CRONICANDO
Também historiador?
Por ocasião do lançamento do meu 14º livro, no último domingo, o professor Antônio Oirmes Ferrari fez questão de praticamente exigir que eu me considere um historiador. Sempre me considerei jornalista, apesar de ter exercido outras profissões na vida, como a de escriturário numa empresa de São Paulo, na Secretaria da Fazenda da capital e no Posto de Fiscalização Estadual de Salto e diretor de contabilidade, tesouraria e pessoal na Câmara local. Na imprensa local não fui apenas jornalista, mas exerci outras funções por necessidade e para auxiliar na manutenção de jornal. Aprendi até a compor na época em se pegava letra por letra para formar os textos e na confecção de matérias diretamente na máquina linotipo; tive meu tempo de jornaleiro, quando, nas noites de sexta-feira, levei jornais para bancas, assim que eram impressos e para entregadores que estavam em meu caminho de volta pra casa, além de outras tarefas. Jornalista em órgãos de imprensa de cidades do interior tem que ser “faz tudo”, por isso não pude deixar de prestar colaboração em diversos setores do jornal. A certa altura da minha vida jornalística, passei a editar livros, a pedido de pessoas que liam minhas crônicas publicadas no jornal e que gostariam de vê-las reunidas numa só edição. Isso ocorreu a partir de 1990, quando foi lançado o “Cidade Divertida e Pitoresca”, mas bem antes, em 1970, eu já havia lançado minha primeira obra, a “História do Esporte Saltense”. Seguiram-se outros 12 livros, chegando ao 14º, com o lançamento de domingo. Desses 14, cinco foram sobre crônicas publicadas no Taperá (“Crônicas da Cidade”, “Momentos”, “Croniquetas”, “Vagueando” e “Cronicando”); uma humorística (“25 Anos do Boca-de-Siri”); uma sobre os “25 Anos da Secretária Eletrônica”; três biografias (“Archimedes Lammoglia”, “Mário Dotta” e “Cabecinha”) e três históricas (“História do Esporte Saltense”, “História da Imprensa Saltense” e “Vida Político-Administrativa de Salto”). Como se vê, além do trabalho jornalístico que executo há mais de 60 anos, no qual faço e relembro histórias, também atuo como historiador em vários dos meus livros. Ao usar da palavra domingo, relembrei que quando Ettore Liberalesso veio até a redação do jornal entregar sua última publicação da coluna “Arquivo” (março de 2010), ele me pediu que fosse seu sucessor, pois não via outro na cidade para exercer essa função. Agradeci, mas, como disse no lançamento do livro domingo, acho que Ettore é insubstituível. Sei que ninguém é insubstituível, porém posso ser um jornalista que gosta de pesquisar, contar como os fatos antigos ocorreram, etc., mas jamais vou me igualar a ele. O professor Ferrari insistiu domingo que eu devo me considerar oficialmente um historiador. Agradeço a deferência do amigo, mas penso que modestamente já exerço essa função, que vem apenas se juntar às muitas que exerci ou que continuo exercendo, na lida diária e constante com as letras.