OPINIÃO
Três centenários em 2020
Neste ano serão comemorados três centenários de cidadãos que se destacaram em diversos setores, constituindo-se em figuras ímpares e merecedoras da eterna gratidão do município e da população local. Referimo-nos a Anselmo Duarte, José Francisco Archimedes Lammoglia e Éttore Liberalesso, que nasceram em 1920 e viveram durante mais de 80 anos cada um.
Dos quatro, um deles brilhou não só em nosso país, mas também internacionalmente: Anselmo Duarte, que trabalhou como ator inclusive no exterior, fazendo filmes na Espanha e em Portugal, por exemplo. Ele foi inicialmente ator, constituindo-se no mais famoso galã brasileiro, na época em que a Vera Cruz e a Atlântida realizavam grandes produções, podendo-se citar, dentre as da Vera Cruz, “Tico-tico no fubá”, “Querida Susana”, “Sinhá Moça” e outros. Participou de muitas comédias e das chamadas “chanchadas” da Atlântida, dentre elas “Matar ou correr”, “Nem Sansão, nem Dalila”, etc. Depois tornou-se diretor e seu grande feito foi conquistar a Palma de Ouro, único brasileiro a conseguir o valioso prêmio, com “O Pagador de Promessas”. Filmou também “Quelé de Pajeú”, “Absolutamente certo” e outras películas.
O segundo saltense que completaria 100 anos neste 2020, se estivesse vivo, é Archimedes Lammoglia, com 7 mandatos consecutivos como deputado estadual e que se notabilizou na sua profissão de médico. Era reconhecido como um grande proctologista, tendo criado uma técnica operatória que passou a ser utilizada em outros países, como nos Estados Unidos. Também se notabilizou por nunca ter cobrado consultas ou cirurgias de pessoas de todas as classes, mas principalmente as mais carentes. Começou como faxineiro e se passou a chefiar o setor no qual era especialista, no Hospital Matarazzo, em São Paulo
Por último, Ettore Liberalesso se coloca entre os três saltenses mais famosos, pelo muito que fez em favor de nossa cultura e especialmente como historiador, escrevendo livros abordando a história da cidade e de nossas vias públicas, por exemplo, além de um trabalho efetivo em outros setores, como na criação da Academia Saltense de Letras, da qual foi o primeiro presidente; trabalhos realizados nas igrejas católicas da cidade; elaboração de estatutos de diversas entidades locais, como A.A. Saltense e Clube Ideal, por exemplo, além de outras tarefas meritórias.
Esses três centenários não devem ser simplesmente lembrados num comentário como este, pois merecem muito mais. Cabe ao Poder Público marcar a passagem dos 100 anos desses três ilustres cidadãos conterrâneos promovendo uma homenagem conjunta ou separada. Sabe-se que algumas entidades estão programando reconhecimentos, como a Academia Saltense de Letras que pretende homenagear Ettore neste ano, e a Escola de Samba Mocidade Alegre, que vai homenagear Anselmo no Carnaval. Mas deve partir da Prefeitura, aliada a outras forças citadinas, uma homenagem de alto nível para os três, numa oportunidade que não pode deixar de ser aproveitada.
CÁ ENTRE NÓS
Moradores de rua
Completando o comentário que fizemos nesta coluna, na semana passada, sobre os moradores de rua, trata-se de um grave problema que exigirá do Poder Público providências efetivas, embora difíceis de serem aplicadas, reconheça-se. Comparamos a situação com a vivida na capital paulista e provavelmente em outras capitais do país, no que se refere às cracolândias. Assim como foi feito em Salto, retirando os moradores de alguns locais, como sob a Biblioteca Municipal, na Praça Paula Souza, no coreto na praça fronteiriça à matriz de Monte Serrat e numa outra praça, a existente em frente ao Cemitério da Saudade. De nada adiantaram essas mudanças, os moradores de rua sempre acham um lugar onde se abrigar, o que é uma coisa lógica, pois escolheram essa forma de vida. A Prefeitura, através da Secretaria da Ação Social, está adotando algumas providências, mas dificilmente resolverá o problema de vez. Infelizmente, entre os moradores de rua existem alguns que têm famílias em Salto, mas não querem voltar a viver com seus parentes; outros vêm de outras cidades, por isso é necessária uma triagem muito bem feita, além de se oferecer opções para que os moradores possam sair da situação em que se encontram. É uma questão de humanidade tomar providências nesse sentido.
Causa das inundações
Salto tem todas as condições para não ter problemas com inundações causadas pelas águas das chuvas. Sua posição geográfica, com a maior parte da cidade localizada na parte alta, não enseja essa possibilidade, mas tem acontecido. Nas áreas planas, como nas margens do Córrego do Ajudante, o ponto mais atingido pelas águas, o fato ocorre principalmente por culpa de uma grande parcela de moradores dessa região, verdadeiros “sujismundos”, que jogam todo tipo de lixo nas vias públicas próximas ao curso d’água, entupindo bueiros e outras saídas de água. Isso ocorre também em outros pontos, o que exige um trabalho de conscientização por parte do Poder Público e por outras entidades interessadas no bem estar dos cidadãos. Se isso não acontecer, uma boa parcela da população continuará sendo vítima das inundações quando o volume das chuvas for considerável.
Afastamento do prefeito
O prefeito Geraldo Garcia disse não estar preocupado com a manifestação do procurador do Tribunal de Justiça para que seja condenado e afastado do cargo, em virtude da ação que investiga a compra de tijolos sem licitação em seu segundo mandato à frente do município (2009 a 2012). Não está preocupado, mas deveria, pois quando um processo tramita na Justiça o réu tem 50% de chances de ganhar e 50% de perder. Já vimos casos de pessoas confiantes de que conseguiriam sucesso no julgamento de ações nas quais eram rés e acabaram sendo condenadas. Esse processo referente à compra de tijolos não é o único que pesa contra Geraldo. Dentre os outros, tem um também perigoso (pra ele, evidentemente), aquele relacionado à rejeição de suas contas pela maioria dos vereadores, na votação do parecer contrário apresentado pelo Tribunal de Contas do Estado. Ele conseguiu uma liminar que ainda persiste, mas liminar é algo que pode durar anos, mas também meses e até mesmo dias. Geraldo está confiante que conseguirá provar que não lhe foi dado o direito de defesa e também que contratou um escritório de advocacia por “notória especialidade”, mas o risco que corre é grande. Evidentemente, o saltense que não tem interesse político por esta ou aquela facção, espera que um afastamento do seu chefe do Executivo não venha a ocorrer, pois criaria muitos problemas, principalmente porque estamos muito próximos de um novo pleito eleitoral, mas isso não é levado em conta por quem julga. O que se espera é que seja feita justiça e que os possíveis efeitos favoráveis ou principalmente os contrários, não venham a prejudicar os interesses do município.
BOCA-DE-SIRI
Escapando da execução
Desde antes das eleições de 2016, quando se falava no possível impedimento da candidatura de Geraldo Garcia, o carrasco está doido para fazer baixar a lâmina da guilhotina, cortando a cabeça do prefeito. Este não se abate e promete resistir estoicamente, como tem feito até hoje. Nessas horas é preciso mesmo ter calma e fazer o possível para não perder a cabeça. Sem a ajuda da guilhotina, evidentemente.