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CRONICANDO

  • Foto do escritor: Valter Lenzi
    Valter Lenzi
  • 11 de fev. de 2019
  • 2 min de leitura

O curioso vocabulário do saudosista “Major”


Roberto de Castro é integrante de uma numerosa e tradicional família saltense da raça negra. É impressionante o comportamento de alguns dos seus integrantes, principalmente das do sexo feminino, como tias de Roberto, que eram rígidas (hoje apenas uma vive, com mais de 94 anos) e exigiam correção dos que com elas tratavam, porque elas eram corretas em seus compromissos e em suas atitudes.

Roberto tem mais de 70 anos e é conhecido na cidade como “Major”, apesar de ter sido apenas soldado raso, quando serviu o Exército, na década de 60. Tenho contato quase semanal com ele, pois o “Major” é frequentador assíduo da Sauna da A.A. Saltense. Nos longos papos que batemos, ele se mostra bastante saudosista e com uma memória privilegiada. Lembra, por exemplo, de quase todos os moradores dos 4 quarteirões das casas da Brasital nas décadas de 50 e 60, citando até, sem nenhum esforço, os que residiam num determinado trecho, fazendo com que minhas lembranças sejam postas à prova, pois às vezes pergunta: “lembra-se de fulano, e de ciclano?”. E eu fico queimando meus neurônios, nem sempre respondendo sua pergunta.

Além disso, o “Major” tem um vocabulário próprio bastante interessante, referindo-se às pessoas e aos locais da cidade de uma forma “sui generis”. Por exemplo: quando fala de uma pessoa que está muito doente e sem esperanças de se recuperar, ele diz – “esse está pronto para aparecer no programa do Gasparini”, que na FM-90 anuncia diariamente todos os falecimentos ocorridos na cidade. Quando se refere aos hospitais de Salto, afirma que “fulano foi atendido lá no Geraldo Garcia”, se referindo ao Hospital Municipal. E para o Hospital da Unimed, o tratamento é outro: “fulano foi para o João Caldarelli”. Para os mais jovens o entendimento é difícil, mas não para quem se lembra que no prédio da Unimed já funcionou uma clínica que fazia o tratamento da ciática e era de propriedade de João Caldarelli.

Apreciador de uma boa caninha, “Major” não pede pinga ou cachaça quando vai tomá-la num bar. Refere-se a ela como “Sérgio Reis”, pelo fato desse cantor ter gravado a música que num dos trechos se refere à expressão “pinga ni mim, pinga ni mim”. Ele não exagera nas doses e até lamenta quando algum amigo está abusando da bebida, dizendo que “fulano é um grande consumidor de ‘Sérgio Reis’”.

Suas outras paixões são os cavalos, relacionando-os às romarias a Pirapora e à Festa do Peão de Barretos, assim como as rodas de samba, os almoços e jantares com os amigos, enfim ele sabe viver a vida, esperando viver muito, antes de seguir para sua última morada, no “Décio da Funerária”, referindo-se a um dos cemitérios da cidade.

 
 
 

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