OPINIÕES
A complicada escolha da gestora do Hospital
Bons tempos aqueles em que a Prefeitura podia decidir qual empresa contrataria para cuidar do Hospital Municipal. Hoje isso não é mais possível, em virtude de dispositivos legais, e as exigências para a contratação são bastante rigorosas, assim como a seleção das interessadas em assumir. Antes de contratar empresas, a municipalidade recorria aos recursos pessoais da própria cidade, nomeando médicos ou pessoas de reconhecida capacidade para dirigir a casa de saúde saltense. Isso aconteceu a partir de 1967, quando o Hospital Municipal foi desapropriado, passando de uma Associação Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Salto para a Prefeitura. Esta, então, passou a ter muito trabalho e enormes despesas para a manutenção inicialmente do Hospital da Rua José Revel, onde hoje funciona o Atende Fácil, depois para o novo prédio no Jardim Celani.
Foi no segundo governo do prefeito Pilzio Nunciatto Di Lelli, em 2001, que se pensou em desvincular o Hospital do Poder Público. Foi aventada em julho desse ano a entrega da direção para uma gestão compartilhada, formada pela Prefeitura, Apae e Unesp, mas a Câmara não aprovou a ideia. Em 2002, então, Pilzio contratou a SPDM, que esteve à frente da casa de saúde local até junho de 2005, já no governo de Geraldo Garcia (1º mandato). Esse rompimento aconteceu porque, segundo diretores da SPDM, a Prefeitura não vinha cumprindo o contrato integralmente, existindo uma dívida considerável com a empresa.
Geraldo trouxe para Salto o BOS – Banco de Olhos Sorocaba, que atuou durante 6 anos na cidade, sendo substituída, em 2011 pela Associação São Camilo, que em setembro deixará a gestão. Todas essas três empresas tiveram bons e maus momentos, o que é explicável em se tratando de atendimento à Saúde. A última (São Camilo) poderia continuar, mas o controle geral da empresa decidiu paralisar sua atuação na cidade, alegando que pretende reduzir as unidades pelas quais responde. Deve ter pesado nessa decisão também a necessidade de uma ampla reforma no Hospital de Salto, que a São Camilo não pretendia assumir, pois teria consideráveis despesas.
A Prefeitura passou então, a se movimentar para escolher uma nova gestora, mas isso não poderia ser feito como antigamente, quando ela negociava com interessadas e escolhia a que melhor atendia suas exigências. Agora é necessária uma “chamada pública”, que tem atraído um número considerável de proponentes, 17 segundo se comenta. Um apontamento do Tribunal de Contas do Estado fez com que fosse suspensa essa chamada, tendo sido republicada a de número 5/2019, que está em andamento, sendo o prazo de entrega dos envelopes estabelecido para o dia 5 de setembro próximo. O prefeito Geraldo diz que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir que os atendimentos não sejam prejudicados e garante que “todos os procedimentos de chamamento das Organizações Sociais (O.S.) foram realizados com grande rigor técnico e zelo por parte de todos os órgãos municipais envolvidos e que estas supervisões são para atender detalhes e dúvidas das entidades inscritas no processo de chamamento, dando total transparência a esse procedimento que é complexo e está sendo tratado com toda a seriedade, para evitar quaisquer dúvidas que possam existir”.
Evidentemente, é do interesse do Executivo que a melhor Organização Social venha a vencer o certame e, nós saltenses, somos também os maiores interessados numa boa escolha. Mas que isso ocorra sem os incidentes que até agora têm impedido um desfecho para o caso, pois o tempo urge.
CÁ ENTRE NÓS
Péssimas notícias
Infelizmente a imprensa não pode fechar os olhos para as notícias ruins, que devem ser publicadas não só para informar, mas também para que sirvam de alertas para quem de direito. Na edição do último sábado nada menos que 3 notícias foram manchetes de destaque deste jornal: o aumento da violência na cidade, em comparação com cidades vizinhas, como Itu e Indaiatuba; a ocorrência de mais uma morte causada pelo carrapato-estrela e o grande número de casos de dengue registrados na cidade. Quanto à violência, apesar de contarmos com uma Polícia e Guarda Civil Municipal que procuram agir com eficiência, isso nem sempre acontece, por falta de pessoal e equipamentos; no que se refere a mais uma morte causada pela febre maculosa, isso deve servir para que medidas sejam intensificadas, visando o afastamento da maior transmissora da doença, as capivaras; finalmente, quando aos casos de dengue, isso ocorre porque as pessoas não tomam os devidos cuidados para impedir que os mosquitos continuem a picá-las, só despertando para o problema quando entram para o rol dos que adquirem a doença.
Obras paradas
Existem nada menos que 1.500 obras paralisadas em todo o Estado de São Paulo, segundo levantamento realizado pelo Tribunal de Contas estadual. Em Salto são três: reforma da estação ferroviária, implantação do girador do Trem Republicano e infraestrutura (drenagem pluvial e pavimentação asfáltica) da Rodovia Hilário Ferrari. Duas se referem àquele que é considerado um importante atrativo turístico para a cidade, o Trem Republicano, que deveria percorrer os trilhos entre Salto e Itu a partir de 2016. A ideia era inaugurá-lo em novembro deste ano, no mês em que se comemora a Proclamação da República, mas isso, infelizmente, já está fora de consideração. E pior: não se sabe até quando.
Projeto arquivado
Um projeto que poderia melhorar o funcionamento do Estacionamento Rotativo na cidade (Zona Azul) foi enviado para o arquivo na sessão da Câmara de 3ª feira. Já se esperava por isso, pois ele foi considerado inconstitucional, já que iria reduzir a receita da empresa responsável pelo serviço e da Prefeitura. Seria bom para os motoristas e motociclistas se fosse aprovado, pois estabeleceria um tempo de tolerância para o estacionamento e a meia hora para o estacionamento nas vagas. O Executivo, com uma boa conversa com a empresa, oferecendo a ela alguma compensação, poderia criar a meia hora e um tempo necessário para que o veículo não precise pagar a tarifa se chegar e sair logo em seguida de um local onde a tarifa é cobrada. Independente da decisão da Prefeitura, a empresa poderia se mostrar mais compreensiva e ela própria decidir esperar uns minutos para um veículo deixe um passageiro. Não precisaria ser 10 minutos, pois isso é difícil de controlar, mas pelo menos um tempo razoável e que seja justificável. Isso faria bem para a própria imagem da empresa.
BOCA-DE-SIRI
Dia sim, dia não
Preocupado com o meio ambiente, o presidente Bolsonaro sugeriu que as pessoas comam menos e vão ao banheiro dia sim, dia não. Essa sugestão pode ter algumas consequências, como advertência para os que tiverem dor de barriga; multa para os que não aguentarem e forem 2 vezes ao banheiro num dia e taxados de esquerdistas, por discordarem do “regime”, os que tiverem diarreia.