OPINIÃO
Centenário da Brasital S.A.
Durante 62 anos Salto contou com uma indústria que marcou seu nome não só na atividade em que militava, mas também por contribuir decisivamente para o progresso da cidade, a Brasital S.A. Indústria e Comércio. Ela surgiu em 1º de novembro de 1919, sucedendo a uma empresa italiana, a “Societá per L’Importazione e Exportazione Ítalo-Americana” e existiu com a denominação de Brasital até 1981, quando foi vendida ao Moinho Santista, que funcionou até outubro de 1985 (dividindo a propriedade com a Alpargatas, nos últimos anos), data em que dispensou seus últimos 200 trabalhadores e fechou a fábrica.
A Brasital estaria comemorando neste mês de novembro, se ainda existisse, 100 anos, o que levou o Inevat a elaborar um programa que serve como homenagem a uma indústria para a qual Salto muito deve. Ela contava com duas fábricas no município: uma na Praça Antonio Vieira Tavares, onde hoje está instalado o Ceunsp e a Fábrica de Papel, na saída para Itu, hoje de propriedade da Fedrigoni. Segundo um ex-empregado da Brasital, Antonio Dalla Vecchia, entrevistado no “Jornal do Meio-dia” do Taperá, na última segunda-feira, a indústria chegou a contar com mais de 2.000 empregados, cerca de 1.600 na fábrica de tecidos e 400 na de papel. Fala-se que ela chegou a ter 3.000 trabalhadores, mas não passa de exagero. Aliás, numa edição especial que circulou no Taperá quando a empresa completou 50 anos, em 1966, constou que ela tinha 2.250 empregados, um pouco mais do que o citado pelo ex-funcionário.
A Brasital não está sendo homenageada pelo Inevat e pelos saltenses em geral pelo fato de ter proporcionado empregos a um número considerável de pessoas, pois isso outras empresas também fazem. Está sendo homenageada porque, realmente, foi a “Mãe dos Saltenses”, como foi denominada, pois também ofereceu habitação (4 conjuntos residenciais: os 4 quarteirões da Vila Brasital, as casas do Porto Góes, as da Avenida Vicente Scivittaro, as da Barra e os chalés, embora estes dois últimos tenham surgido nos últimos anos de funcionamento da Societá Ítalo-Americana). Também vendia tecidos, produtos alimentícios em seu armazém, carne em seu açougue, oferecia um curso complementar (Escola Anita Garibaldi), com tudo pago aos alunos (inclusive uniformes), creche para os filhos das funcionárias e outras vantagens, além de sempre pagar religiosamente em dia o salário aos seus colaboradores.
Por tudo isso a Brasital S.A. merece ser lembrada sempre e não apenas neste mês, quando se comemora os seus 100 anos.
CÁ ENTRE NÓS
Lojas Cem
Salto tem a felicidade de contar com uma família integrada por pessoas do mais alto quilate, tanto moral como profissionalmente, que começou com uma oficina de consertos de bicicletas no início da década de 1950 e hoje comanda uma das maiores empresas do ramo de móveis e eletrodomésticos do país. A Cem pode não ser a principal em número de lojas, mas já foi considerada mais de uma vez a melhor e a mais admirada empresa de comércio do Brasil em pesquisas insuspeitas. É tida também, dentre as gigantes como o Magazine Luiza, Casas Bahia e outras, como a mais segura financeiramente, pois não faz loucuras e por isso tem uma posição invejável no cenário comercial brasileiro. Exemplo disso é o fato de praticamente quase todas suas cerca de 300 lojas ocuparem prédios de sua propriedade, construídos especificamente para servirem de filiais. A empresa Lojas Cem não faz apenas sucesso em seu ramo de negócio, ela também está sempre preocupada com a responsabilidade social que todas as grandes empresas devem ter. E seus diretores, particularmente, dão continuadamente exemplos de estar preocupados com a comunidade onde vivem, auxiliando-a de maneira exemplar de várias maneiras. Muitos desses exemplos (a maioria deles, pode-se dizer) não são divulgados porque os diretores não buscam reconhecimento pessoal, desejam apenas destacar sua empresa e os que nela militam. Agora as Lojas Cem estão ampliando suas dependências com mais um grande depósito, a ser inaugurado no próximo ano. Serão centenas de empregos a serem criados, não só na construção, mas também nas atividades no novo espaço, numa demonstração que ela tem confiança no futuro e em sua trajetória, que sempre foi vitoriosa em seus mais de 65 anos.
Devolução
Através dos anos os vereadores saltenses, em sua grande maioria, sempre se preocuparam em levar vantagem financeiramente e às vezes são flagrados pelos órgãos que têm a obrigação de fiscalizar as suas ações. Depois que foi estabelecida a remuneração dos vereadores, em julho de 1975, pelo presidente Ernesto Geisel, eles dão sempre um jeitinho de ganhar mais do que merecem ou do que têm direito. Aconteceu, por exemplo, em 2009, quando o Tribunal de Contas do Estado flagrou os vereadores recebendo indevidamente por participação em sessões extraordinárias convocadas pelo presidente da Câmara. Cabe ao prefeito fazer a convocação, quando houver necessidade, mas os vereadores se acharam no direito de também aumentar sua remuneração com pouco mais de 200 reais para cada sessão extraordinária convocada pelo presidente. Deu zebra: o Tribunal de Contas apontou a irregularidade e determinou que fossem devolvidas as importâncias referentes às citadas sessões, o que dava na época pouco mais de 6 mil reais. Foi feito um parcelamento, mas poucos cumpriram e alguns devem até hoje, embora ainda ocupem cadeiras em nosso Legislativo. Agora surge outra notícia de irregularidade, o que levou o TCE a determinar que os vereadores em atividade em 2016 devolvam cerca de 4 mil reais cada um. Será que um dia os vereadores vão reconhecer que não podem sobrepor a sede financeira às leis vigentes?
Falta de investimento
Salto só não teve uma avaliação melhor na classificação das cidades com boa gestão em virtude da pouca capacidade de investimento, na atual gestão do prefeito Geraldo Garcia. Ficou atrás de Itu e Indaiatuba, mas isso não quer dizer muito, pois no Estado todo colocou-se no 144º lugar (Itu foi o 125º e Indaiatuba – como sempre brilhou: o 6º melhor do Estado). Até Porto Feliz superou Salto, alcançando a surpreendente 52ª colocação. Segundo o que foi explicado, nosso município tem nota máxima em autonomia, está bem avaliado em gastos com pessoal, e em situação de dificuldade no quesito liquidez, mas tem condições de garantir seu funcionamento, mantém rígido controle da despesa com pessoal e boa capacidade de custear as despesas ao longo do tempo. Porém não tem meios para fazer novos investimentos, escorando-se apenas nas emendas ou na destinação de verbas por parte dos parlamentares. Não é uma tragédia, pois muitas obras têm sido tornadas realidade, mas poderia ser melhor.
BOCA-DE-SIRI
Água chega, energia falta
Água e energia elétrica nunca se deram bem. Na semana passada tivemos mais uma prova disso, quando, depois de muitos dias, a água finalmente chegou em forma de chuva. Na mesma ocasião, faltou energia em vários bairros da cidade, que ficaram aguardando seu retorno durante mais de 12 horas. Se perguntarem para aqueles que reclamam da falta d’água e da falta de energia, qual delas gostariam que não mais acontecesse, não irão escolher só uma, pois ambas fazem falta.