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REPETECO

Roda viva


- “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração” (1)

E rodou rapidamente, levando-me para a época dos festivais da Record, da Globo e... de Salto. É, aqui também se fazia festivais e de boa qualidade, como aquele de fevereiro de 1970, organizado por uma comissão, tendo à frente dona Giselda, esposa do juiz de Direito, dr. Clineu de Mello Almada, no tempo em que os juízes participavam da vida social e cultural da cidade.

- “Pois a roda gira, gira, pela avenida, na central da vida...” (2)

A vida em Salto, naquela época era mais pacata. Não havia tantos homicídios, tantos roubos, punham-se cadeiras nas calçadas, como na música “Gente Humilde”, do Chico. As composições participantes daquele primeiro festival, que marcou época, tinham letras inocentes, algumas mostrando coisas da terra, como “Abra a porta, Maria”, que as más línguas diziam que reproduzia um apelo feito pelo Mário Effori a sua esposa Maria, numa noite em que ele chegou tarde em casa; “Muié veiaca”, que falava de uma “muié” que sempre achava um jeito de enganar e sempre queria dinheiro pra gastar.

- “Girem pelo espaço afora, pra mudar agora é uma questão de hora” (2)

No palco do Clube Ideal as músicas iam girando, uma após a outra, fazendo-nos esquecer as horas. Algumas tinham letras rebuscadas, outras eram singelas, como “Modinha”, de autoria de Archimedes Lammoglia.

Muitos giravam naquela roda: Cristina Lobo, Matilde Camargo, Tite Speroni, Salete Cruz, Luiz Carlos, Sérgio Carvalho, Mario Oliveira, Durval Carneiro e tantos outros. O público explodiu em aplausos para Jair de Oliveira, apontado como o melhor intérprete e vibrou com a apresentação de dois garotos, os irmãos Wilson e Salete Camargo, que cantaram como profissionais a então lançada “Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”.

- “Girou no espaço sideral, o pião da vida, na rosa da mão” (2)

É, algum tempo depois ele foi para o espaço sideral: Maneco Paiva, ganhador do festival com “Giro ou circunvolução” (uma espécie de “Roda Viva”, versão caseira), jovem talentoso, que tinha um futuro brilhante pela frente, como compositor e cineasta. Ele foi se juntar aos astros muito cedo, mas passou à nossa história por ganhar o primeiro festival de música popular realizado em Salto.

No giro do tempo, tem dias que a gente se lembra de quem partiu ou morreu...

- “...mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá, á, á, á, á...” (1)


(1) “Roda viva”, de Chico Buarque

(2) “Giro ou cincunvolução”, Manoel (Maneco) Paiva

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