REPETECO
O contador de histórias inacreditáveis
Para muitos ele foi um contador de histórias inacreditáveis, mirabolantes até. Para outros seu nome era sinônimo de mentira, de coisa impossível de acontecer. Seja como for, Totó Minhoca se tornou um dos personagens mais interessantes que viveu em Salto a partir da década de 1940, até seu falecimento, 30 ou 40 anos depois. Ele era um cidadão pacato, que dava um duro danado trabalhando como motorista de caminhão, fazendo o transporte para pedreiras. Também era um cidadão útil, pois dava aulas de direção a muitos saltenses que pretendiam tirar a Carteira Nacional de Habilitação.
Como era caçador, suas histórias inverossímeis se referiam quase sempre a essa atividade, assim como ao seu trabalho como motorista. Ele contava que tinha um cão de caça com certas qualidades diferentes dos demais animais desse tipo. O cão, por exemplo, não gostava de café e quando Totó punha numa caneca café com leite, ele tomava apenas o leite, deixando o café no recipiente.
Outras duas histórias que ficaram famosas:
Uma delas ocorreu quando Totó transportava pedras em seu caminhão. Certa feita, ele deveria entregar 4 toneladas em determinada cidade e para lá se dirigiu. Depois de algum tempo viajando, parou num posto e, com seu ajudante, foi tomar um cafezinho. Enquanto bebia, notou que o caminhão levantava e baixava, parecendo movido por uma força estranha. Acabou de tomar o café e chegou devagar perto do caminhão, verificando, surpreso, que uma de suas rodas estava sobre um grande sapo, que, conforme inflava, fazia o veículo pesado levantar e baixar.
O outro caso aconteceu durante uma caçada. Totó e seus companheiros foram até um local longínquo, numa mata fechada e depois de matarem algumas pacas, pararam para descansar sob uma frondosa árvore. Suado, tirou a camisa, o chapéu e o relógio de bolso, colocando este sobre um pequeno galho. Depois de algum tempo ele e seus companheiros resolveram ir embora e, quando chegaram em Salto, Totó percebeu que tinha esquecido seu valioso relógio Omega no local de descanso. Não pôde ir buscá-lo porque era muito longe, mas 20 anos depois ele e alguns companheiros voltaram ao mesmo local e... surpresa! Lá estava seu relógio onde havia deixado e... funcionando, apesar de ser daqueles de “dar corda”.
Explicação dada pelo contador de causos: o pequeno galho ficou com uma das pontas exatamente sobre o pino do Omega e, conforme ia crescendo, ou quando o vento batia, dava corda no relógio, que não parou em todo aquele tempo... Acredite se quiser.