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CRONICANDO

Os “do contra”


Não acho que todos deveriam ter a mesma opinião, a mesma ideia, a mesma vontade, o mesmo posicionamento. A diversidade é essencial para que se chegue ao que é mais lógico, mais racional, mais justo e mais verdadeiro. No entanto, existem coisas que pedem, se não a unanimidade, pelo menos uma grande maioria com os mesmos pontos de vistas, com os mesmos propósitos. É o caso, por exemplo, do uso de máscaras, nesta época de pandemia do coronavírus. Já foi provado por especialistas em matéria de saúde, discutido, pesado e provado não só no Brasil, mas em praticamente todos os países do mundo a necessidade de usá-las. A conclusão é óbvia: usando máscara, as pessoas evitam contaminar os que com elas têm contato e também deixam de contaminar outras pessoas.

Apesar dessa certeza irrefutável, existem ainda os considerados “do contra”, que saem pela cidade sem máscara, como tive a oportunidade de constatar no último final de semana. Felizmente são poucos, mas eles parecem conscientes da atitude que tomam, pois nos devolvem um olhar de desafio quando lhes dirigimos um olhar de censura, como se perguntassem: “Não uso máscara, e daí?”.

Mas os “do contra” não são apenas aqueles que não usam máscaras. Antes da pandemia e continua ocorrendo ainda, existem aqueles que não respeitam certas determinações, algumas até legais. É o caso, por exemplo, das filas especiais de supermercados, para idosos, deficientes e grávidas. É comum quando algumas dessas pessoas se dirigem para essas filas, lá encontram jovens fisicamente fortes ou pessoas com menos de 40 anos, num lugar que não é seu. Quando isso acontece comigo, costumo perguntar em voz alta para a moça do caixa: “Esta é uma fila especial?”. Alguns se tocam, fazem menção de sair, mas outros se fazem de surdos e ali permanecem.

Tem também aqueles que ocupam vagas no estacionamento não só de supermercados, mas de farmácias, estabelecimentos comerciais, etc., de idosos e de deficientes. Com a maior cara de pau eles estacionam e se irritam quando são chamados à atenção, achando que todos têm os mesmos direitos. Tem, mas não nesse caso.

E falando ainda dos “do contra”, quase íamos nos esquecendo do considerado “Do Contra Mor” de nosso país, o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto todos entendem que o distanciamento social é essencial para evitar a disseminação da Covid-19, ele, com os conhecimentos científicos que certamente não adquiriu nas casernas, discorda frontalmente, contribuindo para o crescimento do número de casos. Também se reveste de cientista ao garantir que a cloroquina é o remédio certo para a cura do coronavírus, embora ele possa fazer algum bem, mas provoca efeitos colaterais que podem até causar a morte.

Nesse caso, ele não é apenas o “Do Contra Mor”, mas também o mais irritantemente teimoso do país. O lamentável é que, apesar desse posicionamento que revela a mais alta e perigosa ignorância, tem muitos que concordam com ele. Isso demonstra que, assim como a Covid-19, a ignorância também é contagiosa.

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