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QUEM FOI QUEM

Entalhador Antonio R. Ribeiro (Zégas) tinha amor pela arte e pelos cavalos


Conhecido popularmente por Zégas, Antonio Roberto Vieira teve curta existência: com apenas 26 anos de idade, foi morto em Itu, durante um assalto, que se iniciou na Praça Padre Miguel, no centro da vizinha cidade.

Nascido em Salto aos 28 de agosto de 1960, era filho do projetista construtor, Erasto Ribeiro,e de Terezinha Nicácio. Destacou-se como entalhador, tendo realizado inúmeros trabalhos, a grande maioria deles reproduzindo na madeira cavalos, além de outros animais, fazendo ainda entalhes em móveis coloniais. Ele se iniciou nessa atividade quando tinha ainda 19 anos de idade e seu amor pela arte foi despertada quando se encontrava na cidade de Ubatuba, litoral de São Paulo.

Ele também realizava outros tipos de trabalho, como esse para a Ótica São Benedito (“Bolinha”) - 1985

Zégas ao lado de um dos seus muitos trabalhos, numa exposição realizada na Galeria Municipal de Exposições, em novembro de 1986













Havia perdido todos os seus documentos e estava a ponto de desistir de encontrá-los quando conheceu Pio, um entalhador que trabalhava na praia. Teve uma ideia: prometeu a Santo Antonio, seu protetor, se ele o ajudasse a encontrar os documentos. Passou a executar o trabalho e em dois dias conseguiu terminá-lo: era o rosto de uma bela jovem e, coincidência ou não, no mesmo dia conseguiu encontrar seus documentos.

Desse dia em diante passou a aprender e aperfeiçoar a arte em que se iniciara, mas revelou uma preferência pelos cavalos, pois sempre gostou de animais. Sua produção foi aumentando e ele passou a vendê-los aos muitos que se interessavam, além de participar de diversas exposições na cidade, na região e até em outros centros mais desenvolvidos. Na capital paulista, por exemplo, participou de vários dentre eles no Parque da Água Branca, no Palace e em outros locais, juntamente com outros artistas. Conseguiu também vender seus quadros para pessoas dos Estados Unidos (um deles por 500 dólares) e do Japão.

Seu trabalho foi destacado em duas revistas dedicadas aos criadores e apreciadores de cavalos, a “Hipus”, que apresentou várias fotos suas em 3 páginas, e numa outra denominada “Arabian Word Horse”. Em Salto participou de exposições no Banco Itaú, na Galeria Municipal de Exposições, no Restaurante Scallet e em outros locais.


O assalto – O assalto de que foi uma das 3 vítimas aconteceu no dia 13 de dezembro de 1986. Juntamente com dois amigos ele batia papo por volta de 2h50, na Praça Padre Miguel, em Itu, ambos residentes em Porto Feliz, quando se dirigiram a um Opala preto para ir embora. Nesse momento surgiram 4 elementos, todos brancos, aparentando de 25 a 30 anos, armados com revólver, que pediram que os três saíssem do veículo. Obedeceram, mas um dos portofelicenses tentou reagir e os assaltantes começaram a atirar, tendo um dos tiros atingido Zégas, enquanto um outro rapaz ficou estendido no chão, também baleado. Colocaram Zégas dentro do carro e seguiram em direção à estrada de Sorocaba, perseguidos por policiais e populares. Posteriormente, o veículo foi localizado em Sorocaba, quando houve um tiroteio entre os assaltantes e policiais, mas os bandidos conseguiram fugir, entrando num matagal. O carro estava sujo de sangue em seu interior, mas não havia ninguém dentro. Por volta das 4 horas da madrugada um caminhoneiro avisou a Polícia que um corpo se encontrava perto de Pirapitingui, com dois tiros na cabeça, ambos disparados a queima-roupa. Foi constatado também na autópsia que Zégas foi violentamente espancado.

Salto perdia assim um grande artista, um jovem humilde, que em certa época trabalhava no escritório do seu pai. Poucos dias antes de morrer, eles montaram uma loja em Itu, para a venda de móveis coloniais e trabalhos entalhados, da autoria de Zégas. O caso foi investigado pela Polícia de Itu, mas não foi descoberta os autores do crime.

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