CRONICANDO
Autor de “pegadinha” finalmente revelado
Já contei este fato em uma das minhas crônicas: o ex-prefeito João Batista (Tita) Ferrari e eu fomos vítimas, certa feita, de uma “pegadinha” sem maiores consequências, que apenas nos deixou curiosos em saber quem tinha sido o autor. Aconteceu num domingo, quando geralmente vou à chácara do Zuleika Jabour, voltando pra casa cerca de 12h30. Ao chegar vi que Tita e sua esposa me aguardavam e eu e minha esposa cumprimentamos o casal e o convidamos a entrar. Sentamos numa poltrona da sala e conversamos durante um bom tempo, até que, por volta de 14 horas, vendo que o Tita e esposa não demonstravam intenção de ir embora, perguntamos se eles já tinham almoçado. Responderam que não, então os convidei a nos acompanhar até um restaurante da cidade para almoçar, um olhou para o outro, mas acabaram aceitando.
Antes de entrarmos no restaurante, Tita me chamou de lado e disse:
- Valter, acho que fomos vítimas de uma “pegadinha”.
Perguntei por que e ele respondeu que alguém, se identificando como “o Valter do Taperá” tinha ligado para a casa de sua irmã Rosa, pedindo para convidar o Tita e esposa para virem almoçar na minha casa no domingo. Rimos e dissemos que até foi bom, pois isso nos permitiu bater um longo papo, inclusive com Tita relatando o episódio dele com o Índio Saltense, que eu conhecía apenas por ter ouvido falar.
A partir daquele dia uma coisa me encucou: quem tinha sido o autor da brincadeira, que não abominei, por que também costumo fazê-la com amigos mais íntimos, sem exageros, evidentemente. Relacionei dois ou três amigos meus como prováveis autores, mas eles negaram envolvimento, porém sempre achei que fora um deles.
Muitos anos se passaram, Tita completou 100 anos, veio a falecer em maio de 2005, até que dias atrás fui procurado na redação do jornal pelo filho de um velho amigo meu, que me trouxe algumas fotos interessantes e fez uma revelação: o autor da “pegadinha” fora seu pai, que faleceu neste ano. Disse que ele tinha confessado ser o autor, mostrava-se arrependido por envolver uma pessoa de idade (Tita), afirmando ainda que o alvo da brincadeira tinha sido eu. Expliquei ao rapaz que não fiquei bravo, mas apenas curioso e que sabia que seu pai gostava de brincar com amigos, como acontecia na época em que ele fazia parte, como eu, de um clube da cidade.
Ficou a satifação de ter sido revelado, anos depois, um mistério que me preocupou durante algum tempo e ficou também o lamento pelo falecimento de um amigo que, como eu, gostava de utilizar o humor como parte integrante de nossa vida tão cheia de momentos tristes, como este pelo qual passamos.