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CRONICANDO

Invasão inglesa no futebol e na internet


Fico p. da vida quando algum repórter, aqui na redação, diz que vai fazer uma “live”, que vai melhorar o “layout” da página ou que precisa ser feito um “backup” de determinado arquivo. Desde o tempo do ginásio nunca fui bom em inglês, vindo a descobrir, quando passei a viajar para o exterior, que essa língua faz uma falta enorme pra gente se comunicar lá fora. Quando iniciei no jornalismo, não me conformava com os locutores de rádio que diziam que determinado jogador era um “crack”, que o “center alf” era muito bom ou que o “back” defendia muito bem.

Algumas dessas expressões foram aportuguesadas, mas mantiveram a raiz. “Crack”, por exemplo, passou para craque, o jogador que se destacava por suas qualidades; o “center alf” (substituído para centro médio ou médio volante, que os menos letrados pronunciavam “centerarfo”) e o “back” para beque, expressões adotadas em nosso idioma, sendo que algumas até foram parar nos dicionários. Pode-se dizer o mesmo de “foul” que se transformou em falta; de “shot” para chute; de “goal” para gol; de “penalty” para pênalti, além de outras.

Algumas palavras em inglês, utilizadas no futebol, mereceram a devida tradução para o português, como “corner” que virou escanteio; “off side“ traduzido para impedimento; “goalkeeper” que se transformou em goleiro; “forward” que passou para centro-avante; “ticket” para ingresso e diversas outras. Graças a Deus ficamos livres de algumas dessas aberrações inglesas, mas ainda temos que conviver com as que sobraram.

Com o surgimento da internet veio uma nova onda de expressões em inglês que estão atazanando a vida de quem tem horror ao uso de palavras que podem perfeitamente ser substituídas pelas equivalentes em português. É o caso das citadas “live”, que pode perfeitamente ser substituída por ao vivo; “layout” (por imagem); “backup” (copiar), além de outras como “free” (livre), “copyright” (direitos autorais); “download” (baixar dados); “log in” (iniciar); “home page” (página principal); “password” (senha) e tantas outras.

Não pensem que estou citando essas palavras em inglês de memória, pois a minha às vezes “rateia”. É que recorri à internet, pois me embanano quando tenho necessidade de usá-las e acabo sendo corrigido pelos que costumam repeti-las no dia a dia. Isso me faz lembrar um fato que aconteceu comigo há uns 2 ou 3 anos. Numa consulta com o dr. Pereira, fiz algumas perguntas sobre os remédios que deveria tomar e uma delas foi se poderia continuar com o “Netflix”. Ele riu, imediatamente me corrigindo:

- “Netflix” é uma distribuidora de filmes e séries. Você não quis dizer Natrilix?

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