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CRONICANDO

Vodca e sauna pra curar a Covid-19


Quem afirmou foi um desses governantes (como o nosso) que se fazem de entendidos em Medicina e propõem métodos de curas impressionantes, pra não dizer estapafúrdios: o presidente do Belarus, da República Soviética. Ele recomendou que a Covid-19 poderia ser curada com vodca e sauna, o que é uma grande besteira. O efeito da vodca, se tomada em excesso pode é dar uma baita de uma ressaca. Já a sauna a única coisa boa que proporciona é a desintoxicação. Às vezes tomo minha caipirinha de vodca, mas em relação à sauna me considero um viciado, pois frequento a da Saltense, desde que foi inaugurada, em 1968, assim como algumas vezes a do Clube de Campo Saltense, nem tanto para desintoxicar, mas para espairecer, desentendear, o que se consegue batendo papo com amigos.

Já tive muitos “amigos de sauna”, aqueles que a gente praticamente só encontra ali. Posso me lembrar de pelo menos dois: Rubens Paixão e dr. Luiz Piaia Filho. E explico por que: é que certo sábado, no bar da sauna, algumas pessoas assistiam na TV a um jogo de basquete entre Sírio e Palmeiras. Eu sabia que o jogo tinha se realizado no dia anterior e vencido pelo Sírio, e disse isso ao Paixão, quando o dr. Piaia o desafiou a apostar, achando que o jogo era ao vivo e que o Palmeiras iria vencer. Ele aceitou e um litro de uísque foi colocado em disputa. Ambos e outras pessoas ficaram assistindo até o final e, como se previa, o Sírio venceu. Sentindo-me incomodado, chamei o dr. Piaia de lado e confessei minha culpa por ele ter perdido a aposta, mas o advogado levou numa boa e até riu de sua ingenuidade.

Com o passar dos anos os “amigos da sauna” foram se modificando e nos últimos tempos, evidentemente antes da pandemia, convivi com pelo menos três: Ludgero, genro do ex-vereador Cidão, Chico Garcia e um senhor que conheci apenas como seu Antonio. Quando eu chegava na sauna os três já estavam reunidos, pois chegavam cedo e falavam sobre os mais diversos assuntos. Um dia seu Antonio deixou de aparecer e meses depois soubemos do seu falecimento, o que nos surpreendeu, pois ele parecia bem. Participo das conversas quase sempre fugindo dos assuntos mais sérios, para espairecer mesmo, envolvendo outros frequentadores costumeiros, como o Teo e o Jonas, este um chefe de cozinha de Itu, que aceitam as brincadeiras numa boa.

Poderia ocupar um espaço muito maior se fosse aqui contar as muitas situações hilariantes que a gente vive na sauna da Saltense e que se constituem em uma espécie de positiva lavagem cerebral, coisa que o coronavírus está impedindo, sabe-se lá até quando. Posso citar uma:

A gente brincava sempre com o Cido, que tomava conta da sauna e que infelizmente também já faleceu. Um dia o Teo levou um cocô de cachorro de plástico, desses que a gente encontra em lojas de R$ 1,99. A peça foi colocada num canto do salão onde as pessoas se sentam e fui chamar o Cido, informando da existência do cocô, reclamando que ele estava proporcionando mau cheiro. Cido a princípio ficou bravo e lamentando “como alguém faz uma coisa dessas”, foi buscar uma vassoura e uma pazinha e ao pegar o cocô, me antecipei e peguei-o com as mãos, o que proporcionou o desespero dele: “Não pegue! Deixe que eu recolha!”. As muitas risadas de quem assistia à cena deixaram o Cido surpreso. Até que ele percebeu que tinha sido vítima de uma “pegadinha”. Literalmente uma “pegadinha”.

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