OPINIÃO
Muitos não estão “nem aí”
Enquanto o mundo está vivendo uma situação nunca vista em termos de saúde pública, tem gente que não quer saber e leva a vida do mesmo jeito que levava quando foi anunciado que um vírus poderia causar a morte de um número muito grande de pessoas em todos os países, o que ocorreu no final de fevereiro e início de março. A princípio a notícia impressionou muita gente, alguns governantes tomaram atitudes preventivas, outros ignoraram as recomendações médicas e aos poucos os continentes, países, estados e municípios foram sendo atingidos pela Covid 19, que foi causando um número de mortes sempre crescente.
Os que tomaram atitudes imediatas, como a China, conseguiram impedir a progressão da doença, mas houve aqueles que não acreditaram que o vírus pudesse causar sérios danos. Foi o caso de uma província italiana, Bergamo, que continuou com sua vida despreocupada, achando que o coronavírus seria algo que não poderia causar maiores preocupações. Resultado: o número de infectados subiu inesperada e perigosamente, causando um recorde de mortes e deixando toda a população, assim como os demais italianos, assustados.
Alguns outros países, como os Estados Unidos, a Holanda, Suécia e Japão, se mostraram reticentes de início, mas com o passar dos dias e com o agravamento da situação, tiveram que apelar para fortes medidas restritivas para enfrentar a pandemia. Isso também aconteceu no Reino Unido, onde o primeiro ministro britânico Boris Johnson fez chacota com o novo vírus, abraçando e dando as mãos rindo para todos com quem se encontrava. No último domingo ele foi internado numa UTI de Londres, com o vírus e em estado preocupante.
Enquanto tudo isso acontece no mundo, em nosso país a quantidade daqueles que não estão “nem aí”, como se costuma dizer, também é grande. É gente que não assiste aos noticiários da TV, não ouve rádio e nem lê jornais, ou se fazem tudo isso ignoram os alertas que recebem continuadamente, achando que é uma bobagem ficar em casa, não se aproximar de outras pessoas, frequentar locais que normalmente sempre frequentaram, etc. Esses vão chegar um dia à realidade e constatar que não agiram conscientemente. Os que não forem afetados, mas que correram um risco terrível, poderão se considerar sobreviventes. Os que contraírem o vírus, vão sentir-se tão idiotas como os moradores de Bergamo, que não assimilaram os avisos, como o primeiro ministro britânico, que custou a admitir que exerceu o papel de bobo da corte da sua rainha.
No país e em Salto
Diariamente a gente assiste nos noticiários da televisão cenas de pessoas apinhadas na via pública, em praças, nas filas de bancos, nos pontos de ônibus, etc. Existem cidades onde, apesar das restrições determinadas pelas autoridades, muitos agem como se nada estivesse acontecendo na área da saúde. Salto não foge à regra. Na área central ocorre um ou outro fato preocupante, notando-se que um bom número de pessoas, principalmente idosos, usam máscaras. Mas em alguns bairros muitos ignoram as recomendações e circulam normalmente, como se o coronavírus fosse uma invenção que não faz mal a ninguém. Falta de aviso não é.
Comércio, indústria, etc.
Continua cada vez mais crítica a situação dos comerciantes, empregados do comércio, trabalhadores de indústrias que tiveram que paralisar suas atividades, prestadores de serviços não essenciais, ambulantes, etc. A renda de toda essa gente praticamente zerou e existem aqueles que precisam ser auxiliados com cestas básicas e outros tipos de ajuda porque não têm para quem apelar. Existe pressão, principalmente de comerciantes, para que se volte às atividades. Entende-se essa pretensão que beira o desespero, mas infelizmente não há como liberar tudo, pois se isso ocorrer o número de infectados na cidade vai crescer perigosamente. A esperança é que nos próximos dias haja um afrouxamento coordenado, liberando-se aos poucos certos setores de nossa economia, pois, se demorar muito, as consequências serão irreparáveis.
Abusos e precauções
Comentamos no último sábado, nesta coluna, a ação de aproveitadores, que exploram a população aumentando os preços dos seus produtos. Tem se notado que isso ocorre principalmente nos supermercados da cidade, na maioria dos quais os preços subiram a partir do último mês de março, sem que haja explicação plausível para isso. Não são todos, mas alguns estão agindo dessa maneira, merecendo o repúdio dos que fazem suas compras e notam que houve majorações inexplicáveis. Também se tem notado que alguns supermercados e outros estabelecimentos menores, não adotam as precauções necessárias, como o uso de máscaras e disponibilidade do álcool em gel. Cabe aos consumidores deixar de dar preferência aos estabelecimentos que exploram ou não adotam medidas restritivas, pois no final das contas os únicos prejudicados seremos nós.
Retomada da obra
Comentamos em nossas duas últimas edições que a Prefeitura havia determinado o cancelamento do contrato com a empresa que executava a obra de duplicação da Avenida José Maria Marques de Oliveira, no trecho ao lado do Condomínio Piccolo Paese. Realmente a municipalidade pretendia esse cancelamento, por isso consultou a 2ª colocada na licitação realizada, mas a mesma pediu um preço absurdo para continuar o trabalho. Como a empresa que executava a obra se comprometeu a colocar um número maior de trabalhadores e agir com mais rapidez, foi feito um acordo para que ela continue. Isso tem ocorrido nas duas últimas semanas, verificando-se que agora os trabalhos estão em ritmo acelerado, podendo virem a ser concluídos em breve.
Merecem aplausos
Ao mesmo tempo em que se critica os que não estão agindo corretamente nesta época de pandemia na cidade, não podemos deixar de aplaudir os que agem de forma a merecer o reconhecimento da população. Podemos começar pela Prefeitura, que tem adotado algumas providências que beneficiam os cidadãos, principalmente os de menor poder aquisitivo, como foi o caso do adiamento do pagamento da primeira parcela do IPTU, para citar apenas um exemplo. Também merecem toda nossa consideração e aplausos os médicos, enfermeiros, enfim todo o pessoal que atua no atendimento aos afetados e aos não afetados pelo coronavírus, em nossos dois hospitais, nas unidades de saúde e também nas farmácias, que não se limitam apenas a vender remédios, mas também dar orientações, quando consultados. Os munícipes que seguem o que lhes é prescrito pelas autoridades médicas também devem ter seu comportamento ressaltado, assim como os comerciantes dos produtos essenciais, aqueles que não se aproveitam da situação e servem a todos com a maior eficiência. Com a colaboração e principalmente com a união de todos, passaremos por esse período difícil da vida da humanidade.
Bolsonaro lava as Mãos
O presidente queria demitir o Mandetta, mas a “turma do deixa disso” o convenceu a deixar pra lá. Bolsonaro, então, deveria fazer como Pôncio Pilatos, governador romano, lembrado nesta Semana Santa, e lavar as mãos. Enquanto isso Mandetta vai tomando conta da cruz, que é o coronavírus, torcendo pra tudo dar certo. Se não der, vai pra rua. Se der, vai poder exigir que Bolsonaro lave também a boca.