OPINIÃO
Hospital: mais um capítulo
A história do Hospital Municipal começou ainda em meados da década de 1950, quando ele foi inaugurado, em 4 de setembro de 1955, e passou a funcionar. Verba do Governo Federal propiciou a obra, uma importância considerável, que foi usada na compra dos equipamentos, antes mesmo de o prédio ficar pronto. O Hospital foi motivo de disputas políticas, pois a construção era encabeçada pelo prefeito da época, Vicente Scivittaro, o “Chinchino”, cujos métodos na Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Salto, da qual era presidente, não eram aprovados pela oposição. Essa entidade particular dirigia o Hospital e seu presidente era acusado de tomar atitudes sem consultar o Poder Público, após ter deixado o cargo de prefeito. Com isso houve choque de interesses políticos e muitas críticas ao controle financeiro das receitas e despesas. Isso levou o prefeito Joseano Costa Pinto, em março de 1967, a expropriar aquela casa de saúde, através de decreto, passando o Hospital a fazer parte do patrimônio municipal, cabendo à Prefeitura enfrentar os gastos com a manutenção, o que ocorre até hoje. No segundo governo de Jesuíno Ruy (1977 a 1982), foi construído o novo prédio do Hospital Municipal, no Jardim Celani, numa área ainda tomada pelo mato, de acesso muito difícil, o que proporcionou novas críticas. A obra não terminou até o final do mandato de Jesuíno, que promoveu uma visitação pública antes de deixar a Prefeitura. Seu sucessor, Pilzio Nunciatto Di Lelli, concluiu as obras, mas mesmo antes da inauguração aconteceu uma reforma(!). O Hospital começou a funcionar, desde antes de sua inauguração, o que aconteceu em 14 de dezembro de 1986, quando foi instalado o Departamento Fisioterápico, passando o atendimento dos pacientes a acontecer 2 dias depois. A transferência dos demais setores foi feita nos meses seguintes e a inauguração oficial aconteceu em 28 de junho de 1987, ocorrendo diversas crises depois disso. A primeira delas foi quando a Prefeitura contratou um Escritório de Planejamento e Assessoria à Saúde - EPAS e teve de romper o contrato em virtude da pressão feita pelos médicos. As críticas da população e dos vereadores eram muitas, mas nos 30 anos seguintes aconteceram melhorias diversas, empresas que se sucederam na gestão da casa de saúde, reformas, ampliações, etc. A atual empresa que responde pela gestão do Hospital é a Sociedade Beneficente São Camilo, de renome estadual e até nacional, mas segundo se noticiou na semana passada, ela pretende se afastar, pois teria que se responsabilizar pelos problemas estruturais do prédio com 30 anos de existência, o que proporcionaria enormes gastos. Vários setores desse prédio apresentam rachaduras, além de uma deterioração causada pela falta de manutenção constante. Com isso, a Prefeitura ver-se-á numa situação difícil, a ocorrer a partir de julho do próximo ano, quando termina o contrato com a São Camilo. Ela terá que se responsabilizar pelas obras de recuperação do prédio, ou encontrar uma empresa que assuma o compromisso, o que não será fácil. Por isso, o futuro reserva dias de muitas dificuldades, não só para o Poder Público, mas também para toda a população, que necessita de um atendimento de qualidade e num local adequado permanentemente e não apenas em determinadas épocas, como tem acontecido.