REPETECO
O frango e o testículo esquerdo
No “Jornal da Nardelli” (já extinto) foi publicada outro dia uma história contada pelo Zé Froid sobre seu amigo Cabé. Segundo o relato bem humorado do Zé, especialista em contar piadas, Cabé foi protagonista de alguns fatos engraçados, dentre eles o ocorrido quando sua família possuía um armazém na Rua Dr. Barros Jr., esquina com a Itapiru. Um dia chegou uma senhora que pediu um frango inteiro. Cabé pegou o último que estava no freezer, pesou-o e avisou o resultado à mulher: 1.250 gramas. Ela achou o frango pequeno, pedindo um maior. Como não tinha, Cabé deu uma de esperto: foi até o freezer, fez de conta que pegou outro frango, mas trouxe o mesmo, tomando o cuidado de pressionar levemente a bandeja da balança com os dedos, na hora da pesagem, para que ela mostrasse um peso maior: 2 quilos e 600 gramas. O que ele não esperava era o pedido da mulhar: “Vou levar os dois”, botando o Cabé numa sinuca de bico.
Desde o dia em que essa história foi contada, o Cabé ficou p. da vida com o amigo e resolveu ir à forra, pois sabia de um caso que tinha acontecido com o Zé Froid quando ele era menino e sua mãe (dona Ophelia), era proprietária de um restaurante no início da Rua 9 de Julho, bem em frente ao ex-Clube dos Trabalhadores (atual Biblioteca Municipal).
Num dia o Zé foi ao restaurante e reclamou para sua mãe de dores no testítulo esquerdo. Ela que estava muito atarefada, lhe pediu que fosse ao consultório do dr. Adriano Randi, na Rua Rui Barbosa para ser atendido numa consulta. O Zé, que sempre foi um sujeito folgado, achou que era “muita mão de obra” subir até a Rui Barbosa e, ao passar em frente ao Armazém do Bertinho Ferrari, viu a placa do dr. Mário Dotta e resolveu parar por ali: “Doutor por doutor, o Mário pode resolver meu problema”, pensou.
Entrou no consultório do dr. Mário, cumprimentou o advogado, a quem conhecia de vista, e abriu logo o jogo: “Doutor, estou com dores no meu testítulo esquerdo”. Estranhando a revelação, o dr. Mário prontamente respondeu: “Deve estar havendo algum engano, garoto, pois sou especialista em Direito”. O Zé pediu desculpa e foi embora.
Regressando ao restaurante, ele se dirigiu a dona Ophelia e disse que não dera certo a consulta, pois o seu problema era no testítulo esquerdo e o doutor consultado era especialista em direito. O Walter Nardelli, desconhecendo o doutor com quem ele havia feito a consulta, exclamou com aquele seu vozeirão característico: “Vá ser especialista assim na p.q.p.!”
Nos dias seguintes o problema do Zé foi resolvido por um médico de Campinas, o dr. Zampona, este sim, especialista em testítulos. Tanto esquerdos, como direitos.
(Livro “Vagueando” – 2010)