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QUEM FOI QUEM

Dona Francisca venceu no comércio local numa época difícil para as mulheres

Dona Francisco: uma comerciante lutadora

A partir do início do século XX, quando o comércio saltense passou a se desenvolver, eram poucas as mulheres que se aventuravam nessa atividade, dominada pelos homens. Francisca Milioni Dotta foi uma delas e a que obteve maior sucesso em sua época. Filha de imigrantes italianos (família Milioni, que chegou ao Brasil no final do século XIX), nasceu em Monte Mor, em 7 de abril de 1900, tendo sua família se mudado para Salto quando ela tinha apenas 3 anos de idade. Ainda criança, aos 11 anos, começou a trabalhar na Brasital como pregadora de botões e mais tarde, passou a manejar uma máquina italiana, precisando utilizar um banquinho, pois era ainda muito pequena. Na Brasital conheceu aquele que viria a ser seu esposo, Attilio Dotta, contra-mestre da Tecelagem da indústria. Casaram-se em 1921, de cujo matrimônio nasceram três filhos: Mário, Lydia e Antonia.

Ingressou no comércio negociando colchas em sua própria casa e, como notou que tinha jeito para a atividade, abriu uma loja em 1932, na então Rua de Campinas (hoje 9 de Julho), altura do atual número 546, quando seu esposo, por problemas de saúde, teve que se afastar do convívio da família. Com três filhos para criar e tendo que enfrentar as despesas que se avolumavam, foi uma verdadeira heroína, conseguindo manter a loja, empenhando todas suas forças para que as vendas crescessem, criando uma freguesia fiel, que no seu estabelecimento encontravam tudo o que necessitavam.


Francisca Milioni Dotta com seus filhos Lydia, Mário e Antonia

Quando seu esposo faleceu, em

1946, adquiriu de Acácio Mesquita de Moraes uma loja mais ampla, na mesma 9 de Julho, esquina com a Rua Rui Barbosa. Mas não ficou nisso. Posteriormente mudou-se para um prédio próprio que havia construído na Praça Paula Souza e posteriormente para um prédio ainda maior, no segundo quarteirão da 9 de Julho, onde permaneceu até o fechamento, em 1977.

Foram 45 anos de atividades, servindo os saltenses com produtos variados e de boa qualidade para os sexos masculino e feminino, facilitando o pagamento e vendendo fiado para sua grande clientela, inclusive para os que tinham poucos recursos, numa época em que a cidade contava com poucas lojas completas como a sua.

Lutou com dificuldades, mas conseguiu criar e dar estudo para seus filhos, que se destacaram em diversos setores, como o dr. Mário Dotta, casado com Eunice Mazza, primeiro advogado saltense, que se sobressaiu também na política; Lydia, pintura renomada, casada com Alfredo Lobo Jr. e Antonia, professora, casada com Genaro E. Bifano.


Homenagens

Dona Francisca recebeu duas homenagens do Poder Público saltense: em setembro de 1984 recebeu o título de Cidadã Saltense e em dezembro de 2000 foi homenageada pela Prefeitura de Salto, no projeto Ser Cidadão. Seu nome foi também dado a uma das ruas de Salto (Residencial Vila dos Eucaliptos), após seu falecimento, ocorrido em 20 de outubro de 2001.

Dona Francisca, com seu neto Alan, quando recebeu o título de Cidadã Saltense (setembro de 1984) e recebendo o título Ser Cidadã do prefeito João Conti (dezembro de 2000)



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