QUEM FOI QUEM
Ângelo Ferraro, o primeiro médico saltense a clinicar na cidade
Durante alguns anos o dr. Ângelo Ferraro foi considerado o primeiro médico saltense, pois formou-se em 1934, mas em meados de 1985 tomou-se conhecimento que houve um saltense que se formou médico antes dele, em 1930, o dr. Walter Maffei. Este nasceu na cidade, mas aqui permaneceu apenas 9 anos, tendo se transferido para São Paulo, onde viveu a maior parte de sua vida. No entanto, o dr. Ângelo foi o primeiro médico a exercer a medicina em sua cidade, onde nasceu em 3 de agosto de 1907, tendo permanecido em Salto a maior parte de sua vida, atendendo os que necessitavam dos seus serviços.
Ele fez o curso primário no Grupo Escolar (atual Escola) Tancredo do Amaral, estudando em seguida no Seminário Menor de Pirapora do Bom Jesus. Passou depois para o Colégio Arquidiocesano de Campinas, onde completou o curso secundário. Formou-se médico em 1934, pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro.
Por ocasião de sua formatura, foi homenageado por um grupo de conterrâneos, que se cotizaram para oferecer-lhe o anel de formatura. Foi um acontecimento de grande repercussão na cidade, pois os poucos médicos que clinicavam em Salto tinham vindo de outros municípios.
Depois de se formar, veio trabalhar em sua cidade natal, o que fez durante 30 anos, inicialmente no consultório interno da Brasital S.A., depois no Posto de Puericultura e no Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Monte Serrat, fundando ali o Laboratório de Análises. Em todo esse tempo manteve também seu consultório particular, onde atendia um grande número de saltenses, numa época em que, além dele, a cidade contava com apenas mais um ou dois médicos.
Após 30 anos de trabalho na cidade, em 1964 o dr. Ângelo transferiu-se para a vizinha Itu, onde veio a aposentar-se como médico-chefe do Posto de Puericultura.
Posto de Puericultura – Como médico-chefe do Posto de Puericultura de Salto, o dr. Ângelo se destacou pelo trabalho realizado. Em outubro de 1952 o jornal O Liberal fez uma reportagem com ele, pelo fato da mortalidade infantil ter diminuído consideravelmente na cidade, graças à sua atuação à frente daquela unidade de Saúde, que funcionava na esquina das ruas Prudente de Moraes e José Revel. Embora a população naquele ano não atingisse 20 mil habitantes, o posto atendia 2 mil e 100 crianças, com idade de 0 a 4 anos, que o frequentavam periodicamente. No Lactário do posto eram atendidas 100 crianças, que recebiam leite, sendo 3.390 mamadeiras, 3.690 mamadeiras de leite integral, 1.867 de leite acidificado e 672 de “leitelho”. À reportagem do jornal o dr. Ângelo informava que, por mês, era aplicada uma média de 130 injeções intramusculares, feitos 120 curativos, administrados cerca de 60 vermífugos, além de 25 outros serviços. No mês anterior da publicação, em setembro, tinham sido consultados 430 pacientes de várias idades. Ele também mantinha o serviço pré-natal, distribuindo gratuitamente medicamentos às futuras mamães. O Posto também possuía uma “farmacinha”, mantida pelo Departamento Estadual da Criança, com boa quantidade de vacinas, soros, vitaminas, etc., distribuídas gratuitamente às crianças matriculadas.
Ele incentivava as mães a levar seus filhos ao posto, inclusive fazendo promoções, como o “Concurso de Robustez Infantil”, que atraiu um grande número de mães.
Mortalidade infantil – A respeito da mortalidade infantil, o dr. Ângelo informou que depois da criação do Posto de Puericultura, em 1950, ela diminuiu consideravelmente. Em 1949 tinham morrido em Salto 54 crianças, com idade de 0 a 4 anos; em 1950 houve 48 mortes e em 1951 apenas 18. O médico dizia ao jornal que a redução da mortalidade infantil em Salto proporcionava a ele a maior satisfação.
Família – O dr. Ângelo era filho de Braz (Biaggio) Ferraro e de Felícia Pepe Ferraro. Ele casou-se com Maria de Lourdes Vargas Bicudo, com quem teve 5 filhos: Lia Maria, Renato, Eduardo, Fernando e Roberto.
Faleceu em 14 de março de 1987.