QUEM FOI QUEM
Januário (Nenê) Carola teve destaque na imprensa e como benemérito
Sua profissão era cabeleireiro, mas no início da década de 1960 passou a ter outras atividades, realizando algumas campanhas em favor de entidades e necessitados, quando necessitou de divulgação e passou a ser colaborador de num jornal da cidade, O Liberal. Inicialmente, a partir de junho de 1961, ele era responsável por uma coluna na qual prestava esclarecimentos sobre sua profissão, denominada “Mais Beleza para os seus Cabelos”. Assinava Carola Cabeleireiro, mesmo nome do seu salão, localizado na Rua Dr. Barros Jr., quase esquina com a 23 de Maio e em frente ao Clube Ideal, onde também era sempre encontrado, principalmente na época em que divulgava as atividades sociais da cidade.
Com as amizades que fez com integrantes de O Liberal, dentre eles seu vizinho Raphael Hyppolito, que era o diretor do jornal, Nenê passou a divulgar suas promoções, bem como a publicações relacionadas à moda e a beleza, principalmente. Juntamente com o jornal, promoveu um concurso de beleza denominado “Rainha de Salto”, que contou com 11 participantes, representando empresas da cidade, como A. Milioni & Cia. Ltda., Foto Hibari, Cestas de Natal Amaral, Bar Internacional; equipes locais, como Guarani Saltense, Canto do Rio, XV de Novembro, Botafogo e as duas corporações musicais da cidade. O objetivo foi conseguir recursos para a manutenção dessas duas bandas, para as quais foi destinada a renda, proveniente da venda dos votos. A eleita foi Marlene Cristina Martins, representando a Gomes-Verdi, com 16.130 votos, cerca de 4 mil votos à frente da 2ª colocada, Marli Tibiriçá.
Naquele mesmo ano de 1961, Nenê Carola promoveu em Salto o concurso “Rainha dos Veranistas de Salto”, que fez parte do concurso promovido pelo Departamento de Turismo de Poços de Caldas, com final num grande baile realizado no Clube Ideal. Nesse dia desfilaram 14 garotas saltenses, tendo sido eleita Rainha Áurea Rodrigues de Almeida, com Leny do Valle em 2º lugar e Marlene Cristina Martins em 3º.
Concursos - As promoções de Nenê não se resumiram a essas duas. Aconteceram diversas outras, destacando-se a realização de concursos de beleza. A partir de 1964, já fazendo parte do jornal Taperá, do qual foi um dos fundadores, Nenê realizou diversos deles, todos com a maior parte da renda destinada a entidades saltenses e ao Colégio (atual Escola Estadual) Paula Santos, com o qual o jornal fazia parceria. O primeiro foi em 1964, quando Elizabeth Navarro foi eleita Rainha dos Estudantes Saltenses, sendo coroada em baile no Clube Ideal, em agosto daquele ano. Em 1966 aconteceu mais um concurso Rainha dos Estudantes, quando a vencedora foi Elizabeth Ruzzante, coroada também num baile do Clube Ideal, no mês de janeiro. Em 1968 no concurso Rainha dos Estudantes, Comércio e Indústria, tivemos um grande baile de coroação, quando Ana Maria Scalet foi vencedora como Rainha dos Estudantes; Maria Cristina Costa a Rainha dos Esportes e Suely Teribelli a Rainha da Indústria.
Nesses concursos Nenê, além de promover a venda de votos, soltava muitos boatos, dizendo que tal candidata tinha “disparado na frente”, que o pai de uma candidata dizia que iria gastar milhares de cruzeiros e outros, que faziam com que as candidatas se esforçassem para vender a maior quantidade possível de votos, pois o objetivo era vencer o concurso.
Chantagem - Nenê certa feita fez até chantagem, mas com bons propósitos. Aconteceu na eleição de Elizabeth Navarro, em 1964. O Clube Ideal estava com a agenda cheia no segundo semestre desse ano e não havia outro local para realizar o baile de coroação. Foi lembrado o salão da Sociedade Italiana, mas a princípio a entidade não queria cedê-lo em hipótese alguma. Nenê, então, marcou um encontro com o presidente da sociedade, Leone Camerra, e pediu-me que o acompanhasse. Um colaborador do Taperá, Genésio Migliori tinha escrito um artigo criticando a Sociedade Italiana e Nenê levou o artigo para mostrá-lo a Camerra: “Se o senhor não ceder o salão, vamos publicar este artigo. Se cedê-lo, a gente o envia para o arquivo”. Camerra até gaguejou, pensou um pouco e acabou cedendo o salão, contribuindo para que fosse obtida uma renda revertida para a compra de uma grande geladeira para o Asilo dos Velhos. Foi chantagem, é verdade, mas por uma boa causa.
Na imprensa – Nenê, juntamente com Edmur Ignácio Sala e eu fazíamos parte de O Liberal, no início de 1964, quando apresentei a ideia de encerrarmos as atividades, pois o jornal estava muito desacreditado na cidade e não vinha cumprindo seus objetivos iniciais. Optamos por fundarmos os três uma revista semanal, dando a ela o nome de uma ave símbolo da cidade, Taperá. Levamos a ideia ao dr. Archimedes Lammoglia, ao qual solicitamos a cessão da gráfica para a impressão do novo órgão de imprensa, obtendo sua aprovação. Nos primeiros tempos da revista, Nenê escrevia sua coluna “Sociedade”, mas seu trabalho principal era conseguir publicidade para a manutenção da publicação, o que ele fazia com uma eficiência incrível. Conseguia inclusive patrocínios para as capas da revista, numa época em que se tinha que mandar confeccionar os clichês das fotos, gerando um custo elevado. Nos 10 primeiros anos em que Taperá circulou, conseguimos levar o projeto avante, graças principalmente ao trabalho executado por Nenê. Ele faleceu em 29 de julho de 1974, depois de ter sofrido um AVC. Mesmo com parte do corpo paralisada, ele não deixava de se dedicar ao Taperá.
Vereador – Nas eleições de 15 de novembro de 1968, Nenê foi candidato a vereador, pela Arena. Obteve 50 votos (havia apenas 8.500 eleitores aptos a votar), alcançando a 13ª colocação. Como havia muita rotatividade, ele chegou a assumir o cargo por um breve período.
Família e Homenagem – Nenê era casado com Inês Perazo Carola, com a qual teve um filho, Afonso, que ocupou o cargo de diretor comercial do Taperá após a morte do seu pai até maio de 2005, durante 31 anos, portanto.
O nome de Nenê foi dado pela Comissão de Nomenclatura, aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito, para uma das ruas que homenageiam ex-vereadores, no Condomínio Zuleika Jabour.