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REPETECO

Anos dourados


Parece dezembro, dos anos dourados, dizem Chico e Jobim numa de suas músicas de maior sucesso. Estamos em dezembro, mas os anos já não são tão dourados como aqueles das décadas de 60 e 70, quando a juventude era embalada pelas músicas de Ray Connif, The Beatles, Os Incríveis, Três do Rio, Super Som TA e até pela Sambrasil do Chiquito. Influenciada pelo pessoal da Jovem Guarda (Roberto Carlos era uma brasa, mora), pela Tropicalha do Gil, Caetano & Cia. e pelas músicas de protestos do Geraldo Vandré e Chico Buarque. Não se dispensava, evidentemente, uma valsa de Strauss, nas ocasiões mais solenes, como nos bailes de formatura, por exemplo, ou de debutantes, estes últimos mais raros hoje nos clubes locais.

Agora o termo debutante está fora de moda, pois muitas mocinhas antecipam sua estreia nos bailes e baladas para pouco depois dos 10 e aos 15 anos algumas já estão tendo que se casar às pressas. Nos anos dourados era diferente: impedidas pelo Juizado de Menores de frequentar os bailes noturnos, principalmente os de carnaval, elas ansiavam pela estreia na primeira noite. Seus pais, então, as inscreviam nos Bailes de Debutantes, promovidos pelos clubes, já antevendo que teriam consideráveis gastos com vestidos, joias, sapatos, adereços, etc., sem contar as despesas com os “padrinhos”, que podiam ser os próprios pais, tios, irmãos, etc., estes vestidos à caráter (terno preto, gravata simples ou borboleta, etc).

Participavam de bailes desse tipo, no Clube Ideal, garotas das melhores e mais tradicionais famílias saltenses (cujos pais tinham bala$ na agulha). Com seus vestidos longos e brancos, penteados armados, sapatos de salto alto, botões de rosa nas mãos e um sorriso de satisfação nos lábios, elas eram apresentadas à sociedade. Não podia faltar a valsa especial, registradas por Nenê Carola do Taperá e por outros fotógrafos. Nenê aproveitava para citar que “as garotas estavam todas muito lindas, estampando nos rostos sorrisos de felicidade”, na edição de sábado na qual elas apareciam na capa da então Revista Taperá, devidamente patrocinadas.

Na fotografia estamos felizes, prossegue a música de Tom e Chico, citando ainda um amor que não deu certo naqueles insanos dezembros.

Talvez insanos, mas tão saudosos...

(Do livro Crônicas da Cidade – resumido)

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