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REPETECO

Shows no “Salão do Alberico”


Hoje as opções para a distração e lazer são muitas, inclusive nem precisamos sair de casa para assistir a um filme, novela, jogo de futebol e a uma série de outros programas. Na década de 50, no entanto, as pessoas não tinham essa facilidade e as opções para se distrair eram poucas ou quase nenhuma. Se ficassem em casa, o jeito era ligar o rádio e assistir aos programas humorísticos, como o “Balança, mas não cai” ou “PRk-30”; novelas nas quais a gente imaginava a figura do galã, da mocinha e do mau caráter; ou ainda os programas como os comandados por César de Alencar, Paulo Gracindo, César Ladeira e outros, nos quais os cantores se apresentavam e se digladiavam, como Marlene e Emilinha, cada uma pretendendo superar a outra. Era a época da imaginação, pois a gente tinha que imaginar como seriam os personagens de praticamente todos os programas. A não ser que comprássemos as revistas “Radiolândia”, “Revista do Rádio” e outras, nas quais muitos deles apareciam.

Fora de casa pouco havia de interessante para chamar a atenção. Os cinemas tinham boa frequência, assim como os jogos de futebol, as disputas na quadra de vôlei, basquete e futebol de salão na quadra do Regatas; os comícios políticos em época de eleições e pouco mais que isso. Em certa época dos anos 50, no entanto, com o funcionamento de uma emissora de rádio saltense, a Cacique, passamos a ter shows duas ou três vezes por semana no Salão do Alberico, que existia onde hoje há um estacionamento de veículos, em frente ao prédio do Fórum, na Avenida D. Pedro II. De propriedade de Alberico de Oliveira, ali eram apresentados programas de calouros, de cantores, duplas e conjuntos de Salto e região, e até programas humorísticos, com um humorista chamado Zacarias, gordinho, cuja maior graça era repetir a expressão “friage na garage”. Todo mundo ria, à falta de piada melhor.

Alguns programas tinham a participação dos saltenses, como o de calouros, que contava com o lucutor o futuro dentista Antônio (Dide) Maestrello; duplas, como a L. e O., formada pelo carcereiro Leandro Florindo e sua esposa Olga, uma espécie de “Cascatinha e Inhana mandi”; músicos como o violonista e cantor Sérgio de Carvalho e o sanfoneiro Crécio; a sambista Tereza dos Santos, que trabalhou muitos anos na Câmara e a rumbeira Vera Sodocco, ambas apresentando os números “quentes” do programa, agitando a plateia, numa época em que o rock’n’roll ainda engatinhava.

Era uma diversão simplória, mas o Salão do Alberico ficava sempre lotado por pessoas que se satisfaziam com os espetáculos apresentados. Dentre elas estava sempre lá um menininho, que mais de 60 anos depois felizmente ainda pode relembrar essa fase piegas da vida de sua cidade.

(Baseada na crônica “Gente Esquecida” do livro “Crônicas da Cidade” – 2002)

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