QUEM FOI QUEM
João B. Silveira teve importante participação na imprensa saltense
Quando se fala na imprensa saltense, costuma-se destacar pessoas que, com seus escritos, tiveram atuação importante na divulgação dos fatos ocorridos na cidade, assim como nos comentários sobre os mais diversos assuntos. Poucos dão destaque àqueles que levaram as notícias e os comentários até os lares de assinantes e leitores dos jornais locais, num trabalho estafante mas significativo, nas gráficas desses órgãos de imprensa, numa época em que não havia as facilidades que a tecnologia hoje nos proporciona, quando é possível fazer quase tudo no computador. Por exemplo: para montar uma página, era necessário compor o texto letra por letra, colocar os títulos em corpos maiores, assim como os clichês (fotos), espaços, os fios (linhas pretas de separação das matérias), etc.
João Baptista Silveira era um desses heróis do jornalismo saltense, que com uma técnica adquirida junto aos seus antecessores, nos próprios locais de trabalho, conseguia reunir as matérias e os anúncios em páginas impressas que formavam os exemplares. Era uma tarefa difícil, rude, mas João aos poucos foi assimilando-a e, além de compor os textos e montar os anúncios, também passou a imprimir as páginas, em máquinas Minerva, colocando a folha de um lado e retirando-a de outro, já impressa. Fez isso inicialmente em O Liberal, a partir de 1949 até o encerramento das atividades, em fevereiro de 1964. Continuou no Taperá, de abril de 1964 até quando teve condições físicas para trabalhar.
Exercia a profissão de tipógrafo e era conhecido por todos como “João Cavaco”, não se sabe exatamente porque, apelido que aceitava com bom humor, uma de suas características. Ele nasceu em Salto em 27 de janeiro de 1935, um dos 7 filhos do casal Antonia de Páduas Delboux e Plínio de Barros Silveira (os outros eram José Maria, Marianete, Mairisa, Terezinha, Benedito e Luiz Antonio). Plínio era um comerciante muito conhecido na cidade, que depois de atuar na agricultura, montou um armazém na esquina das ruas 23 de Maio e Rui Barbosa. Era proprietário de terras, como a área hoje ocupada pelo Condomínio Monte Belo, na rodovia Hilário Ferrari.
Convivi com João durante muitos anos, tanto em O Liberal como no Taperá e testemunhei suas qualidades profissionais, assim como seu senso de responsabilidade, chegando a se responsabilizar pela edição do jornal quando os que teriam que realizar essa tarefa estavam impedidos por algum motivo. Não escrevia, mas “corria atrás” de colaboradores para fechar as páginas, pois no sábado o jornal teria que ser distribuído aos assinantes e colocados nas bancas para venda.
Mesmo doente, João trabalhou durante um bom período no jornal, só se afastando no final da década de 1970 quando não havia mesmo condições de prosseguir. Mesmo assim dirigia-se diariamente ao prédio da Rua 23 de Maio, para passar aos seus sucessores - dentre eles Sidnei Pacheco, que o substituiu como chefe da oficina - as informações necessárias para que Taperá continuasse circulando. Por isso o jornal e seus diretores têm pra com “João Cavaco” um respeito muito grande e um agradecimento especial pelo muito que fez durante a maior parte de sua vida. Faleceu com apenas 45 anos, em 27 de novembro de 1980.
Família – João era casado com Terezinha de Almeida, com quem teve dois filhos: o advogado Hamilton Renê Silveira e o diretor de Contabilidade da Câmara Municipal, Harrisson Rogê Silveira.