OPINIÃO
Mais atenção com as escolas estaduais
É necessário que ocorra uma tragédia, como a que aconteceu na semana passada em Suzano, para que desperte nas pessoas problemas idênticos ou correlatos, abordados até agora sem a ênfase que merecem. Referimo-nos às escolas estaduais, iguais à da cidade paulista onde 8 menores foram baleados e mortos por dois jovens mal preparados psicologicamente.
Este jornal já denunciou por diversas vezes a situação de nossas escolas, referindo-se ao estado da maioria dos prédios, à falta de segurança, de professores e funcionários, ao consumo de drogas (dentro e fora dos estabelecimentos), às brigas entre alunos e até entre alunos e professores. Como confiar num ensino dessa natureza, com tantas questões cuja solução nunca ocorre e sequer merecem um tratamento mais adequado dos governos que se sucedem?
Como se sabe, os responsáveis pela escola de Suzano jamais imaginaram que uma ocorrência como a que vitimou 8 alunos poderia acontecer. Por isso não foram tomadas as necessárias medidas de segurança, como se pode notar no vídeo exibido pelas emissoras de TV, que mostra um dos assassinos chegando com seu carro e acessando a escola pelo portão escancarado. Portões abertos também se nota na grande maioria das escolas locais, ou pelo menos vinha se notando, esperando-se que agora a direção delas caia na real, concluindo que impedir o acesso de estranhos ao estabelecimento é medida elementar de segurança.
Não basta fechar os portões, porém, são necessárias outras providências, mas aí barra-se na inércia do Governo do Estado, que não dá as escolas as condições necessárias para que funcionem de forma pelo menos razoável. A falta de funcionários, que poderiam exercer uma maior fiscalização dos alunos, logo na entrada, revistando as mochilas suspeitas, é um problema que tem ocorrido através dos tempos, sem que se esforce para obter uma solução. Idem com relação à falta de professores, que proporcionam aos alunos momentos a mais de ócio. Ações mais concretas no sentido de se evitar desentendimentos entre alunos e principalmente entre alunos e professores, com intervenção imediata e uso das forças de segurança e policiais, também são altamente necessárias. Quanto ao consumo de drogas, o trabalho deve ser ainda mais intenso nas salas de aula, conscientizando os menores dos malefícios que elas causam, além de se pedir apoio de entidades que orientam e alertam os alunos, o que deve ser constante para surtir os efeitos desejados.
Quem sabe agora, com um novo governo estadual, com o fato lamentável e doloroso que aconteceu em Suzano e com a exposição da situação calamitosa das escolas, não só em Salto, mas praticamente em todas as cidades interioranas, possam ser tomadas as devidas providências. Espera-se que o ocorrido no passado, quando medidas foram anunciadas e logo esquecidas, não aconteça mais uma vez, por isso não somente a imprensa, mas também os diretores, professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino devem “botar a boca no trombone” e não aceitar passivamente a situação, por temer represálias. Agindo assim eles estarão contribuindo ainda mais do que já contribuem, para melhorar a Educação no Estado e no País, um desejo de todos nós.