REPETECO
Como se dão bem!
Em 1982 havia muitas divergências entre os vereadores, mas uma proposta fez com que muitos imaginassem que eles se davam muito bem. Essa proposta surpreendeu aqueles poucos que se sacrificavam para assistir às sessões da Câmara de Salto só pra acompanhar as discussões, mas valia a pena porque faltavam apenas se pegar. Demonstrando um espíritito religioso e uma camaradagem (desculpem o trocadilho) dos dignos representantes do povo, um projeto do presidente Alcides Victorino de Almeida propunha que no início dos trabalhos ele abrisse a sessão “sob a proteção de Deus”. E, ao declará-la encerrada, pedisse que “Deus nos proteja e nos torne instrumentos de sua paz”. Enio Padovani não se contentou apenas com isso e apresentou uma emenda para que tanto na abertura como no encerramento dos trabalhos os vereadores permanecessem em pé, respeitosamente.
Ao ser colocado em discussão o projeto, a vereadora Rosi Mari Aparecida Ferrari sugeriu que além das palavras do presidente e da posição respeitosa dos vereadores, os mesmos também se dessem as mãos e ainda rezassem um Pai Nosso. Alcides aprovou prontamente a sugestão, dizendo que não tinha objeção alguma e até fazia questão de dar a mão a um vereador diferente a cada sessão. Nelson Mosca, por sua vez, solicitava que todos dissessem um sonoro “Amém!” antes de se retirar do sagrado recinto da Edilidade.
Exagero tudo isso? Claro que não, pois graças a Deus nossos edis de dão muitíssimo bem e se respeitam mutuamente. É bem verdade que Messias Ticiani está processando Rosi Mari porque ela lhe teria dirigido insultos, numa noite em que quase se pegaram, após o encerramento de uma sessão, mas isso não deve ser levado em conta. É certo também que Alcides e Rosi Mari tiveram uma altercação bastante séria recentemente e que as relações da vereadora não andam boas com Nelson Mosca, mas tudo isso é irrelevante, assim como o foram as discussões acaloradas entre Ênio e Alcides, entre Nelson e Ênio, entre Adelino e Nelson, com gritos, murros na mesa, etc.
- Forante as cacetadas – como diria o caipira – não houve mais nada de anormar...
(Livro “10 Anos de Humor – Boca-de-siri” – 2005)