CRONICANDO
Dá uma vontade de tomar quentão, comer milho verde...
Antes do novo A.C. (Antes do Coronavírus) tinha os fanáticos por festas juninas e os que não se importavam muito com elas, dentre os quais me classifico. Mas durante o mês de junho sempre dava uma vontade na maioria das pessoas de tomar quentão, comer milho verde, amendoim, curau, canjica... Nestes tempos de pandemia essa vontade aumenta, porque festa junina só dentro de casa, com os cuidados necessários. Como tudo o que é proibido desperta mais o desejo (nem tudo, né?), tem gente por aí louca pra consumir o que esse tipo de festa nos oferece. E quem já dançou quadrilha, então, fica mais aceso que fogueira de São João, não vendo hora desse distanciamento social acabar.
Durante minha vida passei por períodos áureos das festas juninas: no Largo São João, no quintalão da Brasital, nos bailes da Cooperativa, do Clube Ideal, nas escolas e ultimamente nos eventos promovidos pelos clubes da melhor idade, Clube dos Casados e outros. As do Largo São João aconteciam numa época em que a praça ainda não tinha sido construída. Quando isso aconteceu, encheram-na de postinhos com lâmpadas, não sobrando espaço sequer para um casal dançar forró.
As do quintalão da Brasital realizaram-se durante vários anos e se tornaram famosas. Só se podia ter acesso entrando por uma das casas da indústria, no quarteirão formado pelas ruas 23 de Maio, José Revel, 9 de Julho e Avenida D. Pedro II, como forma de selecionar e limitar o número de pessoas. Numa quadra com piso de concreto as pessoas dançavam, uma quadrilha se apresentava e no palco um conjunto integrado por Sérgio de Carvalho, Quenco e outros se encarregava da animação. Ao lado, a fogueira e barracas oferecendo bebidas e comidas.
Dos clubes da cidade, a Cooperativa era a que mais se destacava. Seu salão de festa ficava superlotado por apreciadores da quadrilha, integrada por associados, todos com a face pintada e com roupas apropriadas para a apresentação. Nessa e em todas as festas não faltava o quentão, amendoim, milho verde e outras iguarias que o pessoal consumia com prazer.
Lembrando tudo isso, mesmo quem não era fanático por essas festas, tem uma vontade de tomar quentão e comer aquelas coisas das quais a gente só se lembra nesta época do ano. Neste 2020 não vai dar pra acontecer a antiga integração entre as pessoas, mas nem por isso devemos ficar tristes. Parodiando aquela personagem do filme “E o Vento Levou”, que dizia que “amanhã será outro dia”, o coronavírus nos faz ampliar o tempo: “2021 será outro ano”, pois deste 2020 não se pode esperar mais nada.
Que venha o novo D.C. – Depois do Coronavírus!