OPINIÃO
Foi mesmo a maior enchente de todos os tempos?
Apesar deste jornal garantir em manchete de primeira página que a enchente do último dia 10 foi a maior da nossa história, teve gente que contestou a nossa versão, apresentando algumas razões para não acreditar no que publicamos. Taperá não se baseia no “ouvi dizer” e vai em busca da verdade sempre, pois considera que tem a obrigação de dar a informação correta ao leitor que nos prestigia com sua preferência.
Quando a dúvida a respeito de qual teria sido a maior enchente surgiu, procuramos saber como poderíamos fazer uma comparação com duas enchentes que tinham sido consideradas até este 2020 como as maiores já ocorridas na cidade. Alguém poderá argumentar: e antes de 1929, tida como a primeira grande enchente, não teria ocorrido uma inundação ainda maior na cidade? Não se tem notícia, pois não existe nenhum registro nos anteriores anos de vida da cidade. Teríamos que nos basear, então, no que já tinha sido constatado: grandes enchentes apenas as de 1929 e a de 1983.
Sobre a de 1929 nos valemos apenas sobre o que pudemos constatar nas várias fotos colhidas na ocasião e em relatos feitos nos anos seguintes, principalmente por saltenses antigos. Vivenciamos a de 1983, ocorrida também num mês de fevereiro, e nos lembramos do espaço que a água atingiu, bem como colhemos fotos que constam em nossos arquivos. Os que acham que a de 1983 foi maior que a deste ano, argumentam que o Rio Jundiaí teve seu nível aumentado numa proporção superior, lembrando que quase cobriu a ponte existente nas proximidades da Barra. Isso, porém, não prova que a enchente foi maior, pois foi visível o fato de que o nível do Tietê atingiu uma proporção nunca atingida anteriormente. A vazão teria aumentado cinco ou seis vezes, superando o 1.200 metros cúbicos por segundo, número nunca atingido anteriormente.
Mas como provar que a enchente deste ano foi maior? Valemo-nos então, do único registro confiável que é feito, o existente no Bloco K da antiga Brasital, prédio hoje ocupado pelo Ceunsp. Lá existem as duas placas que mostram a altura atingida pelas águas em 1929 e 1983. Entramos, então, em contato com o Centro Universitário e fomos informados que a marca da água da enchente deste ano atingiu mais de 1,70 metro, superior às das duas grandes enchentes anteriores. O Ceunsp não tinha nenhum motivo para privilegiar uma ou outra enchente, por isso nos baseamos na informação recebida para darmos a manchete do último sábado.
Até que se prove o contrário – o que consideramos difícil – a marca encontrada no Bloco K vai prevalecer, torcendo-se para que no futuro não venha a ser igualada e muito menos superada.
CÁ ENTRE NÓS
Faltou prevenção?
Existem pessoas que acham que faltou prevenção por parte das famílias atingidas e também por parte da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar, por ocasião da enchente do último dia 11. Até mesmo vereadores - da oposição evidentemente - procuraram culpar o prefeito por não ter determinado ações preventivas quando a chuva começou a cair sobre a cidade. Um desses vereadores, Edemilson dos Santos, lamentou a perda de munição, coletes à prova de bala, rádios transmissores e outros objetos que existiam na sede da Guarda, achando que isso poderia ter sido evitado. Tivemos a oportunidade de conversar com algumas pessoas que perderam fogão, geladeira, móveis, etc., as quais disseram que mesmo estando em casa na hora da chuva, não tiveram oportunidade de agir, pois as águas atingiram rapidamente todos os cômodos. O prefeito Geraldo, por sua vez, respondendo uma pergunta do próprio Edemilson (ver página 6), afirmou que foi uma chuva atípica, ou seja, ninguém esperava que ela chegasse em grande volume em locais nunca antes atingidos anteriormente. Só quem passou pela situação que várias famílias passaram sabe que num momento desses não há tempo sequer para pensar, quanto mais para agir.
Defesa Civil
Fazemos coro com o vereador Celso Charnoski, o “Alemão do Santa Cruz” e com todos os vereadores que apoiaram e elogiaram o requerimento por ele apresentado, de congratulações e aplausos às equipes da Defesa Civil de Salto, ROMU, GCM, Trânsito, Corpo de Bombeiros e voluntários, “pelos excelentes trabalhos realizados em prol das pessoas atingidas pelas enchentes ocorridas neste mês de fevereiro”. Todos merecem mesmo os parabéns, mas permitam-nos que destaquemos o trabalho executado, que não é de hoje, da Defesa Civil, comandada por Orlando Moreira Nery. Não só nesse episódio da enchente, mas também em outros anteriores, Orlando e seus comandados tem realizado um trabalho que merece mesmo os maiores elogios. Recebam, com os demais elogiados, o apoio e o reconhecimento de todos os saltenses.
Ajuda aos atingidos
Temos também que destacar as pessoas que têm ajudado material ou moralmente os atingidos pelas enchentes, contribuindo para que muitas famílias reiniciem uma luta de toda uma vida, conturbada por alguns minutos de chuva intensa. Destaque-se também o interesse demonstrado por alguns vereadores, dentre eles Macaia, Edemilson e outros, no sentido de que sejam beneficiadas as que tiveram prejuízos com isenção de impostos, pagamentos em dinheiro e outras formas de reparação. Também merecem ser citados os vereadores que estiveram em São Paulo, na Assembleia Legislativa e junto a secretarias de Estado reivindicando verbas para nossa cidade, dentre eles Natalino, Xandão, Álvaro, Saudino e outros. Com a união de todos poderemos conseguir muita coisa.
Não é sim, sim é não
Na votação do veto do prefeito a um projeto do vereador Edemilson dos Santos, a princípio os vereadores não sabiam como teriam que votar, até que se chegou a uma solução: quem fosse contra o veto do prefeito deveria votar “sim”, quem fosse a favor, deveria votar “não”. Sem dúvida é um grande absurdo, mas é isso o que estabelece o Regimento Interno no parágrafo único do artigo 144. Palmas para a mente brilhante que redigiu esse artigo.
R$ 50.000 de multa
O projeto vetado parcialmente, de autoria do vereador Edemilson, estabelece multa de até R$ 50.000 reais para quem causar maus tratos aos animais. É um absurdo! Quem vai pagar essa multa? Certamente ninguém, os que não têm condições financeiras (geralmente quem maltrata os animais) e os que têm, mas se valem de artifícios para não pagar. Vai servir apenas para “assustar”, pois não existem condições para a lei ser aplicada. Poder-se-ia, por exemplo, estabelecer um valor máximo de R$ 10.000 e abrir a possibilidade de a pessoa prestar serviços comunitários em troca do pagamento. O projeto será transformado em lei, com esse valor da multa e se constituirá em mais uma que terá um dos seus artigos impossível de ser cumprido.
BOCA-DE-SIRI
Nosso carro alegórico
Não fosse a tristeza pelos prejuízos causados pela última enchente, um dos carros alegóricos do carnaval deste ano poderia ser carregado de fogões, geladeiras, sofás, armários, etc., avariados quando as águas invadiram a cidade. Seria uma forma de dar utilidade para tanta coisa perdida e mostrar que as perdas não vão tirar nossa alegria nessa festa. Tristeza haveria se vidas tivessem sido perdidas.