REPETECO
Quando a mistura era sempre ovo no Hospital
Há alguns dias dezenas de saltenses mantêm contatos nada imediatos com um objeto muito parecido com um OVNI (inclusive no nome), depois de fritos. Esse objeto ronda diariamente a região próxima do Jardim Celani, pelo menos duas vezes por dia, quando acontecem os encontros. Por incrível que pareça, esses objetos chegam voando, mas desaparecem como por enquanto depois das primeiras garfadas. Vocês já devem estar imaginando de quem estamos falando: dos “discos voadores”, não aqueles que cruzam os céus e são vistos por pessoas privilegiadas, mas os ovos fritos que, diz sim e outro também, são servidos aos que fazem suas refeições no Hospital Municipal.
Por incrível que pareça, os ovos têm uma propriedade terapêutica incrível nessa casa de saúde: doentes que chegam quase mortos, depois de comerem dois ou três dias arroz, feijão e ovo, no almoço e no jantar, ficam curados como por milagre e querem voltar pra casa o mais rápido possível. Já os funcionários, que não têm como fugir da mistura, tão certa como 2 e 2 são 22, ficam o tempo todo de ovo virado. Essa gente age assim porque não conhece as propriedades vitamínicas e caloríficas dessa célula germinal formada por uma casca de matéria calcária dura, porosa e permeável, que mantém presas a clara e a gema, até o momento em que a cozinheira dá aquela batidinha na borda da frigideira. Aliás, as cozinheiras do Hospital estão tão práticas, que uma delas desenvolveu uma técnica revolucionária: ela frita os ovos sem quebrar a casca (qualquer dia destes a Martha Rossi explica em sua coluna como se faz. Fique de olho).
Porém, a situação dos funcionários do Hospital (dentre eles o Rei Momo Chicão – no desenho) deve melhorar. Segundo soubemos o cardápio vai ser modificado muito brevemente: ao invés de ovo frito, omelete. É bom, no entanto, não contar com o ovo naquele lugar onde a galinha o mantém antes de botá-lo.
(“Boca-de-Siri” – 2005)