REPETECO
Bafômetro na Câmara
Em setembro de 1981 o então vereador Alcides Victorino de Almeida (“Cidão”) apresentou uma sugestão ao presidente do Legislativo na época (Fernando de Noronha) para que exigisse que se formasse uma fila para ingressar na Câmara. Se fosse atendido, para entrar nas dependências do prédio haveria a necessidade de pegar uma fila. Não seria fila para conseguir um lugar na plateia, que isso era (e é) bem mais fácil do que assistir a um show do Trio Parada Dura no Maksud Plaza. Nem para pedir autógrafo de vereador, pois as únicas assinaturas que eles faziam era no livro de presença.
Que raio de fila é essa, então? É fila para se submeter ao bafômetro, um engenhoso aparelho inventado para se constatar a quantidade de álcool no sangue das pessoas. Por que essa precaução? É que, segundo o vereador Alcides, na sessão solene em homenagem ao juiz classista Flávio Costa, realizada na Câmara, ocorreram alguns “excessos”, cenas que ele classificou como deprimentes.
A sugestão de Alcides contou logo com o apoio da vereadora Rosi Mari Aparecida Ferrari, que lembrou terem ocorrido fatos idênticos em sessões anteriores, achando mesmo que todos deveriam se submeter ao bafômetro e garantindo que alguns edis seriam barrados se passassem por essa prova. Aliás, Rosi Mari protestara em sessão anterior contra o fato de ter sido preparado quentão na Edilidade, que Alcides classificou como uma ação desprovida de maldade.
Instalar um bafômetro numa Casa de Leis pode até ser uma proposta ofensiva para alguns, mas quem já teve a oportunidade de suportar certos “bafos” por aí, há de convir que é preferível em certas ocasiões não ter olfato do que ser surdo.
(Livro “Boca-de-Siri” – 2005)