REPETECO
De lombadas e outros bichos
Irritado com o grande número de pedidos para a colocação de lombadas e semáforos na cidade, o vereador Adelino Matiuzzi apresentou duas indicações numa sessão da Câmara Municipal, na década de 1980. A primeira delas pedia ao prefeito para que fossem colocadas lombadas em todas as ruas de Salto, a cada 50 metros; a segunda solicitava a instalação de semáforos em todas as esquinas da cidade.
Segundo o vereador, chegou-se ao absurdo de se pedir a colocação de lombadas numa CALÇADA que circunda a escola do bairro Nossa Senhora do Monte Serrat. Na oportunidade, foi citada a lombada colocada na esquina das ruas Marechal Deodoro e General Glicério e um outro vereador afirmou que “a capacidade de um administrador se mede pela quantidade de lombadas existente em sua cidade”.
Realmente, de lombadas estamos muito bem servidos. Aliás, houve quem já disse que Salto é a cidade das mais bonitas e charmosas do Brasil. Não só temos lombadas em calçadas e esquina, mas dos mais diversos tipos. Existem, por exemplo, as redondinhas, por sinal muito sexys; as achatadas são as mais imprevisíveis: o motorista levanta a frente e acaba raspando a traseira; as bicudas não dão chance e não há veículo que escape de uma cutucada; as sorrateiras são aquelas que a gente percebe quando está “em cima” e então só dá tempo de gritar um p.q.p., ao mesmo tempo em que se levanta a perninha; tem ainda algumas que foram colocadas no avesso. Estas são mais sensíveis e devem merecer um tratamento especial: tem alergia à tinta e por isso estão sempre “na fossa”. Digo, no buraco.
Estávamos esquecendo de um outro tipo de obstáculo, as “tartarugas”, como eram chamadas quando tinham forma arredondada, pois foram preteridas, talvez porque já não estavam cumprindo sua missão com a mesma eficiência de antigamente. Ou então porque já não estavam se dando bem com os “macacos” (paralelepípedos) de nossas ruas...
Livro “10 anos de Humor – Boca-de-Siri” – 2005