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REPETECO

Escola Anita e professor Dalla Vecchia


O ensino em Salto nas décadas de 1950/60 era diferente dos dias atuais. O menino terminava o curso primário e tinha 3 chances em 10 de conseguir um emprego razoável; 5 em 10 de alcançar uma boa colocação na indústria ou no comércio, se concluísse o ginásio e 9 em 10 se terminasse a Escola Anita Garibaldi. Esta oferecia um curso complementar, um elo entre os antigos primário e ginasial. Diversas matérias que os alunos dessa escola aprendiam na época, só iriam rever na 3ª ou 4ª série do ginásio. A diferença é que na Escola Anita a gente aprendia, porque o único professor que ela possuía e que ministrava todas as matérias, inclusive a ginástica, não estava ali para brincadeiras. Era exigente tanto nas aulas de geografia, como nas de caligrafia, desenho e português, além das outras. Realmente se aprendia e se saía com uma letra que deixava todo mundo babando de inveja.

Não se pode falar em Escola Anita sem se lembrar da figura do professor João Baptista Dalla Vecchia, um homem simpático fora da escola, mas rigoroso na sala de aula ou no pátio onde ministrava as aulas de ginástica. Os alunos, que vestiam um uniforme de brim caqui, fornecido pela Brasital, tinham que fazer os exercícios físicos todos os dias, antes ou no intervalo das aulas e aí de quem não levava a coisa a sério: levava um safanão para deixar de ser besta (levei um logo na primeira aula de ginástica e aprendi).

O sábado era o mais aguardado. Não havia aula, mas os alunos eram levados logo pela manhã ao Estádio da Saltense, marchando (caramba, como se marchava!). Lá fazíamos os exercícios, no meio do gramado, assistidos por adultos e crianças, estas que ficavam com uma vontade louca de ir estudar na Escola Anita quando crescessem. Depois havia a corrida para um dos lados do campo e, para encerrar, um jogo de futebol entre equipes previamente escaladas.

Mas a Escola Anita não era só isso: havia também os passeios para a Fazenda da Brasital (onde também se fazia ginástica e... se marchava) no mês de junho; as exposições dos cadernos dos alunos, no fim do ano; as festas de formatura, com a participação de diretores da Brasital e o comparecimento a todos desfiles e solenidades que se realizavam na cidade (marchando também).

Todos tinham orgulho de serem alunos da Escola Anita, que um dia acabou, como acabou a Brasital, o professor Dalla Vecchia, o uniforme caqui de brim, os passeios, os desfiles, coisas que encheram nossa infância e nos trazem tanta saudade hoje...

(Do livro “Crônicas da Cidade” – 2010)

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