grande êxito em sua carreira, em 1938, quando expôs seus quadros na Galeria Itá, da Rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo, e em outros locais.


20 anos em Santos

“Lubra” mudou-se para Santos, em 1944, abrindo uma galeria permanente e lecionando pintura na Rua Oswaldo Cockrane, mudando-se posteriormente para locais mais amplos, terminando por instalar-se na Rua Rangel Pestana, 84, num prédio que mais tarde adquiriu. Na cidade praiana participou de várias exposições e se entrosou tão bem com os artistas plásticos da cidade que em 1949 ajudou a fundar a Associação Santista de Belas Artes (ASBA), que dirigiu no ano seguinte e da qual recebeu um dos títulos que possui, de “Cidadão Benemérito”.

“Lubra” era constantemente visto nos arredores de Santos, acompanhado de alunos, pintando ao ar livre. Sobre ele escreveu Américo Ítalo Naso, num jornal santista “É incontestável que esse artista conseguiu atingir aqui o nível mais alto de sua carreira. Quando de sua exposição em São Paulo, recebeu as mais elogiosas referências do poeta e crítico Menotti Del Picchia”.


Volta para S. Paulo

Já com a saúde abalada, causada pela intoxicação provocada pelas tintas, “Lubra” voltou para São Paulo em 1963, abrindo com dois amigos (Wolf e Flózzi) uma escola de pintura na Rua Vergueiro, 114. Continuou pintando e expondo, mas insidiosa doença levou-o à morte, aos 61 anos de idade, em 25 de janeiro de 1973, na capital.


Lembranças de Salto

Três dos seus quadros, expostos na residência do sobrinho Ronei Ferrari e esposa Lélia

Sempre que possível “Lubra” vinha para Salto para visitar seus pais, principalmente nas festas de final de ano. Aliás, ele ministrou aulas a dois saltenses que também se destacaram na pintura: Flávio Pretti e Lydia Dotta Lobo.

Às vezes passava longas temporadas na terra natal, quando estava adoentado, recebendo os cuidados de uma de suas irmãs, Osdélia, numa das propriedades da família, onde descansava e procurava se recuperar.

“Lubra” (1º à esq.) participando com outros saltenses famosos de um programa da TV Excelsior

Embora nunca lhe tivessem programado as homenagens que merecia em sua Salto, foi lembrado após sua morte, sendo dado seu nome a uma das ruas da Vila Ideal. Foi lembrado também quando a cidade participou do programa “Minha Cidade é um Sucesso”, da TV Excelsior, como uma das figuras de maior realce de Salto, participando juntamente com Flávio Pretti, Archimedes Lammoglia, maestro Américo Mencarelli e outros.

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