OPINIÃO
- Valter Lenzi
- 6 de jan. de 2020
- 5 min de leitura
2019 foi bom para os saltenses?
A pergunta do título não se refere aos saltenses como parcela integrante do povo brasileiro, pois teríamos que analisar aspectos gerais da vida econômico-financeira do País, além de outros assuntos ligados à situação nacional. Referimo-nos à vida de moradores de uma cidade com cerca de 130 mil habitantes, que também sofrem os problemas que afligem a todos os brasileiros, mas têm suas particularidades no âmbito local, no que tange ao modo de viver, às suas aspirações e à sua própria vivência. Levando em conta o que aconteceu em nosso município no ano que passou, veremos que nossos problemas, relacionados à Saúde, Educação, Emprego, redução das vendas no comércio, etc. não tiveram muitas alterações. Na Saúde, as consultas e os exames continuam sendo marcados para depois de meses e às vezes até de ano. Resolver a questão de uma vez por todas vai ser difícil, mas reconheça-se que houve uma pequena melhora, graças a algumas providências adotadas pela administração municipal. Essas providências precisam ser ainda mais efetivas para atender as necessidades dos que precisam de um atendimento médico rápido e eficiente. No que se refere à Educação, como já dissemos em comentários anteriores, o problema maior é com a falta de vagas em nossas creches. Mais de 1.000 crianças, muitas das quais as mesmas de anos anteriores, continuam na espera e o Executivo tem conhecimento disso, tanto que é uma de suas prioridades para este 2020. Quando ao desemprego, pode-se considerar que é o problema mais grave existente na cidade, pois atinge um número muito grande de trabalhadores e que cresce a cada dia. O governo municipal não tem conseguido enfrentar essa situação, que infelizmente perdura e não se prevê que ela venha a se modificar radicalmente nos próximos meses. As vendas no comércio local continuam fracas e para isso contribui o fato de muitas pessoas estarem desempregadas, por isso deixaram de fazê-las ou as reduziram. Aliás, um problema é consequência de outro e estão intimamente ligados: menos vendas geram desemprego também na área comercial, e desemprego gera menores vendas no comércio. Em outros setores a vida do município tem sido até melhor que a de muitos dos nossos vizinhos: temos uma administração séria, que procura atender as reivindicações da população, realizando obras que a beneficiam, outras que corrigem situações que exigem reparos, ocorrendo investimentos que contam, a maioria deles, com a colaboração dos próprios investidores, que constroem ou ampliam avenidas, unidades de saúde, pavimentam vias públicas, enfim realizam trabalhos que o governo municipal não tem condições de promover. Isso beneficia também a situação financeira de Salto, que é uma das melhores da região e quiçá do Estado, apresentando superávit neste final de ano, durante o qual servidores municipais, fornecedores, prestadores de serviços terceirizados, etc., foram pagos corretamente e no devido tempo. Aliás, falando em servidores, neste ano o Executivo foi um bom parceiro para eles, pois concedeu reajustes, outras vantagens, até bônus, que deixaram a todos satisfeitos. Em resumo, 2019 não foi o ano dos nossos sonhos, mas não decepcionou totalmente, pois numa avaliação geral pode-se dizer que ele pode ser considerado de regular para bom.
CÁ ENTRE NÓS
RECICLÁVEIS Infelizmente, boa parte da população local não adota os devidos cuidados para separar o lixo orgânico dos recicláveis. Segundo levantamento feito no final do ano passado, caiu cerca de 60% o volume coletado de recicláveis (de 200 para 80 toneladas no ano). Isso prejudica não só aqueles que vivem da renda auferida com a separação dos materiais feita pela Cooperativa de Reciclagem Boa Esperança de Salto, a Corbes, mas também e principalmente o meio ambiente. É só prestar atenção nas pessoas que despejam seu lixo nos contêineres da CSO Ambiental que se verifica que a maior parte dos moradores descartam, além de restos de comida, cascas de frutas, folhas de verduras, etc., caixas de papelão, garrafas pet e de vidro, madeira, isopor e outros produtos que não se classificam como lixo orgânico. Isso deveria ser feito na residência de cada um. É só deixar um saco de lixo ou caixa de papelão para o orgânico e outro para o reciclável, colocando o primeiro nos contêineres diariamente ou a cada dois ou três dias (dependendo do volume) e o lixo reciclável um dia antes da passagem do caminhão que faz a coleta, que varia em cada região ou rua da cidade. Com isso estar-se-ia se contribuindo para a melhora do meio ambiente e beneficiando para os que atuam na Corbes tenham uma renda que lhes permita viver com um ou dois salários mínimos por mês, suficientes para enfrentar as despesas básicas, como alimentação, aluguel e outras. Vamos mudar de atitude e colaborar?
Adolescentes Na maioria dos casos de apreensão de drogas o envolvimento de adolescentes é considerável, como se verificou na semana passada e tem sido comum nos últimos tempos. De viciados em drogas, eles passam a prestar serviço a traficantes ou se tornam um deles, comercializando os entorpecentes em diversas regiões da cidade. Como têm menos de 18 anos, não podem ser presos, seus pais ou responsáveis são chamados e fica por isso mesmo. Esses fatos comprovam a necessidade de se alterar a maioridade penal, reduzindo-a de 18 para 16 anos, no caso de alguns crimes. Existem inclusive projetos de lei, até mesmo aprovados pela Câmara dos Deputados, o que ocorre desde o início da década de 1990, mas a discussão em torno do assunto continua e não se prevê solução a curto prazo. O atual presidente demonstrou ser favorável à mudança, mas depende de maioria nas duas Casas legislativas federais para que ela se torne realidade. Enquanto isso, os menores de 18 anos continuam a ingressar na criminalidade, sabedores de que não sofrerão penalidades severas.
Obras no Estádio As notícias sobre obras no Estádio Municipal foram sempre mentirosas. A primeira, em junho de 1980 era de que a Prefeitura pretendia construir um estádio para 20 mil pessoas (!). O prefeito da época (Jesuíno Ruy, primeiro mandato), viu que tinha exagerado e “baixou a bola”: construiu um bem menor para cerca de 1.500 espectadores (inaugurado em novembro de 1982), mas nos anos que se seguiram tanto ele como os demais que assumiram o comando do município, todo ano prometiam que seriam construídas arquibancadas para 5.000 pessoas. Houve até uma tentativa, com o início da construção de arquibancadas, mas não prosseguiu, até que na atual administração, com verba do deputado federal ......................., finalmente elas foram realizadas e estão sendo concluídas. Não serão 5.000 lugares, como sempre se anunciou e sempre se pretendeu, mas 3.800. Com isso, Salto está impedido de ter uma equipe profissional, pois a Federação exige uma capacidade mínima de 5.000 espectadores. Na entrevista que fizemos com o prefeito Geraldo Garcia, no final do ano, perguntamos-lhe por que a Prefeitura não assume a construção dos lugares faltantes e ele respondeu que o secretário Eliano Apolinário de Paula poderá entrar em contato com algum empresário que financie a obra. Isso pode demorar ou não mesmo acontecer, mas, felizmente, depois de quase 40 anos, a promessa de novas arquibancadas para o Estádio finalmente se tornou realidade.
BOCA-DE-SIRI
Mistério na queda da reciclagem
No ano que passou houve uma queda de 60% no descarte de produtos recicláveis, mas desvendamos o mistério: é que, em virtude da situação difícil por que passa a maioria das famílias, a reciclagem está sendo feita em suas próprias casas. Ou seja: muita gente passou a guardar as latinhas, as garrafas pet e tudo o que pode ser reciclado, para vender e aumentar a renda. Mas pobre é tão azarado que vão acabar inventando uma latinha que se desintegra assim que a bebida que tem dentro é consumida.