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QUEM FOI QUEM

Joaquim Ribeiro Martins, o dedicado “enfermeiro da Brasital”


Numa época em que Salto contava com dois ou três médicos apenas e que se revesavam no atendimento à população, esta tinha que se valer dos enfermeiros, pessoas que se dedicavam aos que necessitavam dos seus serviços. Elas aplicavam injeções, faziam curativos, indicavam remédios, enfim faziam o básico e colaboravam para que muitos se curassem. Uma dessas pessoas foi Joaquim Ribeiro Martins, o “Joaquim Enfermeiro”, que também gostava de ser chamado de “Enfermeiro da Brasital”, pois trabalhou por diversos anos nessa indústria saltense.


Ele nasceu em 1º de fevereiro

de 1901, em Capivari, filho de Benedito Ribeiro e Deolinda Martins. Veio para Salto, trazido pelos seus pais quando tinha apenas 2 anos. Eram tempos difíceis e a situação se agravou quando Benedito, que era açougueiro da Brasital, faleceu, obrigando sua esposa Deolinda a buscar o sustento dela e do filho único. Conseguiu um emprego como fiandeira na fábrica da Societá Ítalo-Americana, antecessora da Brasital, e Joaquim, com apenas 7 anos de idade, a acompanhava no período da tarde, autorizado pela empresa, que inclusive o registrou como funcionário em 13 de fevereiro de 1908. Pela manhã ele estudava numa escola particular mista, mas depois de ser registrado, passou a frequentar a escola no período noturno.

Joaquim não deixava de dar uma corridinha à enfermaria da fábrica para ver o enfermeiro aplicar injeções ou fazer curativos nos funcionários que necessitavam dos seus serviços. Isso despertou nele o interesse pela medicina, tanto que em 1920 conseguiu ingressar numa escola da capital, onde recebeu os primeiros ensinamentos que seriam úteis em sua vida. No entanto, não chegou a completar o primeiro ano nessa escola, pois o custo era alto para as suas condições. Passou, então, a frequentar um curso de odontologia, mais barato, porém também não seguiu adiante.

Joaquim trabalhou a maior parte de sua vida na Brasital, inicialmente na função de ajudante de enfermagem, quando era adolescente, e posteriormente para a enfermagem da fábrica, onde ficaria até seus últimos dias de vida. Também mantinha um consultório na Rua Marechal Deodoro, antigo número 54,para que, fora do horário de expediente e inclusive aos domingos e feriados, pudesse atender a todos que necessitavam dos seus serviços, demonstrando uma dedicação que impressionava. Atendia a qualquer caso, durante o dia ou à noite e por isso se tornou uma figura querida e admirada pelos saltenses. Quando o atendimento tinha que ser feito fora do centro da cidade, ele se utilizava de charrete e até de carroça seguir até fazendas e sítios.

Segundo relata Desdêmona Ignácio, no jornal Taperá, quando focalizou Joaquim em seu “Encontro Marcado”, quando havia necessidade de aplicar uma injeção ou medicar o paciente a cada 2, 3 ou 4 horas, ele passava a noite na casa do necessitado. Fez isso durante mais de 30 anos, mesmo doente, com os pés inchados, demonstrando sempre uma alegria contagiante, característica sua. E não o fazia para receber o pagamento em dinheiro, pois a maioria remunerava seus serviços com frangos, ovos, legumes, frutas, etc.


Equipe do Corinthians Saltense, que contou com os trabalhos de Joaquim (à esq., em pé) como enfermeiro

No esporte – Numa época em que eram poucas as equipes que contavam com um enfermeiro para atender os atletas durante as partidas, Joaquim prestou serviços ao Corinthians Saltense Futebol Clube, uma das agremiações da cidade que deram origem à Associação Atlética Saltense.


Joaquim e esposa Isabel, com seus 11 filhos, em foto de 1948

Família – Joaquim casou-se em 29 de abril de 1922, quando contava com 22 anos de vida, com Isabel Bassi, que viria a auxiliá-lo no atendimento dos pacientes em seu consultório da Rua Marechal Deodoro. Tiveram 11 filhos: Ruth, Benedito (conhecido na cidade como “Baby”), Zedinar, Dante, João Manoel, Athayde, Zélia, Edelzia, Mário Luiz, Lia Vitória e Marizabel.

Ele faleceu em 13 de setembro de 1960, aos 59 anos de idade, consternando toda a população, que com ele conviveu em harmonia durante muitos anos e era agradecida pelo trabalho meritório que realizava.


Um dos filhos de Joaquim (Benedito), ao lado do prefeito Pilzio, na inauguração do Posto de Saúde que homenageou seu pai

Homenagem – A Prefeitura de Salto prestou-lhe uma homenagem em dezembro de 1987, quando foi inaugurado o Posto de Saúde “Joaquim Ribeiro Martins”, localizado na Rua Atibaia, Jardim Marília.

Na oportunidade, um dos seus filho, Benedito (“Baby”) compareceu e ao lado do prefeito Pilzio Nunciatto Di Lelli, procedeu ao descerramento da placa de inauguração.



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