CRONICANDO
QUE MUNDO MARAVILHOSO
Numa noite de domingo, como faço sempre, assistia ao “Fantástico” da Rede Globo e ouvi pela primeira vez a música “What a wonderful world” (“Que mundo maravilhoso”), interpretada por Louis Armstrong. Me desliguei do mundo e por alguns minutos fui tomado por uma sensação de paz, alegria, que nunca tinha sendito antes, lendo as legendas com a tradução da letra:
“Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também
Eu as vejo florescer para mim e para você
E penso comigo: que mundo maravilhoso
Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas
O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite
E eu penso comigo: que mundo maravilhoso
As cores do arco-íris, tão bonitas no céu
Estão também nos rostos das pessoas que passam
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: Como vai você?
Eles realmente estão dizendo: Eu te amo!
Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer
Eles vão aprender muito mais que eu jamais vou saber
E eu penso comigo: que mundo maravilhoso
Sim, eu penso comigo, que mundo maravilhoso”
Depois do “Oh, yes” final do Sachtmo, ainda fiquei alguns segundos saboreando aquela interpretação rouca, inconfundível, despertando daqueles minutos incomparáveis, que infelizmente não têm aplicação nos momentos que hoje vivemos. As árvores verdes estão perdendo a cor com os cortes e as queimadas; as rosas estão reclusas nas casas e apartamentos; as cores do arco-iris estão pálidas; os amigos não estão se apertando as mãos e só perguntam “Como vai você?” pelo WhatsApp; os bebês continuam crescendo, mas não se sabe se esse crescimento será duradouro e o que o futuro lhes reserva.
Esse não é mais o mundo maravilhoso que você cantou, Sachtmo...