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REPETECO


A “Baratinha” invencível

A “Baratinha” invencível


Noite de verão no início da década de 1950. O Estádio Alcides Ferrari, da A.A. Saltense, completamente às escuras, mas lá no meio do gramado, algumas luzes em torno de um pequeno palco, cercado por um público, formado em sua maior parte por garotos, garotas e jovens residentes nas proximidades.

No palco realiza-se um concurso de calouros, coqueluche da época, apresentando-se vários concorrentes na disputa de pequenas importâncias em dinheiro, além de outros prêmios de pequeno valor. Uma garota começa a cantar uma música da Emilinha e desafina, sendo logo desclassificada e vaiada; outra interpreta uma marchinha do carnaval passado “Mamãe eu quero”, mas recebe poucos aplausos, até que a plateia se agita.

Um pretinho simpático sobe ao palco e começa a cantar sob os aplausos e o “já ganhou” dos presentes. Canta um sucesso da época sorrindo, mostrando os dentes alvos, que brilhavam ainda mais na semi-escuridão: “O que é que há com a sua Baratinha / Que não quer funcionar? Ponha esse motor em movimento, filhinha / E vamos passear”. Todos batem palmas freneticamente. O intérprete de “Baratinha” ganha outra vez o prêmio principal, como na semana passada.

Aos poucos o gramado se esvazia e as luzes são apagadas. Nas ruas próximas os assistentes tomam a direção de suas casas, satisfeitos com o espetáculo, enquanto os intérpretes vão embora conformados. Um deles comenta: “Disputar com esse pretinho não dá”...

(Livro “Momentos” – 2003)

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