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OPINIÕES

A terceira grande enchente


Nos últimos 100 anos Salto sofreu três grandes enchentes: em 1929, em 1983 e a da última segunda-feira. A de 1929 aconteceu quando ainda não tinham sido feitos os melhoramentos na atual Praça Archimedes Lammoglia, como por exemplo a Concha Acústica (transformada em Pavilhão das Artes), na década de 1950 e o prédio que abrigou o Restaurante do Salto e hoje é o Memorial do Tietê, na década de 1960, por exemplo. A atual praça era um terreno ainda não pavimentado, onde acontecia a Festa da Padroeira e onde funcionavam os circos que vinham para a cidade. Existia o Jardim Público e também os dois coretos, um deles na Ilha dos Amores, que foram cercados pelas águas que desciam Tietê abaixo sem as barreiras que existem hoje e que controlam a liberação. Fotos da época mostram que foi mesmo uma enchente de grandes proporções, registrada numa placa existente no interior da indústria Brasital, na época denominada Ítalo-Americana.

A segunda grande enchente aconteceu no dia 1º de janeiro de 1983, quando Pilzio Nunciatto Di Lelli tomava posse como prefeito de Salto. Ela teria superado a de 1929 em cerca de 1 metro de altura, conforme ficou registrado na Usina do Porto Góes e na placa existente na Brasital. Naquele dia as águas chegaram a locais jamais atingidos, inclusive alcançando o Jundiaí, pois ruas localizadas às margens desse outro rio ficaram inundadas, como algumas do Jardim das Nações, sem contar as vias próximas ao Tietê, como a Avenida Vicente Scivittaro, várias ruas do Jardim 3 Marias, final das ruas Rui Barbosa e Joaquim Nabuco.

A enchente desta semana foi considerável, até mesmo suplantando às duas anteriores. Os prejuízos também foram muito maiores, tendo em vista que de 1983 para hoje muitas obras foram realizadas às margens do Tietê, como moradias, estabelecimentos comerciais, pavimentação de vias públicas e até mesmo causando danos ao patrimônio municipal.

Culpa da natureza? Em parte sim, mas também culpa de governantes do Estado, que contribuíram para que um volume de água muito grande chegasse a nossa cidade. Ao mesmo tempo eles foram omissos e também responsáveis por medidas que só vieram prejudicar Salto e diversas outras cidades do interior, como Cabreúva, Itu e Porto Feliz. O engenheiro saltense Ismar Ferrari executou um trabalho que mostra que o Governo do Estado agiu erradamente, aumentando a vazão do rio com a construção de dois túneis de fundo de barragem, no final da década de 1990 e em 2015. Esses túneis quadruplicaram o volume da enchente para o Médio Tietê, no qual Salto se situa. Isso foi feito para proteger a cidade de São Paulo de enchentes maiores, em detrimento às populações ribeirinhas a montante da capital.

Ismar considera que essas obras executadas contrariam o que determina a Constituição do Estado de S. Paulo, que proibia o aumento da poluição do Tietê, defendendo a adoção de medidas na Justiça. Pode até ser um tanto exagerada essa afirmação, mas salta à vista a necessidade das autoridades locais exigirem do Estado providências para evitar que diversos municípios paulistas continuem sendo prejudicados. As autoridades locais têm a obrigação de tomar essas medidas, inclusive apelando à Justiça, pois não se pode aceitar pacificamente que continuemos sendo prejudicados, sem a devida liberação de verbas para pagar os prejuízos.


CÁ ENTRE NÓS


Prejuízos

Até segunda-feira os saltenses assistiam pela televisão o drama de muitas famílias que perderam tudo em virtude do avanço das águas dos rios para suas propriedades. Nesta semana diversas dessas famílias vivenciaram a mesma situação, que trouxe o desespero e a desesperança, pois agora terão que enfrentar, ao mesmo tempo, problemas que conseguiram enfrentar e superar durante toda uma vida. Nessa ocasião devem-se lembrar do sacrifício que fizeram para comprar a primeira geladeira, o primeiro fogão e o primeiro televisor, além de outras peças para suas dependências. Agora terão que repetir e imediatamente os mesmos esforços, embora não tenham condições financeiras para fazê-lo. Por isso deveria haver, por parte do Poder Público, o ressarcimento desses danos causados para as famílias, cuja maioria não conta com os recursos suficientes. Isso, pelo menos, serviria para amainar a dor que muitos hoje estão sentindo.


Convocação de secretários

Alguns vereadores às vezes exageram, solicitando a convocação de secretários do governo municipal por qualquer motivo. No entanto, pode-se citar um caso em que a convocação é plenamente justificável, principalmente porque ela não provoca os efeitos que deveriam ter. Referimo-nos à convocação do secretário da Defesa Social, Redcliff Sierra dos Santos, cuja secretaria cuida, dentre outras coisas, da segurança e do trânsito. Há mais de um ano (!) tem sido solicitada sua presença na Câmara para se manifestar sobre diversos assuntos relativos à sua secretaria, mas sempre surgem desculpas para não atender os pedidos. Por que isso ocorre? Nenhuma desculpa vai justificar essa ausência. A administração municipal, que defende sempre a transparência, deveria ser a primeira a promover a presença do referido secretário no Legislativo, para dar as devidas explicações. A segurança e o trânsito, principalmente, são assuntos relevantes que tem muitos aspectos a serem esclarecidos e isso cabe ao secretário Redcliff. Até quando isso vai acontecer?


SOLIDARIEDADE

- “Salto vivenciou, no final de semana passada dois eventos que ressaltam o poder que o Esporte tem como atividade de lazer, integração social e de diversão. Ambos os eventos também ressaltaram a força da solidariedade dos saltenses. Lojas Cem, Rotary Clube de Salto e outras entidades promoveram a Corrida Solidária. Centenas de atletas de todas as idades, inclusive pais com filhos de colo, participaram da atividade. Todos os presentes doaram alimentos e a campanha da Loja Cem, iniciada em dezembro e concluída domingo passado, arrecadou 50 toneladas de alimentos que chegaram às entidades locais. No Centro Esportivo o evento da Aliança de Misericórdia, arrecadou alimentos para o projeto “Cidade da Misericórdia”, reunindo centenas de pessoas que passaram um dia brincando com carrinhos de rolimã. Crianças, adolescentes, adultos e até idosos se aventuraram na Avenida Eurico Gaspar Dutra com seus carrinhos, promovendo integração, solidariedade, música boa, praça de alimentação, carros antigos e tudo isso sem internet, celular e outros aparatos tecnológicos, o que é muito importante.


BOCA-DE-SIRI


A maior vítima


Em todas as enchentes da cidade a primeira vítima é sempre o casal que se abraça e se beija na Ilha dos Amores. Desta vez a coisa foi feia e eles praticamente ficaram submersos pela água, pois o espaço ocupado pelos amantes foi invadido e parcialmente destruído. É de se lamentar os prejuízos materiais, mas o Amor, sem dúvida alguma, pode ser considerado a maior vítima da enchente.



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