QUEM FOI QUEM
Felipe Moschini, um dos primeiros padres saltenses, foi professor e sociólogo
Na década de 1940 a cidade se encheu de orgulho pelo fato de dois médicos saltenses terem viajado para Roma, na Itália, a fim de realizar os últimos estudos para se tornarem padres da Igreja Católica: Felipe Nery Moschini e Alcindo Castilho. Felipe nasceu em Salto aos 6 de janeiro de 1928, filho de Zelino Moschini e Maria Speroni Moschini. Realizou seus primeiros estudos no Grupo Escolar Tancredo do Amaral e Escola Anita Garibaldi. Por ter demonstrado interesse em se tornar padre desde adolescente, foi estudar no Seminário Menor de Pirapora do Bom Jesus e posteriormente no Seminário Maior do Ipiranga, São Paulo.
Juntamente com Alcindo Castilho foi um dos brasileiros selecionados para o Colégio Pio-Brasileiro de Roma, para onde viajou em 1949, tendo concluído os estudos, sendo ordenado padre em 6 de julho de 1952. Permaneceu mais 5 anos na Itália, onde se formou em Sociologia pela Universidade Gregoriana de Roma.
Regressou a Salto em 21 de dezembro de 1957, sendo recebido festivamente pela população católica, ocorrendo nas escadarias da matriz as homenagens prestadas pelas associações religiosas locais, cumprimentos ao monsenhor João da Silva Couto e saudação pelo professor João Batista Dalla Vecchia. Introduzido na matriz, padre Felipe agradeceu no púlpito a manifestação de que fora alvo, discorreu sobre a saudade de sua terra, que sempre o acompanhou e procedeu a bênção do Santíssimo Sacramento.
No domingo ele celebrou sua primeira missa cantada em sua terra natal, ao término da qual houve o beija-mão e à noite daquele dia foi oficiado o “Te Deum”, em agradecimento pelo seu retorno.
No Brasil padre Felipe radicou-se em São Paulo, onde se iniciou no magistério superior, cumprindo suas obrigações clericais junto à Igreja de São Geraldo, na Água Branca. Depois de vinte e três anos em sua militância como sacerdote, Felipe solicitou licença dos hábitos religiosos, tendo se casado dois anos depois (1975) com Nilza Ribeiro, não tendo filhos.
Residiu na capital até 1992, quando regressou a Salto, cidade que amava, fixando residência na sua chácara no Condomínio Zuleika Jabour, onde passou seus últimos dias. Faleceu em 19 de março de 1998 (dia de São José), aos 70 anos de idade.
Carreira – Felipe Nery Moschini teve uma longa carreira de sucesso no ensino, além de suas atividades civis. Foi professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Faculdades Associadas do Ipiranga, em São Paulo.
Foi membro da Comissão de Revisão Agrária no Governo Carvalho Pinto (1963), no Estado de São Paulo; membro da Comissão de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, tendo publicado diversos trabalhos na revista “Problemas Brasileiros”.
Publicou 6 livros: “La Reforma Fondiária i Agrária in Marema – Itália” (tese de Doutoramento, defendida em outubro de 1957, em Roma); “Entorpecentes – Estudos sobre Tóxicos e Toximanias”; “Violência”; “Moral e Civismo” (co-autor); “Educação Moral e Cívica” e “Cartilha da Reforma Agrária”.
Reconhecimento – Além das afetuosas e ternas relações familiares e com amigos, o reconhecimento veio, espontâneo, sintético, profundo, na manifestação dos seus alunos da Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), assim redigida:
AO MESTRE
Aquele que ensinou, aquele que viveu.
Professor dedicado, experiente, sábio.
Ensinou a vida.
Um homem bom, um homem cuja honestidade,
sinceridade, estavam estampadas em seu rosto
de aparência dócil.
Um adeus sincero e saudoso de todos que o conheceram;
Um obrigado pela cultura que você passou.
Deixou a saudade e as lágrimas.
Mas que, na lembrança, deixou o homem honesto,
Sorridente, sincero e amigo.
Um adeus ao professor.
Um adeus ao grande amigo