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CRONICANDO

Lembranças do frio

As opiniões se dividem quando as pessoas revelam sua preferência pela temperatura: alguns consideram melhor o frio, pelo qual passamos atualmente, outras o calor. Particularmente, lembro que sofri mais com o frio do que com o calor em toda a minha vida. Recordo-me, por exemplo, que quando tinha 10 ou 12 anos e estudava pela manhã no Coleginho ou na Escola Anita Garibaldi, penava muito com as baixas temperaturas. Tinha que levantar cedo e ir para a escola inicialmente com aquela calça curta do uniforme, camisa branca, sapatos pretos e meias brancas. Depois também com o uniforme da Escola Anita, que também exigia calça curta, de brim amarelo, assim como a camisa, para desagrado de minha mãe, que lamentava eu ter que me expor a uma temperatura que exigia vestimentas mais protetoras.

Tempos depois, quando passei a estudar no Ginásio Estadual, o problema das calças curtas acabou, mas nem por isso a situação relacionada ao frio terminou, pois tinha que comparecer às aulas de ginástica na quadra do Clube de Regatas Estudantes Saltenses, que se localizava na foz do Jundiaí e Tietê, na atual esquina da Avenida Vicente Scivittaro com a Rua Marechal Deodoro, rios que tornavam as manhãs ainda mais frias. O corpo só esquentava após os exercícios ou quando o sol finalmente dava o ar de sua graça.

Quando fui para o Quartel de Itu o sofrimento com o frio continuou. No inverno, tinha que me proteger, pois a farda verde-oliva gelada ajudava a sentir os efeitos da baixa temperatura, mas tinha com o que se defender: camiseta de manga comprida sob a camisa e o “pega-louco” (uma espécie de cueca até o calcanhas), sob a calça. Só tinham direito à japona os sargentos e oficiais. Por isso, nos dias em que prestava serviço como guarda ou como cabo da guarda, padecia nos deslocamentos noturnos nas dependências do Quartel, para me dirigir aos vários pontos onde os soldados ficavam de plantão.

Ao contrário do inverno não tenho tristes lembranças do calor, que só me faz recordar com desagrado o suor nos dias em que uso roupa social no trabalho ou num compromisso do dia a dia; nos passeios, como nas filas dos pedágios nas estradas de acesso às cidades praianas; das queimadas ao sol quando expunha o corpo na praia, dentre outras coisas. No geral o calor nunca me causaram muitos problemas.

Esclareço aos que gostam do frio que também não o abomino completamente, e até reconheço que é um tempo bom pra dormir, pra comer e para alguns abusos, como tomar um vinho nas refeições, comer uma feijoada após abrir o apetite com uma caipirinha e se exercitar sem ficar demasiadamente cansado. Aos que não têm boas lembranças do frio, como eu, peço que tenham paciência, porque ele logo acaba. O deste ano, porém, vai ficar na história, pois frio com Covid a gente nunca teve e espera que ultrapasse o 19, pois se depois dele vier o 20, não vai dar para aguentar.

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