QUEM FOI QUEM
João M. de Mello (Quenca), grande jogador de futebol e excelente cidadão
No campo de futebol tinha uma conduta corretíssima, mas jogava duro quando necessário e não permitia firulas dos adversários, merecendo por isso sempre a confiança dos técnicos, pois também era eficiente na marcação e nos passes, além de exercer uma importante liderança. Em sua vida pessoal era também um verdadeiro gentleman, tratando a todos com respeito, atenção e educação. Por isso era admirado até pelos que torciam para os clubes adversários. Prova disso é que nos Jogos Regionais de 1991, sediados por Salto, recebeu as homenagens de um notório bugrino, o então prefeito Eugênio Coltro. Poucos o conheciam pelo seu nome de batismo: João Martins de Mello. Era chamado de Quenca, apelido que surgiu não se sabe como.
Nasceu em Rio das Pedras, aos 10 de novembro de 1916, tendo vindo muito jovem para Salto, trabalhando durante 35 anos na Brasital S.A., na qual foi sempre um cumpridor fiel de suas obrigações, merecendo por isso a consideração e admiração dos diretores da empresa, dos seus chefes e dos companheiros de trabalho, que lamentaram sua saída, ocorrida quando da aposentadoria.
Não há muito o que falar de Quenca como cidadão, a não ser reconhecer que ele foi sempre um cumpridor de suas obrigações, um homem dedicado à família, com muitos amigos que admiravam seu modo de proceder. Como jogador de futebol, porém, ele tem muitas histórias. Começou ainda bem jovem, atuando pelo Ypiranga Futebol Clube, um dos três clubes que se uniram para fundar a Associação Atlética Saltense (os outros eram o Corinthians Saltense e o São Paulo Futebol Clube). Durante toda sua carreira defendeu apenas a Saltense, pois seu amor pelo clube era muito grande e em campo se dedicava integralmente, contribuindo em muito para a obtenção de vitórias e títulos.
Começou atuando como meia-esquerda, fazendo parte de diversas equipes memoráveis, dentre elas a de 1937, quando a Saltense foi campeã amadora do Interior, vencendo na final o XV de Piracicaba; vice-campeã em 1940, perdendo para o São Bento de Sorocaba na final e vice-campeã também em 1943, no jogo final contra o Guarani de Campinas. Disputou o Campeonato Amador do Interior, a partir de 1942, sagrando-se campeão da região no ano seguinte.
A partir de 1950 passou a atuar como centro-médio (como se dizia na época, equivalente ao quarto zagueiro), defendendo a Saltense no Campeonato da 3ª Divisão de Profissionais. De 1958 em diante, já com 42 anos de idade, passou a jogar na equipe amadora da Saltense, disputando o campeonato amador da cidade. Depois de alguns anos foi atuar nos Veteranos Saltenses, despedindo-se dos campos em novembro de 1960, aos 50 anos, quando foi alvo de homenagens por parte dos integrantes desse clube. Atuou como atleta, portando, durante mais de 30 anos, sempre se mostrando um cavalheiro no gramado, respeitando os adversários e os árbitros e demonstrando toda sua categoria, seja no ataque, seja na defensiva.
Em 1970, em meu livro “História do Esporte Saltense”, considerei Quenca um dos três maiores futebolistas de Salto em todos os tempos, juntamente com Amadeu Mosca e Paulim Monari, ambos campeões paulistas pelo São Bento da capital. Exaltei a figura de
Quenca como exemplo de jogador de futebol e também como homem, dizendo, dentre outras coisas que ele poderia ser considerado imortal como atleta: “imortal duplamente: pela longevidade como astro e pela cultura futebolística que lhe dão o direito de ingressar na galeria de autênticos poetas, que realizam a mágina literária de escrever poemas magistrais com a bola de futebol
Homenagens – Em vida Quenca foi alvo de diversas homenagens, várias por iniciativa das diretorias da A.A. Saltense e uma delas pela Câmara Municipal, que lhe entregou o título de Cidadão Saltense em dezembro de 1966, numa sessão em que foram homenageados outros dois importantes “Joões”:
monsenhor João da Silva Couto e professor João B. Dalla Vecchia.
O jornal Taperá também o homenageou em 2003, por seu mérito e tradição, entregando-lhe um troféu na festa dos Destaques daquele ano.
FAMÍLIA – Quenca era casado com Virginia Lui, com quem teve uma filha, Priscila, casada com Décio Zanirato Júnior.
Ele faleceu em 3 de julho de 2006.