QUEM FOI QUEM
- Valter Lenzi
- 18 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Durval Carneiro, cantor, trovador, trocadilhista e o que “pintava” através das palavras

Durval Cruz Carneiro nasceu em Salto aos 3 de fevereiro de 1929. Era filho do dentista Edgar Moura Carneiro, que trabalhou por muitos anos no Grupo Escolar (atual Escola) Tancredo do Amaral e de Maria José Cruz. Fez os primeiros estudos no Colégio (atual Escola) Sagrada Família e a seguir foi estudar no Colégio Regente Feijó, em Itu, onde fez o curso ginasial (naquela época esse curso não existia em Salto). Formou-se em Contabilidade em São Paulo, na Associação Cristã de Moços, o que possibilitou que ele trabalhasse na profissão que escolheu em empresas da vizinha cidade de Itu, onde se aposentou.

Durval estava sempre de bom humor em sua vida cotidiana. Quando se encontrava com as pessoas, costumava fazer trocadilhos e fazia isso também em publicações no jornal Taperá, nas décadas de 1980 e 1980, quando focalizava um assunto local ou nacional, geralmente em forma de crítica. Tinha facilidade com as rimas e isso fez com que se notabilizasse como trovador, divulgando seus trabalhos na imprensa local e nos três livros que publicou.
Mas não ficou nisso: ele também se destacava como cantor nos eventos realizados na cidade (a maioria dos quais beneficente) e, pelo fato de ter uma voz muito parecida com a de Francisco Alves, cantor que faleceu num acidente de automóvel em 1952, realizava anualmente, em setembro (mês em que Chico Alves morreu) um programa na Rádio Convenção de Itu, o que fez por mais de 20 anos. Considerava-se defensor da MPB e da memória do cancioneiro popular.

No mundo das artes, foi também declamador e musicista. Atuou como membro do Conselho Municipal da UBT (União Brasileira dos Trovadores); foi associado ao Centro de Poesia e Arte de Campinas, da União Brasileira de Trovadores e da Casa do Poeta. Uma coisa curiosa de sua vida nas artes foi uma proposta denominada “Pintura Abstrata Surrealista”, que consistia em trabalhos sem cor, pincéis ou quadros. “É a pintura através de palavras”, justificava, acrescentando que em lugar das cores vivas pode-se alcançar a expressão do belo através da automentalização. Essa proposta foi apresentada por ele na 3ª SAPS (Salão de Artes Plásticas de Salto), em 1996.
Livros – Lançou, em 1998, o livro de trovas “Enquadrando a quadra”, pela Editora Komedi, com 22 páginas e apresentando dezenas de quadras de sua autoria. Duas delas:
Lembra mundo pequenino,
Da cor da Luz a brilhar
A pérola... seu destino,
É ser joia singular
No arco-íris, tanta cor,
E a que busquei, não achava;
Nos olhos do meu amor,
Encontrei a que buscava!
Além desse livro, participou de duas coletâneas: “Roseiral em Trovas” e “Coletânia Komedi”.


À esquerda, com seu livro contendo trovas, lançado em 1998 e com duas coletâneas das quais participou. À direita, com o macaquinho “Chico”, que ficou algum tempo no minizoológico de Salto, e do qual se tornou amigo, Ele protestou quando o minizooógico saltense e ele, com outros animais foram transferidos para o Zoológico “Quinzinho de Barros”, em Sorocaba.
Família e homenagem – Durval foi casado com a professora Attilia Rina Raggio, com quem teve uma filha: Antonia Tereza.
Faleceu em 2 de maio de 2007.
Como homenagem aos trabalhos que executou na cidade, seu nome foi dado pela Comissão de Nomenclatura de Salto a uma das ruas do Residencial Parque Imperial.