OPINIÕES
Estava na hora da flexibilização?
A flexibilização determinada pelo Governo do Estado, chamada também de retomada consciente da economia, não é a medida esperada por muitos, mas pelo menos proporciona, principalmente às pequenas empresas, a tomada de um fôlego, após um período de paralisação total. O ideal seria que tudo funcionasse como antes, as indústrias, o comércio, os serviços, mas sabe-se que isso, em virtude da situação atual causada pelo coronavírus, não é possível. O governador João Doria vinha sendo muito criticado pelos que achavam que ele precisava adotar a flexibilização, talvez por isso, para fugir das muitas críticas e não prejudicar sua imagem eleitoral visando as eleições de 2022, achou que é a hora de soltar um pouco as rédeas.
Houve vários questionamentos sobre se a atitude do governador foi oportuna e, realmente, há sérias dúvidas se a flexibilização poderia mesmo acontecer neste momento. É que, embora os números apresentados para justificar a medida, outros mostram que no Estado de São Paulo, como um todo, a situação não é das melhores. Na última quinta-feira, por exemplo, o número de novos casos bateu recorde, ultrapassando os 6.000. E, se a quantidade de casos é crescente, outros itens, tidos como positivos, também vão aumentar nos próximos dias, como internações e até mortes.
No decreto que baixou nesta semana, o Governo Estadual apresenta as razões que o levaram a adotar a flexibilização parcial. Inicialmente ele dividiu o Estado em 4 zonas, denominadas Alerta Máximo, Controle, Flexibilização e Abertura Parcial, ocupadas pelos municípios de acordo com a utilização de leitos da UTI, surgimento de novos casos, novas internações e número de óbitos. Para fazer a classificação, justificou com o fato das medidas de isolamento social terem achatado a curva de contágio, em relação a outros países e ao Brasil, tendo ocorrido ainda a queda na participação do número de casos e mortes por coronavírus no Estado.
Fez também projeções que indicam que o isolamento proporcionou 84 mil casos, menos que os 950 mil que ocorreriam sem o isolamento e que 65 mil vidas teriam sido salvas pelo isolamento social até o final deste mês. Também citou as providências tomadas, dentre elas o aumento do número de leitos de UTI do SUS, de 3.600 para 7.200; a abertura de 7 novos hospitais; a contratação de 6.300 novos profissionais da Saúde; a compra de 3,3 milhões de testes e os 600 novos respiradores já recebidos.
Sem dúvida foi um plano bem elaborado, mas nota-se que ele não é completo, pois o número de respiradores, por exemplo, teria que ser bem maior, além do fato de não terem sido suficientes os 3 milhões e 300 mil testes adquiridos.
A atitude, aguardada por muitos, principalmente pelos comerciantes que não aguentavam mais a situação, foi tomada. O que se tem a fazer agora é esperar pra ver. Torçamos para que as dúvidas sobre sua eficácia sejam dirimidas e que aos poucos sejam superadas as dificuldades atuais, mas para isso é necessário a colaboração de todos, que devem continuar com as medidas preventivas determinadas pelas autoridades médicas e pelo bom senso.
CÁ ENTRE NÓS
Salto no Plano
Salto foi incluída na Zona 2 – Controle, desse Plano adotado pelo Governo do Estado. A justificativa foi porque nos enquadramos como município com média de taxa de ocupação de leitos de UTI entre 60 a 80%; entre 3 e 5 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes; entre 1 e 2 casos novos nos últimos 7 dias e de novos casos nos 7 dias anteriores; entre 1 e 1,5 novas internações nos últimos 7 dias e de novas internações 7 dias anteriores; e entre 1 e 2 óbitos por Covid nos últimos 7 dias e nos 7 dias anteriores. Fomos incluídos na Zona 2 – Controle, embora, a rigor, não nos enquadremos em alguns desses itens. Por exemplo: tivemos um número de internações de mais de 1 a 1,5 nos últimos dias e mais de 1 e 2 casos novos nos últimos 7 dias (esse número foi bem maior). Por outro lado, não temos de 60 a 80% de ocupação dos leitos de UTI (até ontem só havia uma pessoa internada); e o número de óbitos é inexpressivo: apenas 1 nos últimos 7 dias. Deve-se relevar tudo isso, porém, pois quem fez a classificação teve que se valer das aproximações, já que não é mesmo possível enquadrar nos limites estabelecidos cidades com a maior parte de números coincidentes. Sorte (ou azar) nosso.
Supermercados
O prefeito Geraldo Garcia baixou uma portaria, no último dia 27, estabelecendo medidas para o enfrentamento à disseminação da Covid-19, tratando especificamente dos supermercados. Funcionando mesmo depois que foi determinado o fechamento do comércio, escolas, etc., esses estabelecimentos têm sido privilegiados, pois funcionam o tempo que consideram adequado e não se preocupam em fiscalizar o uso de máscaras, a aglomeração de pessoas, a quantidade dos que ingressam em suas dependências, casais com crianças circulando pelos corredores, etc. Essa portaria vai disciplinar e impor exigências, como a obrigatoriedade de usar máscaras, o álcool em gel (que a maioria já vinha utilizando), só uma pessoa da família fazendo compras, colocação de faixas ou marcações para assegurar a distância mínima de 2 metros (as faixas existem, mas muitos não as levavam em conta e não eram chamados a atenção), limite na entrada dos clientes para o supermercado não ficar superlotado, proteger os funcionários com barreiras físicas de vidro ou acrílico (o que a maioria já vinha adotando), horário de atendimento exclusivo para idosos e não oferecimento de produtos e alimentos para degustação. A dúvida é se a portaria será adotada e respeitada por todos os supermercados, pois eles não parecem muito dispostos a contratar funcionários para exercer a fiscalização, pois isso lhes proporcionaria maiores despesas.
Nova Prefeitura
Os que não comungam com as ideias e ações do prefeito Geraldo Garcia estão se aproveitando para criticar as compras feitas para o prédio da Nova Prefeitura. Primeiro foi o sofá, depois o closet e agora são os 25 frigobares adquiridos. Deve-se reconhecer que as aquisições foram feitas numa época de folga financeira, quando se falava que a Prefeitura tinha milhões em caixa. Com o coronavírus tudo mudou e agora tanto o sofá, como o closet e os frigobares são considerados um luxo injustificável, procedendo as críticas à administração. O prefeito justifica que o sofá não custou os 5 mil reais anunciados, que não teve nenhum closet e que os frigobares eram necessários, mas o estrago está feito e ele vai ter que contar os prejuízos à sua imagem, que infalivelmente ocorrerão.
BOCA-DE-SIRI
Como é mesmo que se vende?
Há mais de 2 meses fechado, o comércio voltará a funcionar na próxima segunda-feira. Será que os comerciantes (assim como seus funcionários), cujas lojas ficaram tanto tempo fechadas, vão saber como vender seus produtos, fazer o pacote, preparar a maquininha, voltar o troco? Com as lojas abertas poucas horas, é melhor os comerciantes já irem para o trabalho de pijama, pois precisam voltar rápido para o isolamento.