REPETECO
Enchente e carnaval de 1983
Em fevereiro de 1983, quando Pilzio Nunciatto Di Lelli tomou posse como novo prefeito, aconteceu uma das maiores enchentes no Tietê já ocorridas na cidade, repetindo a que tinha ocorrido em 1929 e causando muitos prejuízos aos saltenses. Foi inclusive invadida a indústria Picchi, que fabricava botijões de gás e outros produtos. Era a época do carnaval e em sua coluna no jornal Taperá o Boca-de-Siri relacionou os dois acontecimentos em alguns tópicos:
Passada aquela chuvarada, o sujeito foi para a beira do Rio Tietê com sua varinha, ver se pegava alguma coisa. Na volta, encontrou com seu compadre, que lhe perguntou:
- Olá, compadre! Foi pescar no Tietê, é? Pegou muita coisa?
- Mais ou menos, compadre: 2 piquiras, 8 botijões de 5 litros, 3 lambaris e 2 latões de thiner...
Quando soube que Jesuíno Ruy deixou para seu sucessor na Prefeitura, Pilzio Nunciatto Di Lelli, mais de 52 milhões de cruzeiros em caixa, aquele posicionista ferrenho não aguentou:
- Ah, é? 52 milhões de cruzeiros? E quantos milhões de litros d’água?
Dizem que depois da tempestade vem a bonança. Aqui em Salto vem o carnaval...
Música mais cantada nos bailes de carnaval de nossa cidade, neste ano: “As águas vão rolar...”.
O macaquinho, que não conseguiram retirar do mini-zoológico da Ilha dos Amores, vai preferir aquela outra: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira...”.
Depois daquele dilúvio, a gente nem tem mais moral para reclamar quando a Prefeitura corta o fornecimento de água depois do almoço.
O pessoal que passou o tempo todo “fisgando” botijões na ponte sobre o Rio Jundiaí e que ficou conhecido como “Turma do pega-pega”, foi o único que achou uma pena o Rio Tietê encher assim só de 50 em 50 anos. Pra eles, foi muito mais fácil “fisgar” do que fabricar os botijões, na indústria Picchi, onde a maioria trabalha.
O horóscopo do novo prefeito Pilzio N. Di Lelli não devia estar bom logo no primeiro dia de governo. Também ele foi assumir justamente sob o signo de Aquário...
Livro “Boca-de-Siri” - 2005