QUEM FOI QUEM
Braz Ferraro foi ator teatral, agente consular da Itália e exerceu outras atividades
Ele nasceu na cidadezinha de San Biase, na província de Palermo, Itália, em 20 de fevereiro de 1885 como Biaggio Begossi, adotando no Brasil o nome de Braz. Seguindo a tendência que já se verificava naquela época e que prosseguiu com maior intensidade no início do século seguinte, sua família transferiu-se para o Brasil em 1902, quando ele contava 17 anos de idade. Viveu 85 anos em Salto, período em que exerceu diversas atividades, como a de alfaiate, fotógrafo, industrial, comerciante, livreiro e representante de diversos jornais e revistas, durante o tempo em que manteve a única banca existente na cidade, na Rua José Weissohn, em frente ao Jardim Público, que após a inauguração da Concha Acústica, no início da década de 1950, passou a ser chamado de Jardim Tropical. Trabalhava na banca, enquanto seu irmão Francisco (“Franchiné”) fazia a venda e entrega dos jornais e revistas pelas ruas da cidade.
Nos anos em que viveu na cidade, exerceu uma importante função, a de agente consular da Itália, numa época em que era grande a colônia italiana na cidade. Exerceu o cargo até o início da 2ª Guerra Mundial, quando, apesar da Itália fazer parte do “eixo” Alemanha-Itália-Japão, continuou a ser de grande utilidade para seus compatriotas, prestando-lhes inestimáveis serviços, apesar das restrições estabelecidas pelo governo brasileiro. Quando a Sociedade Italiana de Mútua Assistência atuou na cidade, mesmo durante a 2ª Guerra (de 1939 a 1955), ele foi um dos seus diretores.
Também atuou no teatro saltense (Filodramática Italiana), na maior parte das vezes como “ponto” (aquele que “assoprava”, em voz baixa as falas que deveriam ser repetidas, em voz alta, pelos atores). Também foi ator em algumas oportunidades, como quando, numa representação no Teatro Verdi, ficou gravemente ferido. Ele desempenhava o papel de um personagem que levava um tiro na testa, mas no dia da apresentação da peça choveu muito e o espetáculo foi adiado para uma semana após. Só que a “bala” que iria atingi-lo e que era feita de massa de pão, endureceu na arma que seria usada e causou-lhe um ferimento na testa, que sangrou muito e deu à cena um realismo que poucos esperavam, mas que lhe deixou uma marca que um dia me mostrou, quando de uma das muitas conversas que tive com ele em sua banca de jornais e revistas.
Família – Braz era casado com Felícia Pepe Ferraro, matrimônio realizado em 3 de novembro de 1906, quando ele tinha 21 anos. O casal teve 8 filhos: Ângelo, João Sebastião, Pascoal, Antonio, Norberto, Maria, Maria Carmelo e Rosa Gemma.
Braz faleceu em Salto, onde vivia com seus familiares, em 5 de junho de 1971.