OPINIÃO
Um rio cada vez mais “morto”
Segundo a SOS Mata Atlântica o Rio Tietê está “morto” em 163 km de toda sua extensão, superando os 122 quilômetros do último levantamento, o que mostra um aumento da mancha poluidora de 41 quilômetros em apenas 1 ano. Ele é atingido pela sujeira representada por dejetos humanos (esgoto), lixo de todos os tipos e metais pesados. A degradação começa no trecho anterior a São Paulo, passa pela capital e área metropolitana, por Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Salto, seguindo para Porto Feliz, Tietê e outras cidades, revivendo pouco antes de chegar a Barra Bonita, embora essa região também comece a sentir os efeitos da poluição.
As cidades a montante e a jusante de Salto não sofrem todos os problemas que nossa cidade enfrenta. A má qualidade das águas e o mau cheiro são comuns nos trechos anterior e posterior a Salto, mas nosso município enfrenta também um problema muito sério: o acúmulo de detritos representados por garrafas pet, isopores, plásticos de vários tipos, etc. Esse despejo causa uma preocupação muito séria para a administração municipal, que é obrigada a recolher todo esse lixo e encaminhar para seu aterro sanitário, pois não há possibilidade de aproveitá-lo como material de reciclagem. O custo disso é alto, mas o necessário repasse financeiro não ocorre.
Há quem defenda uma atitude mais drástica por parte dos nossos governantes para demonstrar nossa insatisfação às autoridades estaduais e federais, como, por exemplo, o despejo de uma boa quantidade do lixo que recebemos, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, de algum outro órgão estadual ou federal, em São Paulo. Isso atrairia uma maior atenção por parte daqueles que vivem dizendo que é preciso fazer alguma coisa para acabar com o problema, porém as devidas providências não proporcionam resultados, porque não bastam os dólares ou os euros de outros países, que já foram aplicados através dos anos, às mancheias, em obras que nada resolveram, pelo menos em nosso caso. A mídia também repercutiria, mas esta já o faz, repetidamente, publicando matérias nos principais jornais da TV e nos principais órgãos de imprensa brasileiros. Isso ocorreu nos últimos dias, mas aos poucos as notícias alarmantes envolvendo o rio vão cair no esquecimento, como sempre acontece.
A poluição do rio tem suas causas principais, conhecidas por todos: em primeiro lugar o despejo de esgoto pelas cidades ribeirinhas em seu leito, bem como a falta de tratamento da maioria delas. A seguir o despejo de materiais, inclusive metais pesados, pelas indústrias que margeiam o Tietê, os objetos jogados no rio pelas populações e outras menos importantes, mas que contribuem para a degradação.
Como citou o engenheiro Ismar Ferrari em sua manifestação nesta semana na Câmara de Salto, um problema muito sério são os túneis de descarga que nos mandam o lodo negro da represa de Pirapora do Bom Jesus, tornando negra e malcheirosa a água que nos chega. Portanto, há várias medidas que precisam ser tomadas, cada uma de enfrentamento aos vários problemas existentes. Isso nos causa desânimo e nos faz prever, infelizmente, que cada vez mais a situação nos leva a termos que chamar o Tietê de “finado rio” num tempo não muito distante.
CÁ ENTRE NÓS
Medidas na SP-75
Sem dúvida alguma a situação na Rodovia SP-75, que liga Sorocaba a Campinas, passando por Itu, Salto e Indaiatuba, precisa melhorar. Uma das medidas será a instalação de radares, que se fazem mesmo necessários, pois muitos motoristas abusam da velocidade, embora o máximo permitido seja 110 km horários para veículos leves. Conforme este jornal publicou sábado, a AB Colinas, consultada por Taperá, alega que “o assunto segue em análise pela Artesp”, enquanto esta diz que 4 novos radares serão instalados em pouco tempo e que outros estão sendo avaliados para entrarem em operação. Espera-se que isso não fique apenas em análises ou estudos, pois há necessidade de medidas imediatas. Outras questões, como o preço absurdo do pedágio entre Salto e Campinas (R$ 13,80 em cada sentido) e a implantação de uma terceira pista são coisas que demandarão um tempo muito maior para serem resolvidas.
Exames em dia
Embora alguns vereadores citem casos de pessoas que necessitam de exames e ainda não foram atendidas, a Prefeitura garante que eles estão em dia. Na última sessão da Câmara, aliás, o vereador Otávio Miralhes afirmou que “eles estão zerados”. Faltam apenas os exames solicitados pelo AME, que não se enquadram com os atendidos pela municipalidade e os de imagens, mas isso também poderá ser resolvido a curto prazo. Não se pode deixar de dizer que a solução para a demora dos exames, que vinha ocorrendo há tempos, ocorreu em virtude de vários vereadores terem destinado parte de suas emendas impositivas à realização dos exames. Antes da criação das emendas impositivas, benefícios como esse não ocorriam.
Limpeza do córrego
No Dia Mundial da Limpeza, comemorado no último domingo, foi realizada uma ação em nossa cidade, graças à iniciativa de voluntários. Aconteceu às margens do Córrego do Ajudante, mas infelizmente não foram muitos os que aderiram e a participação popular foi bastante reduzida. Apenas alguns vereadores e poucas pessoas estiveram presentes, recolhendo uma quantidade de lixo que poderia ser bem maior, se houvesse um apoio mais efetivo. Os organizadores não devem desanimar e continuar com esse nobre objetivo de tornar mais limpo nosso meio ambiente.
Carros abandonados
Um problema dos nossos tempos é o abandono de carros velhos em diversas ruas da cidade. Seus proprietários deixam-nos na via pública porque já não estão em condição de rodar ou porque seu estado é dos mais precários, mas eles se transformam em local onde os viciados consomem drogas e também, por estarem com as janelas abertas ou quebradas, acumulam água em seu piso, podendo se constituir em criadouros do mosquito da dengue. A população e os vereadores pedem a retirada desses veículos das ruas, mas a Prefeitura está impedida de fazê-lo, como respondeu a um vereador o prefeito Geraldo Garcia na semana passada neste jornal. É que os veículos podem estar ainda vinculados aos seus proprietários e por isso há necessidade de uma autorização do Detran (Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo) para que possa ser feito o recolhimento. Isso está sendo tratado, esperando-se que se consiga realizar um convênio para que possa ser feita a retirada.
BOCA-DE-SIRI
Morrendo a prestação
Segundo um estudo realizado e divulgado na semana passada, o Rio Tietê está 163 quilômetros “morto”. É a primeira vez que a gente vê uma coisa morrer a prestação, mas isso tem acontecido com esse rio há pelo menos 50 ou 60 anos. E o número de parcelas deve aumentar nos próximos anos, assim como a “dívida” com o meio ambiente. Os responsáveis por essa conta somos nós, que pagamos pela sujeira e mau cheiro.
O velho e moribundo rio, boiando nas suas águas
O velho moribundo rio, bo