QUEM FOI QUEM
Ernesto Perazzo, um exemplo de cidadão, fez muito por Salto
Existem pessoas que passam pela vida de forma quase anônima. Estudam, trabalham, formam suas famílias, se aposentam e um dia partem deixando saudades nos amigos e parentes, depois de terem cumprido sua missão na Terra. Outros marcam sua existência, executando vários trabalhos, não só para si próprio e para os familiares, mas também para toda uma coletividade. Foi o caso do cidadão Ernesto Perazzo, que em seus 80 anos de existência fez muito pela cidade onde viveu a maior parte de sua vida.
Ele nasceu em Xarqueada, município de Piracicaba, em 14 de janeiro de 1921, filho de Anacleto Perazzo e Rosa Azini Perazzo. Veio para Salto em 1933, aos 12 anos de idade, depois de cursar o primário e até a 4ª série ginasial em Piracicaba. Estudou por correspondência no Instituto Universal Brasileiro, recebendo o certificado de conclusão do Curso de Desenho Mecânico e, quando anos após ter vindo para Salto, estudou Inglês com a professora Maria José Perugini.
Trabalho
Ainda adolescente, trabalhou durante 2 anos na Indústria Têxtil Brasileira, em Salto, após o que se transferiu para a Brasital, atuando durante 6 anos na Oficina Mecânica e Fundição, como auxiliar de escritório, sob as ordens de Dante Milioni. Assumiu depois a chefia da Carpintaria, Caixotaria e Serraria da mesma indústria, sucedendo a Antonio Boarini. Após algum tempo passou a trabalhar no escritório de engenharia (Manutenção Geral) das fábricas da Brasital em Salto e São Roque, sob a chefia do engenheiro Giuseppe Bianchi, ao qual substituiu por ocasião da ida do italiano para seu país.
Ernesto foi transferido para a Fábrica de Papel, que ainda pertencia à Brasital, quando a indústria de tecidos foi vendida, tendo trabalhado nesse novo local até 24 de abril de 1976. No entanto, os novos proprietários da fábrica de tecidos (Osny e Feldon) queriam que ele assumisse a gerência de manutenção, o que fez com que ele voltasse para o antigo cargo. Na época ele aceitou a proposta de aposentar-se e entrar para as novas funções como funcionário novo, para instalar e fazer funcionar todo o maquinário recém-adquirido, tarefa na qual ele dedicou 2 anos do seu trabalho.
Deixou a Brasital quando ela já pertencia à Santista, em 1986, após 50 anos de atividades na empresa. Na ocasião foi homenageado pelos seus patrões e colegas de trabalho.
Importantes atividades
Ernesto era o tipo de pessoa que não pensava apenas em si, mas também em seus semelhantes. Deu mostras disso ainda em 1954, quando se tornou um dos sócios proprietários da Farmácia Socorro Mútuo, que tinha sido inaugurada. Ele deveria receber um “pro labore”, na prática fictício, uma vez que, como os demais associados na mesma condição, devolvia o valor recebido, que entrava no caixa como donativo.
Assumiu um trabalho importante na 2ª fase da construção da Matriz de São Benedito, auxiliando em muito o construtor João Scarano, principalmente quanto ao frontispício e a torre. Também coordenou, alguns anos depois, a construção do Centro Comunitário junto àquela igreja, quando a comissão construtora era presidida por Sérgio Fabbri. Também se responsabilizou pela construção da Casa Paroquial daquela matriz, auxiliando o presidente da comissão, Mário Vicente.
Também contribuiu em muito para a construção da Capela de São Roque, no Jardim das Nações, obra levada a efeito sob o comando do padre Geraldo da Cruz.
Foi um grande colaborador da Assistência Vicentin Frederico Ozanam, tendo construído no local que era conhecido como Abrigo de Velhos, um anexo para o refeitório, cozinha e casa para os zeladores. Também supervisionou, em terrenos pertencentes à entidade, a construção do Salão de Eventos São Vicente, ao lado da igreja, com capacidade para abrigar 400 pessoas, dotado de cozinha industrial.
Notabilizou-se como membro da Sociedade São Vicente de Paulo, exercendo a função de diretor de obras na construção do Lar Frederico Ozanam, com capacidade para 30 apartamentos, além das demais dependências necessárias para abrigar 60 idosos, o qual veio a substituir o antigo Abrigo. Nessa mesma sociedade, exerceu a função na diretoria como Cooperador, por bom número de anos.
Foi um ativo membro do Lions Clube de Salto, ocupando diversos cargos, dentre eles o de tesoureiro. Nos anos de 1971/72, ocupou a presidência desse clube, do qual fez parte até o encerramento de suas atividades, na década de 1990.
Homenagens
Ainda em vida Ernesto foi alvo de diversas homenagens pelo muito que fez em prol do município. Em 19 de dezembro de 1989 ele recebeu, numa sessão solene da Câmara Municipal de Salto, o título de Cidadão Saltense. Em março de 2001 Ernesto foi agraciado com o troféu Destaque Taperá, em reconhecimento à sua atuação em várias entidades locais. Como estava enfermo, foi representado pelo seu sobrinho Gabriel Carola. Quando da inauguração do novo Lar Frederico Ozanam, em abril de 2001, ele também recebeu homenagem pelo seu trabalho na construção do prédio.
Após seu falecimento, foi homenageado pela Sociedade São Vicente de Paulo, que em 30 de setembro de 2001, na Festa de São Vicente, inaugurou o Centro de Voluntariado Ernesto Perazzo, com cerimonial e descerramento da placa comemorativa, nas dependências do Lar Frederico Ozanam.
A Comissão de Nomenclatura de Vias e Logradouros Públicos também o homenageou, dando seu nome a uma das ruas do Residencial Fabbri.
Família
Ernesto era casado com Nair Zampieri Perazzo, tendo deixado três filhas (Maria Inês, Ana Maria e Maria Cristina), além de netos.